APERITIVO PARA O VOLUME 2
E visões para um novo jornalismo de surf
As revistas
de surf já foram a grande fonte de inspiração, referência, educação e
informação para iniciantes e iniciados no esporte, no estilo de vida. Retratava
viagens de surf livre em busca de ondas perfeitas; a mais alta performance,
entre dois sinais de início e término de baterias; e o perfil dos grandes
surfistas de uma forma que nunca havia sido feita antes. Passagens marcantes
foram decantadas e documentadas por célebres escritores e talentosos, corajosos
e dedicados fotógrafos. Tudo estampado em páginas, para nos determos,
extasiados, pelo tempo que quiséssemos. E agora, depois das revistas... o que
temos de notável como imprensa do surf?
REPRODUÇÃO DAS PÁGINAS 28 E 29 DO PRIMEIRO VOLUME DA COLEÇÃO DE 5 LIVROS QUE CONCEBI. UMA PÁGINA DUPLA QUE LEVA A ALCUNHA “MAR ÉPICO”. SEQUÊNCIA DE KELLY SLATER EM FOTOS DE FÁBIO MINDUIM E TONY FLEURY NA BARRA DA TIJUCA 1997
Meu objetivo
com esta, poderemos dizer “seção”, nos livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF
BRASILEIRO, é trazer momentos, agora sim de sessões espetaculares de surf que ocorreram
nas regiões brasileiras que serão destacadas ao longo dos livros – fascículos –
volumes de 132 páginas cada.
AINDA NO VOL.1, O CAPÍTULO DE
SAQUAREMA TRAZIA OUTRO MOMENTO ÉPICO CAPTURADO, POR SIMPLES COINCIDÊNCIA, EM
COMPETIÇÃO. A PERFORMANCE DE FILIPE TOLEDO NA BARRINHA
NA FOTO MAIOR, MARCOS MONTEIRO DROPANDO NA VILA
FOTO DE LUCIANO SANTOS PAULA
Ampliem
estas imagens e fazendo o download será possível ler. Aqui abaixo agora, um aperitivo da seção,
uma futura página dupla “mar épico” sobre o Guarujá, com um texto que ainda
poderá ser editado e sairá publicado (BREVE) no segundo volume da coleção. Em
negrito. Em itálico. Em primeira mão:
MAR ÉPICO
Pitangueiras
OS
MELHORES QUE JÁ VI
Uma
das melhores coisas que uma vida dedicada à busca por ondas neste lifestyle do
surf que escolhemos é encontrar um dia de condições perfeitas em picos
clássicos. Isso de certa forma fica até fácil quando escolhemos a época certa
em uma destas famosas ondas que ficam no ideário de qualquer surfista. Porém,
estes picos são relativamente poucos e estão cada vez mais crowdeados.
Outra
situação, em 95% das praias e bancadas do mundo, é aguardar que as condições
fiquem clássicas em seu “home break”, a praia em que somos locais. Minha vida
no surf começou na praia de Pitangueiras. Desde de 1969 comecei a observar o
mar do nono andar de um prédio de frente para a mágica Ilha Pombeva, todas as
manhãs em que eu estava lá, meu objetivo era escolher em qual das bancadas cair,
no leque de opções característico de Pitangueiras. Detalharei os dois dias mais
perfeitos que já surfei em minha praia local.
PERFEIÇÃO
DE SONHO
Foi
nos dias 9 e 10 de fevereiro de 1971, guardei estas datas na memória. Eu tinha
14 anos, estava com minha segunda prancha, uma São Conrado 7 pés, monoquilha. A
prancha que tinha o desenho do “dragão”. Foram os dias em que aprendi a
entubar. Cordinhas ainda não haviam sido inventadas. No meio do verão a
ondulação estava lá, chegou com um metro e meio. Já de manhã as ondas estavam
boas, o mar liso característico de 90% dos dias logo cedo no Guarú, mas era um
dia bom normal. Como é característico, também no verão, na medida em que o dia
passa, esquenta, o vento maral vai entrando e mexendo, picando as ondas. No
meio da tarde começou a se armar uma indomável chuva de verão. O tempo virou, a
tempestade veio com rajadas de vento que açoitaram as ondas de todas as
direções imagináveis. Raios. A praia ficou vazia.
