domingo, 15 de dezembro de 2024

 

APERITIVO PARA O VOLUME 2

E visões para um novo jornalismo de surf

As revistas de surf já foram a grande fonte de inspiração, referência, educação e informação para iniciantes e iniciados no esporte, no estilo de vida. Retratava viagens de surf livre em busca de ondas perfeitas; a mais alta performance, entre dois sinais de início e término de baterias; e o perfil dos grandes surfistas de uma forma que nunca havia sido feita antes. Passagens marcantes foram decantadas e documentadas por célebres escritores e talentosos, corajosos e dedicados fotógrafos. Tudo estampado em páginas, para nos determos, extasiados, pelo tempo que quiséssemos. E agora, depois das revistas... o que temos de notável como imprensa do surf?


 REPRODUÇÃO DAS PÁGINAS 28 E 29 DO PRIMEIRO VOLUME DA COLEÇÃO DE 5 LIVROS QUE CONCEBI. UMA PÁGINA DUPLA QUE LEVA A ALCUNHA “MAR ÉPICO”. SEQUÊNCIA DE KELLY SLATER EM FOTOS DE FÁBIO MINDUIM E TONY FLEURY NA BARRA DA TIJUCA 1997

Meu objetivo com esta, poderemos dizer “seção”, nos livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, é trazer momentos, agora sim de sessões espetaculares de surf que ocorreram nas regiões brasileiras que serão destacadas ao longo dos livros – fascículos – volumes de 132 páginas cada.

AINDA NO VOL.1, O CAPÍTULO DE SAQUAREMA TRAZIA OUTRO MOMENTO ÉPICO CAPTURADO, POR SIMPLES COINCIDÊNCIA, EM COMPETIÇÃO. A PERFORMANCE DE FILIPE TOLEDO NA BARRINHA

NA FOTO MAIOR, MARCOS MONTEIRO DROPANDO NA VILA 

FOTO DE LUCIANO SANTOS PAULA

Ampliem estas imagens e fazendo o download será possível ler. Aqui abaixo agora, um aperitivo da seção, uma futura página dupla “mar épico” sobre o Guarujá, com um texto que ainda poderá ser editado e sairá publicado (BREVE) no segundo volume da coleção. Em negrito. Em itálico. Em primeira mão:

MAR  ÉPICO

Pitangueiras

OS MELHORES QUE JÁ VI

Uma das melhores coisas que uma vida dedicada à busca por ondas neste lifestyle do surf que escolhemos é encontrar um dia de condições perfeitas em picos clássicos. Isso de certa forma fica até fácil quando escolhemos a época certa em uma destas famosas ondas que ficam no ideário de qualquer surfista. Porém, estes picos são relativamente poucos e estão cada vez mais crowdeados.

Outra situação, em 95% das praias e bancadas do mundo, é aguardar que as condições fiquem clássicas em seu “home break”, a praia em que somos locais. Minha vida no surf começou na praia de Pitangueiras. Desde de 1969 comecei a observar o mar do nono andar de um prédio de frente para a mágica Ilha Pombeva, todas as manhãs em que eu estava lá, meu objetivo era escolher em qual das bancadas cair, no leque de opções característico de Pitangueiras. Detalharei os dois dias mais perfeitos que já surfei em minha praia local.

PERFEIÇÃO DE SONHO

Foi nos dias 9 e 10 de fevereiro de 1971, guardei estas datas na memória. Eu tinha 14 anos, estava com minha segunda prancha, uma São Conrado 7 pés, monoquilha. A prancha que tinha o desenho do “dragão”. Foram os dias em que aprendi a entubar. Cordinhas ainda não haviam sido inventadas. No meio do verão a ondulação estava lá, chegou com um metro e meio. Já de manhã as ondas estavam boas, o mar liso característico de 90% dos dias logo cedo no Guarú, mas era um dia bom normal. Como é característico, também no verão, na medida em que o dia passa, esquenta, o vento maral vai entrando e mexendo, picando as ondas. No meio da tarde começou a se armar uma indomável chuva de verão. O tempo virou, a tempestade veio com rajadas de vento que açoitaram as ondas de todas as direções imagináveis. Raios. A praia ficou vazia.

