terça-feira, 17 de junho de 2025

UMA NOVA FASE PARA OS LIVROS

 O volume dois de cinco continua no forno

Quando concebi meu projeto da coleção de livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO nos Anos 2010, sabia que não seria um projeto fácil de concretizar. Apenas o primeiro volume está disponível no momento, mas valerá a pena aguardar os outros 4 livros da coleção, que virão no mesmo padrão de qualidade, com 132 páginas, ricamente ilustradas, cada.

ESTA É A CONTRACAPA DO PRIMEIRO LIVRO

NAS PRÓXIMAS EDIÇOES ESTAREI ALTERANDO AS CAPAS QUE FIGURARÃO AQUI, BEM COMO FOTOGRAFIAS DE DIFERENTES FASES DE MINHA TRAJETÓRIA NO SURF. NESTAS ACIMA ESTOU SURFANDO EM HONOLUA BAY, NA ILHA DE MAUI EM FOTO PUBLICADA EM UMA BRASIL SURF DE 1978. FOTOGRAFIA DO LENDÁRIO FOTÓGRAFO E CINEASTA KLAUS MITTELDORF, QUE ESTÁ PREPARANDO UM REMAKE DIGITAL DO PRIMEIRO FILME DE SURF BRASILEIRO - “TERRAL” - REALIZADO NOS ANOS 70.

NA FOTOGRAFIA MENOR ACIMA ESTOU COM MINHA PRANCHETA FAZENDO ANOTAÇÕES PARA ESCREVER A MATÉRIA SOBRE A COBERTURA DO SEA CLUB SURF, ETAPA DO CIRCUITO ABRASP NOS ANOS 1980. FOTOGRAFIA DE BRUNO ALVES, QUE ERA MEU PARCEIRO EDITOR DE FOTOGRAFIA NA ÉPOCA EM QUE TRABALHÁVAMOS JUNTOS NA REVISTA FLUIR.

Em 2025 acabei de fechar um novo contrato de distribuição para todo o Brasil com a Editora Global, que através da Gaia, hoje é a editora com maior acervo de livros de surf em português no seu portfólio. Alguns concebidos por criatividade própria e outros best sellers internacionais traduzidos para nossa língua.

RECORTE DE PÁGINA NA INTERNET TRAZENDO A IMAGEM DE ALGUNS DOS TÍTULOS RELACIONADOS AO SURF DO GRUPO EDITORIAL GLOBAL\GAIA\GAUDI

PESQUISEM AQUI OS TÍTULOS QUE ABORDAM ESPORTE E AVENTURA: https://grupoeditorialglobal.com.br/generos/?gen=009

 

O mais recente lançamento é “A Arte da Longevidade”, obra de Rodrigo Perez, lançado em março deste ano. O livro foi publicado originalmente na Austrália pela Penguin Books e agora lançado no Brasil com tradução de Gabriel Augusto da Silva. Rodrigo Perez, um brasileiro que vive na Austrália, teve participação no treinamento do surfista Joel Parkinson campeão mundial de 2012.


 REPRODUÇÃO DA CAPA DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

Longevidade é um tema que está muito em voga atualmente. Espero manter saúde para continuar surfando e trazendo todo meu conhecimento e vivência histórica neste esporte que foi minha paixão desde a adolescência. No início dos Anos 2000 conheci os irmãos surfistas Jefferson e Richard Alves, diretores do Grupo Editorial Global. Na ocasião fui convidado para fazer a tradução do livro OCCY, de Mark Occhilupo, que acabou sendo lançado no Brasil em 2004.

 

CAPAS DE OCCY – O ANO DO TOURO EM SUA VERSÃO ORIGINAL E NA EDIÇÃO BRASILEIRA

O livro, escrito com a ajuda do foto\jornalista australiano Paul Sargeant, tem seu foco central no detalhamento da vida de um surfista dentro do Circuito Mundial, me aprofundarei a seguir nas já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO


 UM LIVRO



UM FILME

 

UM DISCO – IV (4) – Led Zeppelin

Quando comecei a colecionar discos de vinil, ainda no final dos anos 1960, o que passou a dominar minha preferência foram os discos de rock progressivo e pesado, principalmente das bandas inglesas que sucederam os Beatles e os Rolling Stones, desvendando o novo rumo e as vertentes que impulsionariam o ritmo concebido nos EUA e levado ao estado da arte na Inglaterra. A maioria destas bandas (cito aqui dez das minhas preferidas, todas com virtuosos guitarristas) foram concebidas no final dos anos 60: Cream, Pink Floyd, Traffic, The Who, Jethro Tull, Deep Purple, Yes, Genesis, Supertramp e Led Zeppelin.

Nos Estados Unidos, na Europa, Irlanda e Austrália, até no Brasil e Itália outras bandas surgiram e prosperaram, mas estas dez são de certa forma incomparáveis pelo peso de sua grandiosa obra e, novamente, a longevidade de seus membros numa esfera criativa da música contemporânea. Lembrando que o Queen surgiu apenas em 1973, sendo o caçula dessa bendita geração. Os designers das capas destes discos sempre primavam pela elaboração da capa em si e do que viria encartado em cada novo álbum – “surprise SURPRISE”.

 

ALBUM LANÇADO NO BRASIL PELA POLYGRAM

NO VERSO DESTA FOLHA ENCARTADA

APENAS A LETRA DE STAIRWAY TO HEAVEN EM LETRAS GÓTICAS

Naquele tempo dos anos setenta, cada novo disco que saía era celebrado e ouvido seguidamente. Das dez bandas citadas acima aguardávamos lançamentos anuais e sempre vinham deslumbrantes. A emoção era sentir qual seria o próximo voo, para onde surfariam com sua criatividade à flor da pele. Cada audição dos álbuns nos permitia descobrir novos detalhes, nuances em arranjos portentosos, explorando o novo advento da música estereofônica que dominava o cenário. Uma literal viagem auditiva.

Lembro que na adolescência, junto com meus amigos do ginásio, montávamos um esquema que cada um comprava discos diferentes e íamos na casa um do outro para trocar gravações. Nunca esqueci em 1973, eu tinha 16 anos e saiu o quinto disco do Led Zeppelin. Fui na casa de meu colega Luiz Bruno. Na casa dos pais dele tinha uma “sala de música” com amplificador potente, caixas acústicas grandes e ao ouvir os primeiros acordes de The Song Remais the Same e todo o resto do disco, fiquei arrepiado. Foi literalmente uma experiência imersiva, naquelas poltronas que ele tinha ali. Tenho até hoje essa gravação, feita num gravador de rolo Akai. Guardo diversas fitas K7 e de rolo, mas hoje é tudo digital.