E veio
a bonança, nuvens negras e ameaçadoras deram lugar a uma camada fina e alta de
estratos. O vento, hora selvagem, se transformou em uma leve brisa de terral, a
ondulação que entrava de sudeste, começou a pender mais para leste, encaixe
perfeito para Pitangueiras. Na região do Monduba, até o Canal, começaram a
surgir triângulos perfeitos, molduras em forma de “A”, que desfilavam antes de
arrebentarem de forma cilíndrica, com tubos para os dois lados. A maré estava
baixando e a bancada de areia de toda região perfeitamente moldada. Um véu
translúcido se atirava para atrás de cristas delicadas porém tubulares. Dizer
que não havia gotas de água fora do script seria menosprezar a perfeição do
mar. Só restava pegar a prancha e correr para dentro d’água.
E “toda” pequena turma de amigos que estava lá naquele verão... foi. Hipnotizada por uma perfeição inusitada. Os picos espoucavam por toda praia. Lindos, majestosos, com bom tamanho. Ao furarmos as ondas as gotas que voavam para trás caiam fortes em nossas costas. Havia mais ondas marchando para caçarmos lá fora. Lembro de estar sentado em minha prancha, em frente ao prédio do Sidão, e ver uma onda arremessar o lip, ao bater na base colou uma visão do prédio Sobre-as-Ondas, inteiro, emoldurado pelo tubo que acabava de se formar. Lembro também de correr pela primeira vez dentro de uma onda, vendo a crista bem afrente de minha cabeça. Minha memória pode estar imprecisa, mas em um dos tubos que peguei naquele dia calculei 5 segundos (ou será que o tempo se expandiu?). De dentro via surfistas apontando para mim. Pura magia. Inesquecível!!!
FOTO QUE FIZ EM 2018 DO TERRAÇO DO
APARTAMENTO DE MEUS PAIS. LONGE DE ESTAR SIMILAR AO DIA MÁGICO QUE DESCREVI,
MAS DÁ PARA TER UMA IDEIA DA FORMAÇÃO DE PITANGUEIRAS NA REGIÃO DO MONDUBA
O
MELHOR GRANDE DIA
Vamos
para o outro lado da Ilha.
Esse
foi um presente para o meu aniversário de 15 anos (24 de julho de 1971), eu já
havia presenciado um mar bem maior, na Páscoa de 1970, foi a primeira vez que
vi ondas estourando por detrás da Ilha Pombeva, por todo lado. Estava
“insurfável”, só quando o mar baixou surfistas conseguiram cair. Neste dia que
descreverei agora, não. Na véspera, dia 23. O mar subiu com vento sudeste
forte, o que entra de cara em Pitangueiras. O mar não parava de crescer no
final da tarde, mas muito mexido. De noite fui ao terraço, espumas dos dois
lados da ilha, mas a silhueta das ondas mostrava boa formação. O vento parou de
madrugada. Total – zero. Noite típica de inverno no Sudeste brasileiro.
Ao
amanhecer o mar estava liso como um espelho, parecia gelatina, dia totalmente
limpo, sem uma única nuvem. Não acreditei no que vi: entre a Ilha e o morro do
Maluf entravam séries consistentes. Lá de cima do apartamento dava para
perceber que as maiores tinham mais de 2 metros – fácil. Dentro do mar, com meu
julgamento de um garoto de 14 anos (faria 15 às 23:30 horas), poderia jurar que
vi ondas de 3 metros. Tomei na cabeça, dropei. Foi o maior mar de minha vida
até então. Eu estava com aquela minha prancha que tinha o desenho do “dragão”,
uma 7 pés, round pin tail.