E veio a bonança, nuvens negras e ameaçadoras deram lugar a uma camada fina e alta de estratos. O vento, hora selvagem, se transformou em uma leve brisa de terral, a ondulação que entrava de sudeste, começou a pender mais para leste, encaixe perfeito para Pitangueiras. Na região do Monduba, até o Canal, começaram a surgir triângulos perfeitos, molduras em forma de “A”, que desfilavam antes de arrebentarem de forma cilíndrica, com tubos para os dois lados. A maré estava baixando e a bancada de areia de toda região perfeitamente moldada. Um véu translúcido se atirava para atrás de cristas delicadas porém tubulares. Dizer que não havia gotas de água fora do script seria menosprezar a perfeição do mar. Só restava pegar a prancha e correr para dentro d’água.

E “toda” pequena turma de amigos que estava lá naquele verão... foi. Hipnotizada por uma perfeição inusitada. Os picos espoucavam por toda praia. Lindos, majestosos, com bom tamanho. Ao furarmos as ondas as gotas que voavam para trás caiam fortes em nossas costas. Havia mais ondas marchando para caçarmos lá fora. Lembro de estar sentado em minha prancha, em frente ao prédio do Sidão, e ver uma onda arremessar o lip, ao bater na base colou uma visão do prédio Sobre-as-Ondas, inteiro, emoldurado pelo tubo que acabava de se formar. Lembro também de correr pela primeira vez dentro de uma onda, vendo a crista bem afrente de minha cabeça. Minha memória pode estar imprecisa, mas em um dos tubos que peguei naquele dia calculei 5 segundos (ou será que o tempo se expandiu?). De dentro via surfistas apontando para mim. Pura magia. Inesquecível!!! 

FOTO QUE FIZ EM 2018 DO TERRAÇO DO APARTAMENTO DE MEUS PAIS. LONGE DE ESTAR SIMILAR AO DIA MÁGICO QUE DESCREVI, MAS DÁ PARA TER UMA IDEIA DA FORMAÇÃO DE PITANGUEIRAS NA REGIÃO DO MONDUBA

 

O MELHOR GRANDE DIA

Vamos para o outro lado da Ilha.

Esse foi um presente para o meu aniversário de 15 anos (24 de julho de 1971), eu já havia presenciado um mar bem maior, na Páscoa de 1970, foi a primeira vez que vi ondas estourando por detrás da Ilha Pombeva, por todo lado. Estava “insurfável”, só quando o mar baixou surfistas conseguiram cair. Neste dia que descreverei agora, não. Na véspera, dia 23. O mar subiu com vento sudeste forte, o que entra de cara em Pitangueiras. O mar não parava de crescer no final da tarde, mas muito mexido. De noite fui ao terraço, espumas dos dois lados da ilha, mas a silhueta das ondas mostrava boa formação. O vento parou de madrugada. Total – zero. Noite típica de inverno no Sudeste brasileiro.

Ao amanhecer o mar estava liso como um espelho, parecia gelatina, dia totalmente limpo, sem uma única nuvem. Não acreditei no que vi: entre a Ilha e o morro do Maluf entravam séries consistentes. Lá de cima do apartamento dava para perceber que as maiores tinham mais de 2 metros – fácil. Dentro do mar, com meu julgamento de um garoto de 14 anos (faria 15 às 23:30 horas), poderia jurar que vi ondas de 3 metros. Tomei na cabeça, dropei. Foi o maior mar de minha vida até então. Eu estava com aquela minha prancha que tinha o desenho do “dragão”, uma 7 pés, round pin tail.