Na época, todos estes supergrupos e outros artistas individuais como David Bowie da Inglaterra, Van Morrison da Irlanda, Janis e Jimmy dos EUA nos deixavam boquiabertos com cada uma de suas novas bolachas. Hoje, na perspectiva do tempo, é claro que gosto musical, da mesma forma que o paladar, é uma questão individual e vai sendo apurada, mas ao meu modo de ver a obra do Led Zeppelin se sobressai com relação ao resto.

Explico: ao ouvirmos cada uma das faixas, vamos dizer... dos primeiros cinco discos do Zep, quatro numerados e em seguida o 5 que foi Houses of the Holy, são estupendas em sua singularidade, mantendo a espinha dorsal da sonoridade do Led. Com certeza o Led Zepellin IV é o mais celebrado da banda que muitos dizem ter dado origem ao rock pesado. Em audições mais recentes, sem menosprezar qualquer faixa dos outros “concorrentes”, podemos perceber uma singularidade especial no contexto da elaboração de cada música especifica.

Pegando como exemplo três das faixas do IV, podemos começar com Going to California, uma das mais belas baladas já produzidas na história da música, com os vocais de Plant e a guitarra acústica manejada por Page de forma primorosa. Um blues de peso e sensibilidade astronômicas é When the Levee Breaks uma música que transporta o ouvinte para a gravidade da situação. Para finalizar e sem me alongar demais aqui, Stairway to Heaven a faixa que foi colocada em inúmeras listas como a mais importante música da história do rock, transporta o ouvinte do suave ao pesado, “and back” de forma singular e hipnótica. Mas, peguem qualquer faixa destes cinco primeiros discos do Led Zeppelin e sintam o aspecto único e extremamente criativo, inspirado, de sua montagem.

 

OS MEMBROS ORIGINAIS DA BANDA

Foi neste disco de 1971, que os quatro decidiram associar símbolos a seus nomes. O guitarrista Jimmy Page escolheu ZoSo, retirado de rituais de encantamento mágico; John Paul Jones, talvez o mais virtuoso dos quatro, multi-instrumentista que além das linhas de baixo operava os teclados da banda escolheu um símbolo que representa unidade e confiança; já John Bonhan, o baterista que faleceu de forma mais precoce e foi substituído pelo filho Jason Bonham em apresentações mais recentes quando a banda se re-uniu, escolheu três círculos entrelaçados; Robert Plant vocalista de longeva carreira solo selecionou uma pena dentro de um círculo que representa verdade e justiça.

Todas estas bandas, na medida em que a década de 80 foi abrindo espaço para diferentes vertentes do rock, o heavy metal\southern rock\pop rock\country rock\glam rock\techno\grunge\etc... perderam um pouco do seu frescor inicial, tanto que em shows atuais o que mais faz sucesso são suas faixas dos anos 70, mas recomendo a todos, velhos da minha idade amantes deste tipo de som e jovens que procuram conhecer essa fase revolucionária e brilhante da música, explorar cada um dos primeiros álbuns destas bandas, na íntegra, o lado A e o lado B, na sequência em que foram concebidos, em especial os do Led Zeppelin. Creiam, será uma experiência que não irão se arrepender. Atentem aos aspectos de individualidade de cada faixa. E comecem pelo Led Zeppelin 1, ao meu ver, o melhor de todos os discos deles.

 

UM LIVRO – OCCY - O ANO DO TOURO – com Sarge

Este livro é um diário da vida no tour no ano de 2000, o ano exatamente seguinte ao do título mundial de Mark Occhilupo. O livro começa com uma introdução sobre quem é Marco Jay Luciano Occhilupo, um australiano descendente de italianos, residente e local da praia de Cronulla, no lado sul de Sidney a principal cidade da Austrália.

 

CONTRA CAPAS DAS DUAS VERSÕES A ORIGINAL E A BRASILEIRA PUBLICADA PELA EDITORA GAIA

EM AMBAS A PUXADA ÚNICA DE OCCY, JOGANDO SUA FRANJA AO VENTO E ENFIANDO A BORDA DA PRANCHA NA ONDA DE FORMA VISCERAL

O foco do livro é a narrativa do ano seguinte ao título, em detalhes, mês a mês, prova a prova, da ASP. O capítulo inicial traz um resumo da trajetória que o levou ao merecido título de campeão mundial, conquistado na Barra da Tijuca no final de 1999. O livro escrito por Paul Sargeant, um jornalista especializado em surf que morava na mesma região de Occhilupo e o conhecia desde cedo, traz um relato minucioso de como é a vida de um surfista no tour, a vida de um campeão mundial. Um dos maiores e mais carismáticos ídolos que o esporte surf já teve.

Sarge tem uma visão perspicaz deste cenário, pois durante anos acompanhou o circuito, fotografando, escrevendo e produzindo uma série de vídeos intitulada Sarge’s Scrap Book, que mostrava não só a performance em baterias, mas também cenas de bastidores, principalmente dos australianos, mas de todos os participantes do tour. Paul Sargeant durante diversos anos em que eu dirigia a revista Hardcore colaborou como correspondente australiano, com uma coluna mensal chamada Hardcore Aussie. Também um dos diretores da Tríplice Coroa Havaiana, Bernie Baker nos mandava o relato Hawaii Report em colunas mensais. Uma época em que o jornalismo de surf era lastreado nas revistas e em parceria com meu grande amigo e jornalista Alceu Toledo Junior, o Juninho, criamos uma grande rede de correspondentes internacionais e do Brasil para colaborar com a Hardcore mensalmente.

 

ALGUNS DOS LIVROS DA EDITORA GAIA QUE TENHO EM MINHA COLEÇÃO PARTICULAR, OUTRAS RESENHAS VIRÃO NESTE BLOG

Voltando ao livro de Occy, não há como não apreciar o esforço, a força de vontade, deste garoto que surgiu em 1983 assombrando o mundo das competições, travou batalhas épicas na década de 1980 com o tricampeão mundial Tom Curren (vencedor dos circuitos de 85 \ 86 e 1990) e depois descambou, chegando a pesar mais de 100 kg, no meio dos anos 90. Nunca parou de surfar apesar de ficar jogado em um sofá com vídeos e pipoca. Mas, inspirado por seu patrocinador a Billabong e o cineasta de surf Jack McCoy (já vamos falar dele) voltou à carga, entrou em forma e no final da década de 90 escalou o ranking até o prestigiado topo. Mark acabou transformando sua história e a si próprio em uma das maiores lendas do surf. Este livro traz um relato importante, detalhado e fiel de parte desse processo. Occy arrepia até hoje.