A maré
foi secando até as 9 da manhã, variação significativa, a lua nova havia
ocorrido no dia 22. Foi um daqueles dias em que você quase conseguia subir na
ilha sem molhar os pés no auge da maré vazia. Vamos à descrição das ondas: como
a ondulação tinha um ingrediente predominante de sul, colado na ilha as ondas
não estavam grandes. Entrávamos andando perto das pedras, ali as ondas fechavam
com menos de meio metro, estava fácil varar. Tanto que surfávamos uma onda e
voltávamos andando para entrar pelo canto da ilha de novo. Uma vez no outside
víamos as verdadeiras séries mostrando a cara no bico da ilha, lá fora e
marchando para o meio da praia. Íamos remando em direção ao norte. Lá o bicho
pegava. Elas vinham em triângulos, totalmente perfeitos, as esquerdas fechavam
logo. As direitas, uma pintura, lisas, não ventou nada nesse dia. Fortes,
grandes, o fundo estava bom e a formação realmente especial. Eram cumes que
cresciam se movendo numa diagonal perfeita do sul para o norte, até encontrar a
bancada de areia. As maiores e melhores armavam em frente à avenida da igreja,
a principal na chegada ao Guarujá.
ESTA FOTO ENCONTREI NO FACEBOOK DE
CAIO IBELLI JÁ TEM ALGUNS ANOS. NÃO SEI QUEM É O AUTOR, MAS SÃO AS DIREITAS DA
ILHA POMBEVA EM UM DIA DE RESPEITO
O
Brasil não é o melhor lugar do mundo para o surf, mas pode oferecer situações
de pura magia e perfeição. Vivi isso aqui.”
FIM DO
TEXTO PREPARADO PARA O VOL. 2 DE “A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO”
Ainda não
sei quais serão as fotografias para ilustrar estes mares épicos que vi
acontecer na praia de Pitangueiras, uma vez que não houve nenhum registro em
1971. Tenho em mente uma foto de Sebastian Rojas com Peterson Rosa entocado num
tubo nas direitas da Ilha, publicada numa Fluir no final dos anos 1990,
mas nem sei se será localizada. Porém, há um farto material desta praia em
belos dias de surf. Isso não será um problema.
O que sei, e
é fácil perceber, de certa forma até um pouco nostálgico, embora isso não seja
meu estilo, pois sempre adoro todo e qualquer avanço tecnológico, ou de abordagem
– é que, as revistas de surf têm um lugar similar ao dos discos de vinil, ou
dos CDs na música; VHS, ou DVDs nos filmes. A informação de surf, a forma como
ela é apresentada, mudou de “cara”, de veículo de transporte, de forma de
apresentação.
Hoje, apesar
de estar beirando os 70 anos, fico matutando como poderá ser formatado o que
estou apelidando de “o novo jornalismo de surf”, com a velocidade da internet,
a criatividade de infinitos alimentadores de conteúdo pelo Instagram,
smartphones com câmeras potentes (áudio e vídeo da hora), TOMA-VÊ-OUVE, canais
de divulgação amplamente acessíveis como o YouTube... Ainda sinto falta do
peso, da fidedignidade, que algumas das melhores revistas em seu tempo áureo
nos brindavam, mensalmente.
As
transmissões (webcasts) dos eventos de surf, nos deixam conhecer e saber quem
de fato está arrebentando nas ondas. Melhor ainda se apresentado por
comentaristas competentes. Mas o que realmente traz entretenimento são boas
histórias, análises profundas de performance. Entre tantas opções o BOIA,
podcast apresentado por João Valente – português que mergulhou no surf ao morar
no Brasil, mais tarde se transformou em editor da revista Surf Portugal;
Bruno Bocayuva, um dos grandes conhecedores da história do surf, editor de surf
do Canal Woohoo, nos tempos áureos em que o surf era o carro chefe do
veículo; para finalizar (ou iniciar), Júlio Adler, campeão carioca de surf em
1990, o mestre de cerimônias, condutor do programa, se assim podemos chamar um
podcast só de áudio, que beira duas horas em cada episódio lançado todas as
terças-feiras.