A maré foi secando até as 9 da manhã, variação significativa, a lua nova havia ocorrido no dia 22. Foi um daqueles dias em que você quase conseguia subir na ilha sem molhar os pés no auge da maré vazia. Vamos à descrição das ondas: como a ondulação tinha um ingrediente predominante de sul, colado na ilha as ondas não estavam grandes. Entrávamos andando perto das pedras, ali as ondas fechavam com menos de meio metro, estava fácil varar. Tanto que surfávamos uma onda e voltávamos andando para entrar pelo canto da ilha de novo. Uma vez no outside víamos as verdadeiras séries mostrando a cara no bico da ilha, lá fora e marchando para o meio da praia. Íamos remando em direção ao norte. Lá o bicho pegava. Elas vinham em triângulos, totalmente perfeitos, as esquerdas fechavam logo. As direitas, uma pintura, lisas, não ventou nada nesse dia. Fortes, grandes, o fundo estava bom e a formação realmente especial. Eram cumes que cresciam se movendo numa diagonal perfeita do sul para o norte, até encontrar a bancada de areia. As maiores e melhores armavam em frente à avenida da igreja, a principal na chegada ao Guarujá.

ESTA FOTO ENCONTREI NO FACEBOOK DE CAIO IBELLI JÁ TEM ALGUNS ANOS. NÃO SEI QUEM É O AUTOR, MAS SÃO AS DIREITAS DA ILHA POMBEVA EM UM DIA DE RESPEITO

 

O Brasil não é o melhor lugar do mundo para o surf, mas pode oferecer situações de pura magia e perfeição. Vivi isso aqui.”

FIM DO TEXTO PREPARADO PARA O VOL. 2 DE “A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO”

 

Ainda não sei quais serão as fotografias para ilustrar estes mares épicos que vi acontecer na praia de Pitangueiras, uma vez que não houve nenhum registro em 1971. Tenho em mente uma foto de Sebastian Rojas com Peterson Rosa entocado num tubo nas direitas da Ilha, publicada numa Fluir no final dos anos 1990, mas nem sei se será localizada. Porém, há um farto material desta praia em belos dias de surf. Isso não será um problema.

O que sei, e é fácil perceber, de certa forma até um pouco nostálgico, embora isso não seja meu estilo, pois sempre adoro todo e qualquer avanço tecnológico, ou de abordagem – é que, as revistas de surf têm um lugar similar ao dos discos de vinil, ou dos CDs na música; VHS, ou DVDs nos filmes. A informação de surf, a forma como ela é apresentada, mudou de “cara”, de veículo de transporte, de forma de apresentação.

Hoje, apesar de estar beirando os 70 anos, fico matutando como poderá ser formatado o que estou apelidando de “o novo jornalismo de surf”, com a velocidade da internet, a criatividade de infinitos alimentadores de conteúdo pelo Instagram, smartphones com câmeras potentes (áudio e vídeo da hora), TOMA-VÊ-OUVE, canais de divulgação amplamente acessíveis como o YouTube... Ainda sinto falta do peso, da fidedignidade, que algumas das melhores revistas em seu tempo áureo nos brindavam, mensalmente.

As transmissões (webcasts) dos eventos de surf, nos deixam conhecer e saber quem de fato está arrebentando nas ondas. Melhor ainda se apresentado por comentaristas competentes. Mas o que realmente traz entretenimento são boas histórias, análises profundas de performance. Entre tantas opções o BOIA, podcast apresentado por João Valente – português que mergulhou no surf ao morar no Brasil, mais tarde se transformou em editor da revista Surf Portugal; Bruno Bocayuva, um dos grandes conhecedores da história do surf, editor de surf do Canal Woohoo, nos tempos áureos em que o surf era o carro chefe do veículo; para finalizar (ou iniciar), Júlio Adler, campeão carioca de surf em 1990, o mestre de cerimônias, condutor do programa, se assim podemos chamar um podcast só de áudio, que beira duas horas em cada episódio lançado todas as terças-feiras.