 

UM FILME – A DEEPER SHADE OF BLUE – Jack McCoy

Para um cineasta de surf com uma filmografia do tamanho e grandiosidade deste havaiano radicado na Austrália é ousadia catalogar “Um Tom Mais Profundo de Azul” como sua obra prima. Mas não hesitarei em fazer isso, embora tenha assistido (mais de uma vez) 90% de sua obra, A Deeper Shade of Blue é o que podemos considerar um trabalho definitivo em sua carreira.

AS IMAGENS AQUÁTICAS SEMPRE FORAM UMA VIRTUDE DE McCOY

O documentário A Deeper Shade of Blue foi uma forma com assinatura própria que Jack vislumbrou para contar (tipo) sua versão da história do surf, com um tempero único e criativo que sempre foram sua característica ao realizar seus filmes. No início do filme ele dá uma pincelada vertiginosa sobre como surf surgiu, na Polinésia e se alastrou pelo planeta. O principal fio condutor que ele utiliza é o design das pranchas, nosso artefato que permite toda essa alegria que transborda de qualquer ser humano que experimenta surfar. Nos créditos finais isso fica claro ao acompanhar uma criança, numa longa onda, aprendendo a surfar em Waikiki. O berço espiritual.

Uma das situações que Jack McCoy domina com maestria em seus filmes é a passagem de um segmento para o próximo. No caso de A Deeper Shade of Blue ele se supera. A forma como ele introduz cada parte do filme e nos transporta para uma próxima faceta da história que decidiu nos contar é cativante. Outra coisa que sempre foi marca registrada de Jack em seus filmes, desde Storm Riders e Tubular Swells, em parceria com Dick Hoole, foi a trilha sonora que escolhia. Em diversas ocasiões apresentou ao mundo do surf bandas novas, em outras encaixou música e cenas como – só ele!!! A apoteose do filme A Deeper Shade of Blue se dá nas cenas de foil board com Terry Chung surfando no North Shore do Kauai, em um lugar chamado Middle of the Bay, na região de Hanalei, com a música do Cold Play, Viva La Vida em sintonia perfeita. Literalmente, me arrepiei, quando vi isso pela primeira vez.

TRAILER – A DEEPER SHADE OF BLUE


Ao longo de sua carreira Jack sempre procurou quebrar chão novo e não foi diferente com esta sua derradeira obra prima. Ele achou uma forma de filmar os surfistas por baixo da água, não só ao passarem por ele, mas acompanhando os mesmos com um artefato turbo que permitia segui-los em velocidade. Para isso ele acoplou uma câmera a esta espécie de submarino e fez imagens inéditas, que foram até utilizadas em clip de Paul McCartney, Blue Sway.

JACK EM AÇÃO

Jack McCoy além de um talentoso cineasta, por estar sempre no mar junto com surfistas criava um elo ainda maior com eles. Suas imagens aquáticas sempre foram de uma classe à parte, takes íntimos, entubando junto com os surfistas. Jack foi para Grajagan com Gary Elkerton, Rabbit e Chappy Jennings para realizar Kong’s Island; viajou pelo sul da Austrália para realizar A Day In The Life Of Wayne Lynch; estava com Laird Hamilton em Teahupoo naquele dia do ano 2000 e criou a obra prima To’; um de seus trabalhos mais importantes foi The Occumentary, a vida de Occy. Seu relacionamento com Mark Occhilupo foi instrumental para reativar a autoestima do campeão em sua partida para o título mundial. As cenas iniciais de Sik Joy, com Shane Dorian passando a centímetros de sua lente são fantásticas.

 

BOX COM 4 DOS FILMES DE McCOY EM PARCERIA COM A BILLABONG, OCCY EM DESTAQUE NA VERSÃO DE GREEN IGUANA

Abaixo a postagem\homenagem feita no Instagram pelo meu brother fotógrafo DJ AGObar Jr. O que dizer? Quando uma personalidade dessa envergadura nos deixa. Qualquer homenagem é pouca. Porém, o legado fica. Foram quase 30 filmes, um mais alucinante que o outro. Neste vídeo que Agobar Junior capturou, um breve “glimpse” de seu trabalho. E, ao que tudo indica, virá um filme homenagem, mais do que merecida.

PRINT SCREEN DO INSTAGRAM DE AGOBAR

Lembro que no Hawaii em 89\90, Agobar e eu estávamos em equipe para fazer a cobertura da temporada havaiana pela Fluir, fomos até a casa onde McCoy estava hospedado, em uma das travessas perpendiculares à praia na região de Rocky Point. Ele exibiu alguns de seus trabalhos e me presenteou com uma fita VHS de SURF HITS 1 - Jungle Jet Set, um compilado de diversos pequenos trabalhos e num trecho ele já começava a flertar com animações, o que viria a utilizar de forma magistral em Green Iguana. Assistam no link abaixo o que DJ Ago preparou com carinho e admiração:

https://www.instagram.com/p/DKPXUa_OCv5/

 

Para finalizar uma segunda versão de trailer para o seu filme, que se quiserem (devem) assistir completo, está disponível na web através da Amazon em Prime Video.

 

A DEEPER SHADE OF BLUE trailer N. 2


 

Naveguem por este meu blog com mais de uma centena de postagens, pelo site do livro, por meu Instagram, desfrutem do primeiro livro, cada qual com sua abordagem, misturando história e atualidades do surf.

 

MEU LIVRO ESTÁ DISPONIVEL AQUI:

https://www.amazon.com.br/Grande-Historia-Surf-Brasileiro/dp/6586223776

 

 

 

 

domingo, 15 de dezembro de 2024

 

APERITIVO PARA O VOLUME 2

E visões para um novo jornalismo de surf

As revistas de surf já foram a grande fonte de inspiração, referência, educação e informação para iniciantes e iniciados no esporte, no estilo de vida. Retratava viagens de surf livre em busca de ondas perfeitas; a mais alta performance, entre dois sinais de início e término de baterias; e o perfil dos grandes surfistas de uma forma que nunca havia sido feita antes. Passagens marcantes foram decantadas e documentadas por célebres escritores e talentosos, corajosos e dedicados fotógrafos. Tudo estampado em páginas, para nos determos, extasiados, pelo tempo que quiséssemos. E agora, depois das revistas... o que temos de notável como imprensa do surf?