O BOIA PODCAST SOBREVIVE COM O
PATROCÍNIO DA MARCA DE SURFWEAR PAULISTANA SOUTH TO SOUTH
De tudo que
tem sido feito por aí, que poderemos chamar de a versão 2.0 do jornalismo de
surf, desfigurado, com as revistas definhando a partir das primeiras décadas
dos Anos 2000, o Boia Podcast é uma das iniciativas que mais tem me
agradado. Traz análises de especialistas de todas as etapas da WSL e ainda
muitas dicas de cultura e boa música. Daqui só me resta seguir com, as já tradicionais
neste blog...
AS BAFORADAS DO DRAGÃO
UM DISCO
UM LIVRO
UM FILME
UM DISCO – WHITE ALBUM – The Beatles
Esse, com
certeza, não será o único disco dos Beatles destacado aqui neste blog. O que é
incrível aquilatar na breve história da primeira superbanda do planeta, que se
expandiu do início dos anos 1960 até 1970 foi a mutação que ela adquiriu
durante a década, até o triste fim. Os quatro continuaram produzindo discos
solo de qualidade, mas a magia deles juntos é um fenômeno que vem sendo
estudado desde sempre.
Alguns dos discos de minha coleção, adquiridos assim que saiam. Gastos, nos sulcos do vinil, em agulhas dos mais diversos equipamentos, desde vitrolas mambembe, à toca discos alemães da Dual, com cápsulas inglesas da Shure, ao longo dos anos, conforme meu gosto musical foi se apurando. Ouvidos à exaustão, seguidas vezes, da mesma forma que eu folhava as primeiras revistas importadas de surf. Sem parar. Talvez Abbey Road seja o disco mais bem elaborado dos Beatles, com arranjos primorosos e uma sequência de músicas magistralmente encadeada. Mas aqui o tema é o álbum branco, todos LPs deles trazem faixas muito especiais.
TRACK LISTING – AS MÚSICAS DO WHITE
ALBUM
E COMO ELES ESTAVAM COM SEUS CABELOS
EM 1968
O décimo
terceiro disco deles, fora diversos compactos simples e duplos, o único com 2
LPs, vem com seus quatro lados acima dos 20 minutos, um total de 1 hora e 33
minutos de músicas novas. Muitos de seus discos foram lançados no Brasil com
listagens de músicas diferentes, algumas só saíram em compactos, muito comuns e
populares nos anos 60. Futuramente apelidados de EPs. O fato é que o lançamento
de cada novo álbum dos Beatles, ou dos Rolling Stones, era um acontecimento em
si. Cada uma das faixas ia penetrando em nossos poros a cada nova audição. Até
hoje, basta eu ler o nome de uma dessas músicas e a melodia dela, os vocais,
vêm à mente.
Destas tantas músicas espetaculares vou destacar minha preferida de cada um dos 4 lados. No lado A não há como ignorar While My Guitar Gently Weeps, com o convidado especial para a faixa, Eric Clapton arrepiando nos solos finais de uma das faixas mais executadas nas rádios dos Beatles, os vocais são de George Harrisson. Do lado B, Rocky Racoon, cantada por Paul McCartney, conta a balada de um garoto do interior que morre (literalmente) por sua amada de infância, que vai parar nos braços de um rival mais rápido no gatilho. O lado C é maravilhoso, como todos os outros e Helter Skelter é uma mostra do flerte dos Beatles com um som mais “heavy”, para mim a letra era puro surf, base e lip, feito com vigor, como atestam os primeiros versos. No lado D há duas revoluções a de número 1 e 9 (uma faixa experimental – longa), minha preferida é Revolution 1, cantada por John Lennon que já apresentava seu viés de protesto, aguçado mais tarde por Imagine, que viria em um de seus primeiros álbuns solo.
A LETRA DE HELTER SKELTER, ELAS
VINHAM ENCARTADAS NOS PRÓPRIOS ÁLBUNS. ESSA PRIMEIRA ESTROFE É SURF TOTAL
Cada novo
disco que The Beatles lançavam era uma aventura auditiva, uma jornada de paixão
à primeira audição. O fato dos quatro membros serem exímios vocalistas, com
características bem distintas, dava um colorido especial a cada álbum. Lennon e
McCartney sempre predominavam como autores e como os principais vocalistas.