O BOIA PODCAST SOBREVIVE COM O PATROCÍNIO DA MARCA DE SURFWEAR PAULISTANA SOUTH TO SOUTH

De tudo que tem sido feito por aí, que poderemos chamar de a versão 2.0 do jornalismo de surf, desfigurado, com as revistas definhando a partir das primeiras décadas dos Anos 2000, o Boia Podcast é uma das iniciativas que mais tem me agradado. Traz análises de especialistas de todas as etapas da WSL e ainda muitas dicas de cultura e boa música. Daqui só me resta seguir com, as já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO




















UM LIVRO


 

UM FILME



UM DISCO – WHITE ALBUM – The Beatles

Esse, com certeza, não será o único disco dos Beatles destacado aqui neste blog. O que é incrível aquilatar na breve história da primeira superbanda do planeta, que se expandiu do início dos anos 1960 até 1970 foi a mutação que ela adquiriu durante a década, até o triste fim. Os quatro continuaram produzindo discos solo de qualidade, mas a magia deles juntos é um fenômeno que vem sendo estudado desde sempre.

 WHITE ALBUM DEBAIXO DE TODOS À DIREITA E TENHO OUTROS

Alguns dos discos de minha coleção, adquiridos assim que saiam. Gastos, nos sulcos do vinil, em agulhas dos mais diversos equipamentos, desde vitrolas mambembe, à toca discos alemães da Dual, com cápsulas inglesas da Shure, ao longo dos anos, conforme meu gosto musical foi se apurando. Ouvidos à exaustão, seguidas vezes, da mesma forma que eu folhava as primeiras revistas importadas de surf. Sem parar. Talvez Abbey Road seja o disco mais bem elaborado dos Beatles, com arranjos primorosos e uma sequência de músicas magistralmente encadeada. Mas aqui o tema é o álbum branco, todos LPs deles trazem faixas muito especiais. 

TRACK LISTING – AS MÚSICAS DO WHITE ALBUM

E COMO ELES ESTAVAM COM SEUS CABELOS EM 1968

O décimo terceiro disco deles, fora diversos compactos simples e duplos, o único com 2 LPs, vem com seus quatro lados acima dos 20 minutos, um total de 1 hora e 33 minutos de músicas novas. Muitos de seus discos foram lançados no Brasil com listagens de músicas diferentes, algumas só saíram em compactos, muito comuns e populares nos anos 60. Futuramente apelidados de EPs. O fato é que o lançamento de cada novo álbum dos Beatles, ou dos Rolling Stones, era um acontecimento em si. Cada uma das faixas ia penetrando em nossos poros a cada nova audição. Até hoje, basta eu ler o nome de uma dessas músicas e a melodia dela, os vocais, vêm à mente.

Destas tantas músicas espetaculares vou destacar minha preferida de cada um dos 4 lados. No lado A não há como ignorar While My Guitar Gently Weeps, com o convidado especial para a faixa, Eric Clapton arrepiando nos solos finais de uma das faixas mais executadas nas rádios dos Beatles, os vocais são de George Harrisson. Do lado B, Rocky Racoon, cantada por Paul McCartney, conta a balada de um garoto do interior que morre (literalmente) por sua amada de infância, que vai parar nos braços de um rival mais rápido no gatilho. O lado C é maravilhoso, como todos os outros e Helter Skelter é uma mostra do flerte dos Beatles com um som mais “heavy”, para mim a letra era puro surf, base e lip, feito com vigor, como atestam os primeiros versos. No lado D há duas revoluções a de número 1 e 9 (uma faixa experimental – longa), minha preferida é Revolution 1, cantada por John Lennon que já apresentava seu viés de protesto, aguçado mais tarde por Imagine, que viria em um de seus primeiros álbuns solo. 

A LETRA DE HELTER SKELTER, ELAS VINHAM ENCARTADAS NOS PRÓPRIOS ÁLBUNS. ESSA PRIMEIRA ESTROFE É SURF TOTAL

Cada novo disco que The Beatles lançavam era uma aventura auditiva, uma jornada de paixão à primeira audição. O fato dos quatro membros serem exímios vocalistas, com características bem distintas, dava um colorido especial a cada álbum. Lennon e McCartney sempre predominavam como autores e como os principais vocalistas. John mais visceral, Paul Harmônico ao extremo. Os coros, com a voz de George combinada, formavam uma fusão perfeita. Ringo sempre teve um timbre distinto, mas alguns dos grandes hits dos Beatles traziam ele nos lead vocals.

