Importantes
relatos para montar a história
Como
expliquei no site do livro www.hsurfbr.com.br estou baseando todo meu projeto de
pesquisa em duas fontes principais:
A) O
material publicado – jornais, revistas, pesquisas na web e livros;
B) Uma
grande coleção de entrevistas que venho realizando nestes últimos quatro anos,
desde 2012.
MARACA SENDO ENTREVISTADO EM
SAQUAREMA
EM PRIMEIRO PLANO JACQUES NERY, DE
CAMISETA AMARELA
AO FUNDO OTÁVIO PACHECO E CARLOS
PENHO
FOTO: DRAGÃO
Para este
projeto do livro A GRANDE HISTÓRIA DO
SURF BRASILEIRO já entrevistei ao redor de uma centena de surfistas e minha
grande “arte” será apresentar (no livro) esta colcha de retalhos que venho
costurando.
Uma das
entrevistas que fiz recentemente no Guarujá foi com Fuad Mansur. Ao lado de
seus irmãos mais velhos Elias e Wady (que hoje mora no Rio), Fuad ganhou
notoriedade mais recente em virtude da excelente parafina produzida pela
família, a FU WAX. Os irmãos Mansur começaram a produzir parafinas em 1972 com
uma fórmula adquirida do talentoso surfista carioca Ian Robert. Os rótulos com
a marca Fu Wax só surgiram a partir de 1992, ao lado de outros segredos que
introduziram na fórmula.
FUAD É UM ESTILISTA NATO
FOTO RETIRADA DO BLOG DA MÁFIA (SEM
CRÉDITO DO AUTOR)
Abaixo algumas
pérolas da entrevista que tenho com ele. Lembro que o livro terá uma pegada
totalmente diferente deste blog. Na verdade são dois “produtos” que andam em paralelo
e tem o objetivo de deixar registrado para as futuras gerações as facetas mais
importantes de nosso querido lifestyle do surf, seus heróis, pensamentos e
conhecimentos. Com a palavra Fuad Mansur. Lembrando que o pai deles, o
colombiano Alberto Mansur, foi um dos precursores da produção de surfwear no
Brasil.
FUAD MANSUR, nascido em 1956, completa 60 anos em 2016: “O nosso esporte é ‘méritocrata’ - Quanto mais tu pega onda, mais eu te respeito. Por mais bunda mole que tu seja. Eu posso odiar o cara, mas se ele surfa bem eu respeito. O surf é ‘méritocrata’.
SOBRE A SURFWEAR
E A MANSURF
“Magno foi o pioneiro no Brasil a
partir de 1966 para 1967. Teve também a marca Brequelé, de Ricardo Bravo (trabalhou na BRASIL SURF, hoje
faz filmes). Maurício Galinha, da Surf Art, fazia junto com o Rico, a partir de
1971. Em São Paulo quem fazia bermudas para surfar era a Macaló, das antigas
lojas Ducal. Meu pai fazia milhares de jeans com a marca Carlos Imperial em
Sampa. Depois vieram para Santos e fizeram a Mc Chad Jeans, com Miguel Chaddad.
Ainda nos anos 1960, meu irmão Elias chegou e colocou o “F” no Mansur, ficou
MANSURF. Criamos a nossa marca.
Foi nessa época que o meu pai começou
a fazer bermudas de nylon, para concorrer com a Ducal. Pois quem fazia as
bermudas eram as mulheres dos zeladores nos prédios de Santos, artesanal. Meu
pai alugou uma loja na R. Frei Gaspar e fazia umas bermudas de nylon que
parecia com aquele material dos guarda-chuvas.
Um dos primeiros clientes foi o
Homero, vendendo bermudas na fábrica de pranchas dele, ainda em 1968. Alberto
Mansur chegou na Rua Epitácio Pessoa, na loja do Homero e montou a vitrine, com
bermudas, camisetas. Isso já nos anos 1970. A Demy Modas, loja da R. Marcílio
Dias, vendia pranchas, meu pai apresentou o Homero e ele vendeu 300 pranchas
naquela loja.”
FÁBIO KERR AO LADO DE FUAD MANSUR
FÁBRICA DA FU WAX NO GUARUJÁ
FOTO: DRAGÃO – MARÇO 2016
FÁBIO KERR SURFANDO NO ARPOADOR
FOTO: SITE RICO SURF
Fabio Kerr
veio surfar no Guarujá em uma meia dúzia de oportunidades nos anos 1960. Quando
aconteceram os primeiros campeonatos do Estado de São Paulo, em frente ao Clube
da Orla (hoje Shopping La Plage), ao lado de um grupo de surfistas do Rio de
Janeiro, veio para julgar e também fizeram demonstrações, com um surf muito
mais evoluído. Cinquenta anos após sua primeira viagem para a praia de
Pitangueiras ele voltou e me deixou uma longa entrevista da qual destaco alguns
trechos:
FÁBIO KERR (14/07/1952): “Meu pai nasceu no Brasil e meu bisavô veio dos EUA, a origem da minha família é da Escócia. Saíram da Escócia e foram para o sul dos EUA, tinham ‘plantation’ e na época da Guerra Civil Americana fugiram para o Brasil. Meu bisavô ainda era americano, meu avô já era brasileiro. Minha família primeiro morou em São Paulo, na região de Marília, depois meu avô veio para o Rio, para trabalhar na IBM. Toda minha família era ligada ao mar e à natação.
“Eu já pegava onda com aquelas
pranchinhas de madeira ‘Oceania’ e também com as de isopor, deitado. Um dia, em
1961, eu tinha 9 anos, fui caminhando até o Arpoador, de tarde, sento nas
pedras e eu vejo um cara, lá na primeira pedra, que nós chamamos de Pontão Mor,
ele estava com uma prancha de madeira e ficava de pé na pedra, esperando a
onda vir e ele não remava, de pé, se jogava na onda e pegava o corte. Era o
Tito Rosemberg.”