 REPRODUÇÃO DAS PÁGINAS 28 E 29 DO PRIMEIRO VOLUME DA COLEÇÃO DE 5 LIVROS QUE CONCEBI. UMA PÁGINA DUPLA QUE LEVA A ALCUNHA “MAR ÉPICO”. SEQUÊNCIA DE KELLY SLATER EM FOTOS DE FÁBIO MINDUIM E TONY FLEURY NA BARRA DA TIJUCA 1997

Meu objetivo com esta, poderemos dizer “seção”, nos livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, é trazer momentos, agora sim de sessões espetaculares de surf que ocorreram nas regiões brasileiras que serão destacadas ao longo dos livros – fascículos – volumes de 132 páginas cada.

AINDA NO VOL.1, O CAPÍTULO DE SAQUAREMA TRAZIA OUTRO MOMENTO ÉPICO CAPTURADO, POR SIMPLES COINCIDÊNCIA, EM COMPETIÇÃO. A PERFORMANCE DE FILIPE TOLEDO NA BARRINHA, EM FOTOS DE FERNANDO MESQUITA, AUTOR DO PROJETO GRÁFICO DO LIVRO

NA FOTO MAIOR, MARCOS MONTEIRO DROPANDO NA VILA 

FOTO DE LUCIANO SANTOS PAULA

Ampliem estas imagens e fazendo o download será possível ler. Aqui abaixo agora, um aperitivo da seção, uma futura página dupla “mar épico” sobre o Guarujá, com um texto que ainda poderá ser editado e sairá publicado (BREVE) no segundo volume da coleção. Em negrito. Em itálico. Em primeira mão:

MAR  ÉPICO

Pitangueiras

OS MELHORES QUE JÁ VI

Uma das melhores coisas que uma vida dedicada à busca por ondas neste lifestyle do surf que escolhemos é encontrar um dia de condições perfeitas em picos clássicos. Isso de certa forma fica até fácil quando escolhemos a época certa em uma destas famosas ondas que ficam no ideário de qualquer surfista. Porém, estes picos são relativamente poucos e estão cada vez mais crowdeados.

Outra situação, em 95% das praias e bancadas do mundo, é aguardar que as condições fiquem clássicas em seu “home break”, a praia em que somos locais. Minha vida no surf começou na praia de Pitangueiras. Desde de 1969 comecei a observar o mar do nono andar de um prédio de frente para a mágica Ilha Pombeva, todas as manhãs em que eu estava lá, meu objetivo era escolher em qual das bancadas cair, no leque de opções característico de Pitangueiras. Detalharei os dois dias mais perfeitos que já surfei em minha praia local.

PERFEIÇÃO DE SONHO

Foi nos dias 9 e 10 de fevereiro de 1971, guardei estas datas na memória. Eu tinha 14 anos, estava com minha segunda prancha, uma São Conrado 7 pés, monoquilha. A prancha que tinha o desenho do “dragão”. Foram os dias em que aprendi a entubar. Cordinhas ainda não haviam sido inventadas. No meio do verão a ondulação estava lá, chegou com um metro e meio. Já de manhã as ondas estavam boas, o mar liso característico de 90% dos dias logo cedo no Guarú, mas era um dia bom normal. Como é característico, também no verão, na medida em que o dia passa, esquenta, o vento maral vai entrando e mexendo, picando as ondas. No meio da tarde começou a se armar uma indomável chuva de verão. O tempo virou, a tempestade veio com rajadas de vento que açoitaram as ondas de todas as direções imagináveis. Raios. A praia ficou vazia.

E veio a bonança, nuvens negras e ameaçadoras deram lugar a uma camada fina e alta de estratos. O vento, hora selvagem, se transformou em uma leve brisa de terral, a ondulação que entrava de sudeste, começou a pender mais para leste, encaixe perfeito para Pitangueiras. Na região do Monduba, até o Canal, começaram a surgir triângulos perfeitos, molduras em forma de “A”, que desfilavam antes de arrebentarem de forma cilíndrica, com tubos para os dois lados. A maré estava baixando e a bancada de areia de toda região perfeitamente moldada. Um véu translúcido se atirava para atrás de cristas delicadas porém tubulares. Dizer que não havia gotas de água fora do script seria menosprezar a perfeição do mar. Só restava pegar a prancha e correr para dentro d’água.

E “toda” pequena turma de amigos que estava lá naquele verão... foi. Hipnotizada por uma perfeição inusitada. Os picos espoucavam por toda praia. Lindos, majestosos, com bom tamanho. Ao furarmos as ondas as gotas que voavam para trás caiam fortes em nossas costas. Havia mais ondas marchando para caçarmos lá fora. Lembro de estar sentado em minha prancha, em frente ao prédio do Sidão, e ver uma onda arremessar o lip, ao bater na base colou uma visão do prédio Sobre-as-Ondas, inteiro, emoldurado pelo tubo que acabava de se formar. Lembro também de correr pela primeira vez dentro de uma onda, vendo a crista bem afrente de minha cabeça. Minha memória pode estar imprecisa, mas em um dos tubos que peguei naquele dia calculei 5 segundos (ou será que o tempo se expandiu?). De dentro via surfistas apontando para mim. Pura magia. Inesquecível!!! 

FOTO QUE FIZ EM 2018 DO TERRAÇO DO APARTAMENTO DE MEUS PAIS. LONGE DE ESTAR SIMILAR AO DIA MÁGICO QUE DESCREVI, MAS DÁ PARA TER UMA IDEIA DA FORMAÇÃO DE PITANGUEIRAS NA REGIÃO DO MONDUBA

 

O MELHOR GRANDE DIA

Vamos para o outro lado da Ilha.

Esse foi um presente para o meu aniversário de 15 anos (24 de julho de 1971), eu já havia presenciado um mar bem maior, na Páscoa de 1970, foi a primeira vez que vi ondas estourando por detrás da Ilha Pombeva, por todo lado. Estava “insurfável”, só quando o mar baixou surfistas conseguiram cair. Neste dia que descreverei agora, não. Na véspera, dia 23. O mar subiu com vento sudeste forte, o que entra de cara em Pitangueiras. O mar não parava de crescer no final da tarde, mas muito mexido. De noite fui ao terraço, espumas dos dois lados da ilha, mas a silhueta das ondas mostrava boa formação. O vento parou de madrugada. Total – zero. Noite típica de inverno no Sudeste brasileiro.