O rádio era o meio de primeiro contato com as novas criações, sucessos instantâneos, que são tocados até os dias atuais em estações pelo mundo afora. Os anos se passaram e os quatro cabeludos de Liverpool, quatro gênios com carisma e talento únicos, sobrevivem ao teste do tempo. Dois deles já nos deixaram, John de maneira abrupta e prematura, George após batalhar com o câncer, Ringo tem gerado DVDs com encontros de notáveis da música maravilhosos, Paul, por sua vez, é dono de uma discografia abundante, em quantidade e qualidade, um verdadeiro mestre, ativo aos 80.

Até hoje faixas dos Fab Four dominam players dos amantes da música das mais diversas idades. Pesquise que vale. Para os mais jovens: ouçam, o que ainda não ouviram.

 

UM LIVRO – SURFING – Jim Heimann

A história do surf vem sendo contada de diversas formas, em deliciosas narrativas vocais, em documentários bem ilustrados e com preciosos depoimentos. Porém, ao meu ver, a melhor forma de apreciarmos detalhadamente é ao pegar em nossas mãos material impresso, fotografias com legendas e textos que entreguem informação pertinente. Podemos parar para refletir, analisar. As mais de 500 páginas deste livro que, chamá-lo de grande formato seria um desprezo. Ele é de E N O R M E formato, aberto tem 64 cm de largura e 40 de altura.

UMA DAS PÁGINAS DUPLAS DA OBRA

JAY MORIARITY EM MAVERICKS

Ao longo das páginas os textos não chegam a ser enxutos, mas o que enche os olhos são as imagens, muito bem selecionadas e muitas delas icônicas, diversas capas de revistas são reproduzidas, as bermudas que usávamos a cada década, os surfistas mais representativos, visões do estilo de vida registradas pelos melhores fotógrafos, ilustrações, cartazes, ação e emoção. Não há como não catalogar Surfing como um livro de peso.

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Os capítulos são divididos por eras da evolução do surf, com títulos e subtítulos:

1778-1945 O SURGIMENTO DE UM ESPORTE

1946-1961 ACELERANDO

1962-1969 A ÚNICA VIDA É O SURF

1970-1986 PARAÍSO DE CAMPEONATOS

1987-2015 O SURF DECOLA

Ainda, no meio do livro, baseado na coleção de pranchas do Centro da Herança e Cultura do Surf na Califórnia, há um imenso folder que se abre em seis grandes páginas, exibindo 36 dos artefatos originais que nossos pares usaram desde os primórdios até os dias mais atuais, incluído pranchas de campeões mundiais.


 

O livro foi publicado pela Taschen em 2015, vem com uma introdução de duas páginas do autor Jim Heimann e os cinco capítulos acima ficam na mão de convidados do naipe de Drew Kampion, Sam George, Matt Warshaw... editores da Surfer como Steve Barilotti. O que realmente dá peso ao livro é a quantidade, a relevância na escolha e a disposição do material ilustrativo. Cada uma das imagens selecionadas, mais de mil fotografias, merece que tomemos algum tempo para apreciar, entender o contexto e sentir o impacto que nos provocam. 

DUPLA DE ABERTURA DE UM DOS CAPÍTULOS

Jim Heimann é autor de diversos livros. Sua grande notoriedade é como designer gráfico, fez livros sobre carros de diversas décadas, moda, iconografia. Vivendo na Califórnia, sempre foi uma fonte de consulta para produtores de Hollywood. Alguns de seus belos livros: Classic Cars, Fashion, livros selecionando anúncios, carros e tendências de moda, divididos por décadas. Fez livros, sempre muito bem ilustrados, sobre iconografia havaiana e finalmente Surfing.

 

DUPLA DO SEGUNDO CAPÍTULO

Não é um livro barato, mas para quem tiver a oportunidade de segurar, com fé e força, um destes exemplares em sua mão, ou melhor, encontre uma mesa ampla e firme para manusear esta ‘master-piece’, isso mesmo, uma obra-prima da literatura do surf. Qualquer pessoa, surfista ou não, vai ficar encantada ao surfar esta empreitada de envergadura única na literatura do surf.