John mais visceral, Paul Harmônico ao extremo. Os coros, com a voz de George
combinada, formavam uma fusão perfeita. Ringo sempre teve um timbre distinto,
mas alguns dos grandes hits dos Beatles traziam ele nos lead vocals.
O rádio era
o meio de primeiro contato com as novas criações, sucessos instantâneos, que são
tocados até os dias atuais em estações pelo mundo afora. Os anos se passaram e
os quatro cabeludos de Liverpool, quatro gênios com carisma e talento únicos,
sobrevivem ao teste do tempo. Dois deles já nos deixaram, John de maneira
abrupta e prematura, George após batalhar com o câncer, Ringo tem gerado DVDs
com encontros de notáveis da música maravilhosos, Paul, por sua vez, é dono de uma
discografia abundante, em quantidade e qualidade, um verdadeiro mestre, ativo
aos 80.
Até hoje
faixas dos Fab Four dominam players dos amantes da música das mais diversas
idades. Pesquise que vale. Para os mais jovens: ouçam, o que ainda não ouviram.
UM LIVRO
– SURFING – Jim Heimann
A história
do surf vem sendo contada de diversas formas, em deliciosas narrativas vocais,
em documentários bem ilustrados e com preciosos depoimentos. Porém, ao meu ver,
a melhor forma de apreciarmos detalhadamente é ao pegar em nossas mãos material
impresso, fotografias com legendas e textos que entreguem informação
pertinente. Podemos parar para refletir, analisar. As mais de 500 páginas deste
livro que, chamá-lo de grande formato seria um desprezo. Ele é de E N O R M E
formato, aberto tem 64 cm de largura e 40 de altura.
UMA DAS PÁGINAS DUPLAS DA OBRA
JAY MORIARITY EM MAVERICKS
Ao longo das
páginas os textos não chegam a ser enxutos, mas o que enche os olhos são as
imagens, muito bem selecionadas e muitas delas icônicas, diversas capas de
revistas são reproduzidas, as bermudas que usávamos a cada década, os surfistas
mais representativos, visões do estilo de vida registradas pelos melhores
fotógrafos, ilustrações, cartazes, ação e emoção. Não há como não catalogar Surfing
como um livro de peso.
O EXEMPLAR QUE ADQUIRI NA LIVRARIA
CULTURA AQUI EM SAMPA VEIO EM UMA SACOLA ESPECIAL COM ALÇA, CONSEGUI PARCELAR
EM 10 X
Os capítulos
são divididos por eras da evolução do surf, com títulos e subtítulos:
1778-1945 O
SURGIMENTO DE UM ESPORTE
1946-1961
ACELERANDO
1962-1969 A
ÚNICA VIDA É O SURF
1970-1986
PARAÍSO DE CAMPEONATOS
1987-2015 O
SURF DECOLA
Ainda, no
meio do livro, baseado na coleção de pranchas do Centro da Herança e Cultura do
Surf na Califórnia, há um imenso folder que se abre em seis grandes páginas,
exibindo 36 dos artefatos originais que nossos pares usaram desde os primórdios
até os dias mais atuais, incluído pranchas de campeões mundiais.
O livro foi publicado pela Taschen em 2015, vem com uma introdução de duas páginas do autor Jim Heimann e os cinco capítulos acima ficam na mão de convidados do naipe de Drew Kampion, Sam George, Matt Warshaw... editores da Surfer como Steve Barilotti. O que realmente dá peso ao livro é a quantidade, a relevância na escolha e a disposição do material ilustrativo. Cada uma das imagens selecionadas, mais de mil fotografias, merece que tomemos algum tempo para apreciar, entender o contexto e sentir o impacto que nos provocam.
DUPLA DE ABERTURA DE UM DOS CAPÍTULOS
Jim Heimann
é autor de diversos livros. Sua grande notoriedade é como designer gráfico, fez
livros sobre carros de diversas décadas, moda, iconografia. Vivendo na
Califórnia, sempre foi uma fonte de consulta para produtores de Hollywood.