Ao amanhecer o mar estava liso como um espelho, parecia gelatina, dia totalmente limpo, sem uma única nuvem. Não acreditei no que vi: entre a Ilha e o morro do Maluf entravam séries consistentes. Lá de cima do apartamento dava para perceber que as maiores tinham mais de 2 metros – fácil. Dentro do mar, com meu julgamento de um garoto de 14 anos (faria 15 às 23:30 horas), poderia jurar que vi ondas de 3 metros. Tomei na cabeça, dropei. Foi o maior mar de minha vida até então. Eu estava com aquela minha prancha que tinha o desenho do “dragão”, uma 7 pés, round pin tail.

A maré foi secando até as 9 da manhã, variação significativa, a lua nova havia ocorrido no dia 22. Foi um daqueles dias em que você quase conseguia subir na ilha sem molhar os pés no auge da maré vazia. Vamos à descrição das ondas: como a ondulação tinha um ingrediente predominante de sul, colado na ilha as ondas não estavam grandes. Entrávamos andando perto das pedras, ali as ondas fechavam com menos de meio metro, estava fácil varar. Tanto que surfávamos uma onda e voltávamos andando para entrar pelo canto da ilha de novo. Uma vez no outside víamos as verdadeiras séries mostrando a cara no bico da ilha, lá fora e marchando para o meio da praia. Íamos remando em direção ao norte. Lá o bicho pegava. Elas vinham em triângulos, totalmente perfeitos, as esquerdas fechavam logo. As direitas, uma pintura, lisas, não ventou nada nesse dia. Fortes, grandes, o fundo estava bom e a formação realmente especial. Eram cumes que cresciam se movendo numa diagonal perfeita do sul para o norte, até encontrar a bancada de areia. As maiores e melhores armavam em frente à avenida da igreja, a principal na chegada ao Guarujá.

ESTA FOTO ENCONTREI NO FACEBOOK DE CAIO IBELLI JÁ TEM ALGUNS ANOS. NÃO SEI QUEM É O AUTOR, MAS SÃO AS DIREITAS DA ILHA POMBEVA EM UM DIA DE RESPEITO

 

O Brasil não é o melhor lugar do mundo para o surf, mas pode oferecer situações de pura magia e perfeição. Vivi isso aqui.”

FIM DO TEXTO PREPARADO PARA O VOL. 2 DE “A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO”

 

Ainda não sei quais serão as fotografias para ilustrar estes mares épicos que vi acontecer na praia de Pitangueiras, uma vez que não houve nenhum registro em 1971. Tenho em mente uma foto de Sebastian Rojas com Peterson Rosa entocado num tubo nas direitas da Ilha, publicada numa Fluir no final dos anos 1990, mas nem sei se será localizada. Porém, há um farto material desta praia em belos dias de surf. Isso não será um problema.

O que sei, e é fácil perceber, de certa forma até um pouco nostálgico, embora isso não seja meu estilo, pois sempre adoro todo e qualquer avanço tecnológico, ou de abordagem – é que, as revistas de surf têm um lugar similar ao dos discos de vinil, ou dos CDs na música; VHS, ou DVDs nos filmes. A informação de surf, a forma como ela é apresentada, mudou de “cara”, de veículo de transporte, de forma de apresentação.

Hoje, apesar de estar beirando os 70 anos, fico matutando como poderá ser formatado o que estou apelidando de “o novo jornalismo de surf”, com a velocidade da internet, a criatividade de infinitos alimentadores de conteúdo pelo Instagram, smartphones com câmeras potentes (áudio e vídeo da hora), TOMA-VÊ-LÊ-OUVE, canais de divulgação amplamente acessíveis como o YouTube... Ainda sinto falta do peso, da fidedignidade, que algumas das melhores revistas em seu tempo áureo nos brindavam, mensalmente.

As transmissões (webcasts) dos eventos de surf, nos deixam conhecer e saber quem de fato está arrebentando nas ondas. Melhor ainda se apresentado por comentaristas competentes. Mas o que realmente traz entretenimento são boas histórias, análises profundas de performance. Entre tantas opções o BOIA, podcast apresentado por João Valente – português que mergulhou no surf ao morar no Brasil, mais tarde se transformou em editor da revista Surf Portugal; Bruno Bocayuva, um dos grandes conhecedores da história do surf, editor de surf do Canal Woohoo, nos tempos áureos em que o surf era o carro chefe do veículo; para finalizar (ou iniciar), Júlio Adler, campeão carioca de surf em 1990, o mestre de cerimônias, condutor do programa, se assim podemos chamar um podcast só de áudio, que beira duas horas em cada episódio lançado todas as terças-feiras.

O BOIA PODCAST SOBREVIVE COM O PATROCÍNIO DA MARCA DE SURFWEAR PAULISTANA SOUTH TO SOUTH

De tudo que tem sido feito por aí, que poderemos chamar de a versão 2.0 do jornalismo de surf, desfigurado, com as revistas definhando a partir das primeiras décadas dos Anos 2000, o Boia Podcast é uma das iniciativas que mais tem me agradado. Traz análises de especialistas de todas as etapas da WSL e ainda muitas dicas de cultura e boa música. Daqui só me resta seguir com, as já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO




















UM LIVRO


 

UM FILME



UM DISCO – WHITE ALBUM – The Beatles

Esse, com certeza, não será o único disco dos Beatles destacado aqui neste blog. O que é incrível aquilatar na breve história da primeira superbanda do planeta, que se expandiu do início dos anos 1960 até 1970 foi a mutação que ela adquiriu durante a década, até o triste fim. Os quatro continuaram produzindo discos solo de qualidade, mas a magia deles juntos é um fenômeno que vem sendo estudado desde sempre.

 WHITE ALBUM DEBAIXO DE TODOS À DIREITA E TENHO OUTROS

Alguns dos discos de minha coleção, adquiridos assim que saiam. Gastos, nos sulcos do vinil, em agulhas dos mais diversos equipamentos, desde vitrolas mambembe, à toca discos alemães da Dual, com cápsulas inglesas da Shure, ao longo dos anos, conforme meu gosto musical foi se apurando. Ouvidos à exaustão, seguidas vezes, da mesma forma que eu folheava as primeiras revistas importadas de surf. Sem parar. Talvez Abbey Road seja o disco mais bem elaborado dos Beatles, com arranjos primorosos e uma sequência de músicas magistralmente encadeada. Mas aqui o tema é o álbum branco, todos LPs deles trazem faixas muito especiais. 