“Um pouco depois disso (1964\1965) começaram a chegar
as primeiras pranchas de fibra dos EUA e também da França. A primeira prancha
gringa que apareceu aqui foi a do Russell Coffin, porque simplesmente o pai
dele era o dono da Coca-Cola aqui na América do Sul. Em 1965 teve aquele
campeonato em que vieram os norte-americanos Mark Martinson e Dale Struble. Teve
uma competição de remada da praia do Diabo até o Arpoador que participei.”
...
“Pelo menos umas cinco pranchas importadas que eu, o Rafael Gonzalez e outros cariocas que vieram para as demonstrações e o julgamento dos campeonatos no Clube da Orla trouxemos, ficaram em São Paulo, porque vendemos. Eram Hobies, Hansen, Barland Rott Surfboards...”
Essa vinda
dos surfistas do Rio a São Paulo e a realização dos campeonatos deu um grande
impulso ao surf paulista. Ainda trarei muitas outras informações sobre estes
eventos aqui no Blog – HISTÓRIAS DO SURF.
FABIO KERR EM FOTO DE TITO ROSEMBERG
RETIRADA DO ÁLBUM DE FOTOS DA TÓTEM
Na viagem
que fiz a Saquarema no segundo semestre do ano passado tive a oportunidade de
entrevistar Maraca – Rossini Maranhão Filho. Uma de suas histórias, em Sunset
Beach no Hawaii, cheguei a editar para a Revista Fluir de aniversário. É possível
fazer o download da imagem abaixo, ampliar no seu computador e ler. Uma pura
aventura do surf.
REPRODUÇÃO DE PÁGINA DUPLA DA FLUIR
DE OUTUBRO 2015
FOTO DE TITO ROSEMBERG DE SEU ÁLBUM
TITO E MARACA EM AVENTURA DE
DESCOBERTAS
LITORAL NORTE DO RIO
Vamos fechar
esta postagem, para não ficar muito longa, com um trecho de uma entrevista
(que ainda preciso continuar), realizada em 2014 com o shaper paulista,
radicado em Florianópolis, Avelino Arantes Bastos.
AVELINO EM SUA CASA ENTRE A LAGOA DA
CONCEIÇÃO E A PRAIA DA JOAQUINA
FOTO: DRAGÃO
De pais imigrantes
espanhóis que vieram da Galícia e foram morar em São Paulo, começou a surfar
com uma planonda em Santos. Aos seis anos, ia para o Guarujá, atravessava a
balsa para Bertioga, mas só surfava deitado. A família se mudou para o Paraná,
depois Campinas. Na virada de 1974 para 1975 mudou para Santos. Apenas com 14
anos viu o que era uma prancha de verdade.
Avelino se
transformou em um dos maiores shapers e designers do Brasil. A sua entrevista
aborda diversos aspectos da evolução do surf brasileiro e precisa ser retomada
na virada para o início dos anos 1990. Porém um pouco antes disso, antes de
completar 30 anos de vida, esteve envolvido com um dos importantes episódios da
evolução do surf brasileiro. Há anos ele vinha preparando Flávio ‘Teco” Padaratz
para uma carreira internacional (detalhes dessa história estarão no livro e em
postagens futuras), enviou o garoto para morar na Califórnia, pegar traquejo no
inglês e aprender a se virar...
AVELINO
BASTOS (08/01/1961): “Depois que o Teco
Padaratz voltou de Porto Rico, durante o Sundek Classic de 1988, achamos que
era o instante de ele se profissionalizar. Naquele momento recebemos diversas
propostas, da OP, da própria Sundek, da Sea Club que era a Alpargatas e vinha
investindo forte no surf e da Hang Loose, fora outras empresas que não tinham a
mesma bala. A gente acabou fechando com o Alfio. A proposta da Hang Loose, que
era uma empresa consolidada mas ainda emergente, me pareceu que olhava mais longe.
O Alfio chegou para mim e falou, ‘Mas tem uma coisa, eu tenho um quesito: o
Fabinho tem que ir junto.’ Ele não tinha como bancar separado. E para mim
estava tudo bem. O Teco também falou: ‘Gosto do Fabinho, estamos competindo
sempre juntos. Vamos aí’. E eles foram amigos próximos durante muito tempo. Foi
bom para a carreira dos dois, no sentido da disputa, de evolução de estilo. E
no momento em que a coisa começou a ficar tensa, foi quando o Piu Pereira entrou
no meio da história, passou a viajar com eles e deu uma equilibrada. Ficou
muito legal.”
AVELINO BASTOS NA CAPA DA FLUIR
NÚMERO 5
SURFANDO EM OCEAN BEACH NA CALIFÓRNIA
FOTO: CINDY HACKWORTH
Com Avelino
já tenho três sessões de gravação totalizando quase três horas de depoimentos.
E muitas histórias interessantes ainda a serem contadas. Tanto ele, como outros
shapers, terão espaço aqui neste blog para deixar perfis mais densos para
referência futura dos interessados. Este é um trabalho que continuará com o
apoio das marcas que colaboram com este projeto de pesquisa.
O livro impresso será lançado em 5 VOLUMES e conforme
a história for se desenvolvendo, com novos campeões brasileiros (é o que todos
esperamos), novos volumes poderão ser lançados e o blog continuará trazendo
informações sobre todos os aspectos desta grande história.
Excelente matéria Parabéns pelo projeto.
ResponderExcluirYes! Parabéns irmão! Aloha!
ResponderExcluirYes! Parabéns irmão! Aloha!
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