Alguns de seus belos livros: Classic Cars, Fashion, livros
selecionando anúncios, carros e tendências de moda, divididos por décadas. Fez
livros, sempre muito bem ilustrados, sobre iconografia havaiana e finalmente Surfing.
DUPLA DO SEGUNDO CAPÍTULO
Não é um
livro barato, mas para quem tiver a oportunidade de segurar, com fé e força, um
destes exemplares em sua mão, ou melhor, encontre uma mesa ampla e firme para
manusear esta ‘master-piece’, isso mesmo, uma obra-prima da literatura do surf.
Qualquer pessoa, surfista ou não, vai ficar encantada ao surfar esta empreitada
de envergadura única na literatura do surf.
UM FILME
– RIDING GIANTS – Stacy Peralta
Stacy
mostrou sua habilidade cinematográfica desde muito jovem com filmes de skate, desde
1984 a Powell\Peralta produziu uma série de documentários iniciando com The
Bones Brigade Video Show. O ápice foi a concepção do documentário Dog
Town And Z-Boys, já nos anos 2000, que acabou virando um bom filme de
Hollywood. Com Riding Giants de 2004 ele se aventurou a documentar sua
primeira paixão, o surf. Escolheu as ondas grandes como fio condutor.
Recentemente fez The Yin and Yang of Gerry Lopez um retrato do surfista
mais famoso da história, depois de Duke e antes de surgir Kelly Slater.
CONTRACAPA DA PRODUÇÃO EM BLU-RAY
Para contar
essa história ele ancorou o filme de quase duas horas, em três personagens
marcantes. Ancorou não, diria que pela característica destes três “psicopatas” do
surf, soltou a barca, digo as pranchas num verdadeiro mar raivoso de aventuras
e atitudes pioneiras. O documentário tem um ritmo a altura da adrenalina que
vai transbordando da tela. A versão original do DVD, produzida nos EUA traz um
timeline com os grandes acontecimentos que foram moldando o surf em ondas
grandes.
O filme, com
roteiro de Stacy Peralta e Sam George vem desde as raízes do surf e desemboca
nas histórias de vida destes três protagonistas: Greg Noll, que ao chegar no Hawaii
se encantou pelas ondas grandes e foi abrindo novas portas, patamares de
performance, com um grupo de amigos; por outro lado Jeff Clark, sozinho morando
no centro norte da Califórnia, ao não encontrar parceiros decidiu enfrentar
Mavericks solo; por fim a apoteose final desta história apresenta Laird
Hamilton descortinando novas formas de ataque a ondas que estavam em um “realm”
(reino, esfera, domínio) ainda não desafiado. O filme foi fechado antes da
apresentação de Nazaré por Garrett McNamara, o que poderia gerar um novo
seguimento.
TRAILER – RIDING GIANTS
CAPA DA VERSÃO ITALIANA DO FILME
Para
finalizar é importante destacar que essa “nossa” história do surf sempre ganha
força ao se valer de personagens maiores que a própria história em si. Noll,
Clark e Hamilton são monstruosos em se tratando de suas jornadas de
literalmente quebrar chão novo no aspecto de desafiar as maiores ondas do planeta.
São legados com esse que ficarão para que as futuras gerações tenham
conhecimento da jornada que percorremos até aqui.
Com esta
última postagem de 2024 encerro mais este belo ano para a história do surf
brasileiro convidando os apreciadores deste Blog do Dragão - HISTÓRIAS DO
SURF a navegarem pelos episódios que tenho lançado nos últimos 10 anos,
parte de meu trabalho de pesquisa para a concretização da coleção de livros que
visualizei. Até agora lancei apenas o primeiro volume, mas meu objetivo é
concretizar os próximos. Em 2025 finalmente será lançado o segundo livro, já com
este aperitivo do texto no capítulo que falará de meu berço especifico na
prática do surf – o Guarujá.
Naveguem
pelo site, pelo blog, desfrutem do primeiro livro, aguardem novidades. Agradeço
meus patrocinadores desde o início dessa jornada:
https://reidragao.wixsite.com/hsurfbr/clients