TRACK LISTING – AS MÚSICAS DO WHITE ALBUM

E COMO ELES ESTAVAM COM SEUS CABELOS EM 1968

O décimo terceiro disco deles, fora diversos compactos simples e duplos, o único com 2 LPs, vem com seus quatro lados acima dos 20 minutos, um total de 1 hora e 33 minutos de músicas novas. Muitos de seus discos foram lançados no Brasil com listagens de músicas diferentes, algumas só saíram em compactos, muito comuns e populares nos anos 60. Futuramente apelidados de EPs. O fato é que o lançamento de cada novo álbum dos Beatles, ou dos Rolling Stones, era um acontecimento em si. Cada uma das faixas ia penetrando em nossos poros a cada nova audição. Até hoje, basta eu ler o nome de uma dessas músicas e a melodia dela, os vocais, vêm à mente.

Destas tantas músicas espetaculares vou destacar minha preferida de cada um dos 4 lados. No lado A não há como ignorar While My Guitar Gently Weeps, com o convidado especial para a faixa, Eric Clapton arrepiando nos solos finais de uma das faixas mais executadas nas rádios dos Beatles, os vocais são de George Harrisson. Do lado B, Rocky Racoon, cantada por Paul McCartney, conta a balada de um garoto do interior que morre (literalmente) por sua amada de infância, que vai parar nos braços de um rival mais rápido no gatilho. O lado C é maravilhoso, como todos os outros e Helter Skelter é uma mostra do flerte dos Beatles com um som mais “heavy”, para mim a letra era puro surf, base e lip, feito com vigor, como atestam os primeiros versos. No lado D há duas revoluções a de número 1 e 9 (uma faixa experimental – longa), minha preferida é Revolution 1, cantada por John Lennon que já apresentava seu viés de protesto, aguçado mais tarde por Imagine, que viria em um de seus primeiros álbuns solo. 

A LETRA DE HELTER SKELTER, ELAS VINHAM ENCARTADAS NOS PRÓPRIOS ÁLBUNS. ESSA PRIMEIRA ESTROFE É SURF TOTAL

Cada novo disco que The Beatles lançavam era uma aventura auditiva, uma jornada de paixão à primeira audição. O fato dos quatro membros serem exímios vocalistas, com características bem distintas, dava um colorido especial a cada álbum. Lennon e McCartney sempre predominavam como autores e como os principais vocalistas. John mais visceral, Paul Harmônico ao extremo. Os coros, com a voz de George combinada, formavam uma fusão perfeita. Ringo sempre teve um timbre distinto, mas alguns dos grandes hits dos Beatles traziam ele nos lead vocals.

O rádio era o meio de primeiro contato com as novas criações, sucessos instantâneos, que são tocados até os dias atuais em estações pelo mundo afora. Os anos se passaram e os quatro cabeludos de Liverpool, quatro gênios com carisma e talento únicos, sobrevivem ao teste do tempo. Dois deles já nos deixaram, John de maneira abrupta e prematura, George após batalhar com o câncer, Ringo tem gerado DVDs com encontros de notáveis da música maravilhosos, Paul, por sua vez, é dono de uma discografia abundante, em quantidade e qualidade, um verdadeiro mestre, ativo aos 80.

Até hoje faixas dos Fab Four dominam players dos amantes da música das mais diversas idades. Pesquise que vale. Para os mais jovens: ouçam, o que ainda não ouviram.

 

UM LIVRO – SURFING – Jim Heimann

A história do surf vem sendo contada de diversas formas, em deliciosas narrativas vocais, em documentários bem ilustrados e com preciosos depoimentos. Porém, ao meu ver, a melhor forma de apreciarmos detalhadamente é ao pegar em nossas mãos material impresso, fotografias com legendas e textos que entreguem informação pertinente. Podemos parar para refletir, analisar. As mais de 500 páginas deste livro que, chamá-lo de grande formato seria um desprezo. Ele é de E N O R M E formato, aberto tem 64 cm de largura e 40 de altura.

UMA DAS PÁGINAS DUPLAS DA OBRA

JAY MORIARITY EM MAVERICKS

Ao longo das páginas os textos não chegam a ser enxutos, mas o que enche os olhos são as imagens, muito bem selecionadas e muitas delas icônicas, diversas capas de revistas são reproduzidas, as bermudas que usávamos a cada década, os surfistas mais representativos, visões do estilo de vida registradas pelos melhores fotógrafos, ilustrações, cartazes, ação e emoção. Não há como não catalogar Surfing como um livro de peso.

O EXEMPLAR QUE ADQUIRI NA LIVRARIA CULTURA AQUI EM SAMPA VEIO EM UMA SACOLA ESPECIAL COM ALÇA, CONSEGUI PARCELAR EM 10 X

Os capítulos são divididos por eras da evolução do surf, com títulos e subtítulos:

1778-1945 O SURGIMENTO DE UM ESPORTE

1946-1961 ACELERANDO

1962-1969 A ÚNICA VIDA É O SURF

1970-1986 PARAÍSO DE CAMPEONATOS

1987-2015 O SURF DECOLA

Ainda, no meio do livro, baseado na coleção de pranchas do Centro da Herança e Cultura do Surf na Califórnia, há um imenso folder que se abre em seis grandes páginas, exibindo 36 dos artefatos originais que nossos pares usaram desde os primórdios até os dias mais atuais, incluído pranchas de campeões mundiais.


 

O livro foi publicado pela Taschen em 2015, vem com uma introdução de duas páginas do autor Jim Heimann e os cinco capítulos acima ficam na mão de convidados do naipe de Drew Kampion, Sam George, Matt Warshaw... editores da Surfer como Steve Barilotti. O que realmente dá peso ao livro é a quantidade, a relevância na escolha e a disposição do material ilustrativo. Cada uma das imagens selecionadas, mais de mil fotografias, merece que tomemos algum tempo para apreciar, entender o contexto e sentir o impacto que nos provocam. 

DUPLA DE ABERTURA DE UM DOS CAPÍTULOS

Jim Heimann é autor de diversos livros. Sua grande notoriedade é como designer gráfico, fez livros sobre carros de diversas décadas, moda, iconografia. Vivendo na Califórnia, sempre foi uma fonte de consulta para produtores de Hollywood. Alguns de seus belos livros: Classic Cars, Fashion, livros selecionando anúncios, carros e tendências de moda, divididos por décadas. Fez livros, sempre muito bem ilustrados, sobre iconografia havaiana e finalmente Surfing.