 

 

UM FILME – RIDING GIANTS – Stacy Peralta

Stacy mostrou sua habilidade cinematográfica desde muito jovem com filmes de skate, desde 1984 a Powell\Peralta produziu uma série de documentários iniciando com The Bones Brigade Video Show. O ápice foi a concepção do documentário Dog Town And Z-Boys, já nos anos 2000, que acabou virando um bom filme de Hollywood. Com Riding Giants de 2004 ele se aventurou a documentar sua primeira paixão, o surf. Escolheu as ondas grandes como fio condutor. Recentemente fez The Yin and Yang of Gerry Lopez um retrato do surfista mais famoso da história, depois de Duke e antes de surgir Kelly Slater.

 

CONTRACAPA DA PRODUÇÃO EM BLU-RAY

Para contar essa história ele ancorou o filme de quase duas horas, em três personagens marcantes. Ancorou não, diria que pela característica destes três “psicopatas” do surf, soltou a barca, digo as pranchas num verdadeiro mar raivoso de aventuras e atitudes pioneiras. O documentário tem um ritmo a altura da adrenalina que vai transbordando da tela. A versão original do DVD, produzida nos EUA traz um timeline com os grandes acontecimentos que foram moldando o surf em ondas grandes.


O filme, com roteiro de Stacy Peralta e Sam George vem desde as raízes do surf e desemboca nas histórias de vida destes três protagonistas: Greg Noll, que ao chegar no Hawaii se encantou pelas ondas grandes e foi abrindo novas portas, patamares de performance, com um grupo de amigos; por outro lado Jeff Clark, sozinho morando no centro norte da Califórnia, ao não encontrar parceiros decidiu enfrentar Mavericks solo; por fim a apoteose final desta história apresenta Laird Hamilton descortinando novas formas de ataque a ondas que estavam em um “realm” (reino, esfera, domínio) ainda não desafiado. O filme foi fechado antes da apresentação de Nazaré por Garrett McNamara, o que poderia gerar um novo seguimento.

TRAILER – RIDING GIANTS


 O filme foi exibido e distribuído ao redor do mundo e teve grande sucesso vencendo diversos prêmios em renomados festivais internacionais. Este é um daqueles itens que vale a pena termos em nossa coleção. Riding Giants consolida Stacy Peralta como um dos grandes documentaristas de esportes radicais da era moderna, com o reforço de Sam George na redação da história contada, traz uma peça lastreada por profunda pesquisa. As imagens coletadas, o trabalho de animações visuais, o enredo contado de forma muito dinâmica, tudo junto fazem deste um dos melhores filmes de surf de toda história.

CAPA DA VERSÃO ITALIANA DO FILME

Para finalizar é importante destacar que essa “nossa” história do surf sempre ganha força ao se valer de personagens maiores que a própria história em si. Noll, Clark e Hamilton são monstruosos em se tratando de suas jornadas de literalmente quebrar chão novo no aspecto de desafiar as maiores ondas do planeta. São legados com esse que ficarão para que as futuras gerações tenham conhecimento da jornada que percorremos até aqui.

 

Com esta última postagem de 2024 encerro mais este belo ano para a história do surf brasileiro convidando os apreciadores deste Blog do Dragão - HISTÓRIAS DO SURF a navegarem pelos episódios que tenho lançado nos últimos 10 anos, parte de meu trabalho de pesquisa para a concretização da coleção de livros que visualizei. Até agora lancei apenas o primeiro volume, mas meu objetivo é concretizar os próximos. Em 2025 finalmente será lançado o segundo livro, já com este aperitivo do texto no capítulo que falará de meu berço especifico na prática do surf – o Guarujá.

 

Naveguem pelo site, pelo blog, desfrutem do primeiro livro, aguardem novidades. Agradeço meus patrocinadores desde o início dessa jornada:

https://reidragao.wixsite.com/hsurfbr/clients

 

 

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