 

DUPLA DO SEGUNDO CAPÍTULO

Não é um livro barato, mas para quem tiver a oportunidade de segurar, com fé e força, um destes exemplares em sua mão, ou melhor, encontre uma mesa ampla e firme para manusear esta ‘master-piece’, isso mesmo, uma obra-prima da literatura do surf. Qualquer pessoa, surfista ou não, vai ficar encantada ao surfar esta empreitada de envergadura única na literatura do surf.


 

 

UM FILME – RIDING GIANTS – Stacy Peralta

Stacy mostrou sua habilidade cinematográfica desde muito jovem com filmes de skate, desde 1984 a Powell\Peralta produziu uma série de documentários iniciando com The Bones Brigade Video Show. O ápice foi a concepção do documentário Dog Town And Z-Boys, já nos anos 2000, que acabou virando um bom filme de Hollywood. Com Riding Giants de 2004 ele se aventurou a documentar sua primeira paixão, o surf. Escolheu as ondas grandes como fio condutor. Recentemente fez The Yin and Yang of Gerry Lopez um retrato do surfista mais famoso da história, depois de Duke e antes de surgir Kelly Slater.

 

CONTRACAPA DA PRODUÇÃO EM BLU-RAY

Para contar essa história ele ancorou o filme de quase duas horas, em três personagens marcantes. Ancorou não, diria que pela característica destes três “psicopatas” do surf, soltou a barca, digo as pranchas num verdadeiro mar raivoso de aventuras e atitudes pioneiras. O documentário tem um ritmo a altura da adrenalina que vai transbordando da tela. A versão original do DVD, produzida nos EUA traz um timeline com os grandes acontecimentos que foram moldando o surf em ondas grandes.


O filme, com roteiro de Stacy Peralta e Sam George vem desde as raízes do surf e desemboca nas histórias de vida destes três protagonistas: Greg Noll, que ao chegar no Hawaii se encantou pelas ondas grandes e foi abrindo novas portas, patamares de performance, com um grupo de amigos; por outro lado Jeff Clark, sozinho morando no centro norte da Califórnia, ao não encontrar parceiros decidiu enfrentar Mavericks solo; por fim a apoteose final desta história apresenta Laird Hamilton descortinando novas formas de ataque a ondas que estavam em um “realm” (reino, esfera, domínio) ainda não desafiado. O filme foi fechado antes da apresentação de Nazaré por Garrett McNamara, o que poderia gerar um novo seguimento.

TRAILER – RIDING GIANTS


 O filme foi exibido e distribuído ao redor do mundo e teve grande sucesso vencendo diversos prêmios em renomados festivais internacionais. Este é um daqueles itens que vale a pena termos em nossa coleção. Riding Giants consolida Stacy Peralta como um dos grandes documentaristas de esportes radicais da era moderna, com o reforço de Sam George na redação da história contada, traz uma peça lastreada por profunda pesquisa. As imagens coletadas, o trabalho de animações visuais, o enredo contado de forma muito dinâmica, tudo junto fazem deste um dos melhores filmes de surf de toda história.

CAPA DA VERSÃO ITALIANA DO FILME

Para finalizar é importante destacar que essa “nossa” história do surf sempre ganha força ao se valer de personagens maiores que a própria história em si. Noll, Clark e Hamilton são monstruosos em se tratando de suas jornadas de literalmente quebrar chão novo no aspecto de desafiar as maiores ondas do planeta. São legados como esses que ficarão para que as futuras gerações tenham conhecimento da jornada que percorremos até aqui.

 

Com esta última postagem de 2024 encerro mais este belo ano para a história do surf brasileiro convidando os apreciadores deste Blog do Dragão - HISTÓRIAS DO SURF a navegarem pelos episódios que tenho lançado nos últimos 10 anos, parte de meu trabalho de pesquisa para a concretização da coleção de livros que visualizei. Até agora lancei apenas o primeiro volume, mas meu objetivo é concretizar os próximos. Em 2025 finalmente será lançado o segundo livro, já com este aperitivo do texto no capítulo que falará de meu berço especifico na prática do surf – o Guarujá.

 

Naveguem pelo site, pelo blog, desfrutem do primeiro livro, aguardem novidades. Agradeço meus patrocinadores desde o início dessa jornada:

https://reidragao.wixsite.com/hsurfbr/clients

 

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 

2024 FATOS & PERSPECTIVAS

DIAS HISTÓRICOS PARA O SURF BRASILEIRO

Nos ISA Games de Porto Rico um show de Medina

O dia 3 de março de 2024 apresentou ingredientes de emoção, apreensão e glória para nossa equipe que participou dos ISA WORLD SURFING GAMES realizados no mar do Caribe em Porto Rico. As performances de Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb foram decisivas. Ao final da competição o Brasil foi o único país a classificar 3 mulheres e 3 homens para as competições de surf das Olimpíadas que seriam realizadas no Tahiti.

IMAGEM RETIRADA DA TRANSMISSÃO DO CANAL OLÍMPICO NO YOUTUBE

EQUIPE BRASILEIRA DE SURF CLASSIFICADA PARA PARIS 2024

O que Gabriel Medina fez em Porto Rico foi estupendo. Durante os nove dias de competição ele esteve sempre inspirado, nunca caiu para a repescagem, vencendo todas as baterias que disputou, por vezes em condições difíceis de ondas. “Man on a mission” seria a melhor descrição simplista. A missão: conseguir uma vaga para PARIS 2024, ou melhor, a chance de disputar uma medalha olímpica em Teahupoo. Sua única opção seria vencer o evento. Foi E S P E T A C U L A R assistir a sua performance.

 GABRIEL MEDINA EM PORTO RICO FOTO RETIRADA DO SITE DA ISA

Com o vice de Tati na categoria e os resultados de Tainá e Luana somados o Brasil foi não só campeão por equipes no masculino, mas também no feminino e por tabela no geral. Um resultado totalmente histórico e em um momento crucial de classificação e busca pela vaga olímpica.

A ilha caribenha de Porto Rico ganha uma representatividade ainda maior na história de nosso surf competitivo. No século passado, no mundial da ISA de 1988, com a vitória de Fábio Gouveia (e toda performance da equipe) foi como se apresentássemos nosso cartão de visita para a comunidade anglo saxônica que sempre dominou o esporte e seus títulos internacionais.

Nesta década de 20, do novo milênio, o Brasil está mais do que consolidado como uma das grandes potências do surf. Os ISA GAMES vêm trazendo novas nações para integrar a comunidade a cada edição dos jogos. O que Gabriel Medina fez em Arecibo neste ano de 2024 será lembrado como uma das apresentações mais emblemáticas de toda história competitiva do esporte, em uma final com um marroquino e dois franceses. Nenhum surfista de língua inglesa no masculino.

Os “deuses do surf” conspiraram para que justiça fosse feita. A ausência de Gabriel nos Jogos de Paris, em uma onda que ele tem desfilado apresentações épicas, avassaladoras, espetaculares durante os últimos 10 anos. Seria uma perda (que não poderia ser) para o esporte surf. E não foi. Graças a Deus. E a genialidade competitiva de que muitos analistas consideram o melhor surfista competidor da atualidade. Infelizmente, como todos sabem, depois de breves soluços do mar em sua bateria semifinal das Olimpíadas, foram 17 minutos de um recesso total de ondas e Gabriel nada pode fazer. Mas depois do baque, voltou disputou e conquistou uma medalha de bronze contra um surfista do Peru.

 

NO ÚNICO DIA DE ONDAS ÉPICAS PARA OS JOGOS DE PARIS 2024 (EM TEAHUPOO) MEDINA FOI O MAIOR DESTAQUE – THREADS\ESPN

TATIANA WESTON-WEBB FICOU COM A PRATA NO SURF FEMININO. A EXPECTATIVA É QUE O SURF CONTINUE TRAZENDO MEDALHAS PARA O BRASIL NOS JOGOS. ESTA IMAGEM É DA ONDA NOTA 10 DE TATI NA ETAPA DA WSL NO TAHITI, MESES ANTES DAS OLIMPÍADAS

Tatiana, filha de uma bodyboarder gaúcha, com um surfista irlandês, que desde muito jovem morou na ilha Kauai, no Hawaii, foi a grande estrela do surf feminino brasileiro na temporada 2024. Com a prata nas olimpíadas e o terceiro lugar na WSL (Liga Mundial de Surf), a surfista nascida em 9 de maio de 1996 em Porto Alegre, deu show em diversas ocasiões durante as mais importantes competições da temporada 2024.

Outro surfista que fez as honras brasileiras neste ano olímpico foi Ítalo Ferreira. O potiguar de Baía Formosa chegou perto de seu segundo título mundial em setembro, com uma performance de desenvoltura atlética impressionante, pela segunda vez veio do início das competições no evento chamado WSL FINALS, com os 5 melhores da temporada em Trestles. Desta vez esbarrou no havaiano John John Florence na final, uma melhor de três decisiva, isso após desbancar da disputa dois australianos e um norte-americano. O mesmo já havia acontecido contra Filipe Toledo em 2022. Ítalo, campeão mundial em 2019 e duas vezes vice (2022 e 2024) venceu as etapas do Tahiti e do Brasil na temporada 2024 da WSL. Está afiado para ir à caça de seu segundo título profissional e quem sabe um segundo ouro olímpico em 2028.

ÍTALO FERREIRA EM UMA DAS QUASE 30 ONDAS QUE SURFOU NO DIA DECISIVO DA WSL NA CALIFÓRNIA EM 2024. RECORTE DO SITE WAVES

 

Daqui vamos para as habituais indicações de 1 DISCO – 1 LIVRO – 1 FILME.

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO


 

UM LIVRO



UM FILME




UM DISCO – SURF LIFE – Claudio Celso

Conheço Claudinho desde muito cedo, nossa amizade ficou forte surfando as ondas de Pitangueiras, mas ele era meu colega no colégio, um ano na minha frente, era vizinho da casa da minha avó em rua do Itaim Bibi na Capital Paulista. Uma rua só de casas, hoje emparedada por prédios e mais prédios. No Guarujá, nos anos 1970, a turma de surfistas que vinha da capital todos os finais de semana, também nas férias de verão e no mês de julho, era pequena e muito unida.

ABERTURA DE PERFIL QUE FIZ SOBRE CLAUDIO CELSO PUBLICADO EM UMA REVISTA VENICE EM 2006

AMPLIANDO A IMAGEM NUM DESKTOP DÁ PARA LER 

A edição trazia também uma bela revisão histórica sobre as 4 quilhas, de Ricardo Bocão e que ganhavam projeção naquele momento. A matéria sobre meu brother guitarrista veio em quatro páginas duplas contando a trajetória de Claudinho que depois de uma longa temporada nos EUA, trabalhando com estrelas de grande fama voltou ao Brasil e vez por outra deu o ar de sua graça em diversos barzinhos do Guarujá.

CAPA DA VENICE MAG EM QUE SAIU A MATÉRIA

Entre aquela primeira turma de surfistas do Guarujá surgiram alguns músicos virtuosos. Também empresários, surfistas que trilharam os mais diversos caminhos profissionais. O CD aqui apresentado, talvez o trabalho menos famoso de Claudio Celso, mas não menos competente, foi produzido por Marco Buru, outro de nossos amigos daquela turma e que teve participação fundamental na fundação da OP, a primeira gigante da surfwear brasileira. Essa história ainda será contada neste blog.

CAPA DE TRÁS DO CD COM OS CRÉDITOS E MÚSICAS

OUÇA O DISCO NA ÍNTEGRA NESTE LINK DO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=Hy7jy6KOfuk&list=OLAK5uy_mQLJEcM3_2Ua0rTv1wDjLPkfi9YyECAI4

 

Claudio Celso no início de sua carreira, ainda muito jovem, trabalhou com professores de música brasileiros do mais alto nível. Com sua aptidão chegou a ser convidado pela revista Guitar Player para ministrar cursos de guitarra, diversos... Da MPB, ao jazz, country, erudito, rock, ele desfilou seu talento nos mais diversos campos da música. Se mudou para os EUA. Tocou ao lado de músicos como Chet Baker, Willie Nelson, Sérgio Dias dos Mutantes, Naná Vasconcellos, Roberta Flack, Zimbo Trio... Tocou com orquestras e programas do tipo Clube dos Artistas e Almoço com as Estrelas.

OUTRA PÁGINA DUPLA DA MATÉRIA QUE FIZ PARA UM REVISTA VENICE EM JUNHO DE 2006 TRAZ A CAPA DO CD QUE LANÇAVA NA OCASIÃO

Outros álbuns dele como Brazilian Jazz e Swell (que traz uma versão esplendorosa de Bye Bye Brasil), podem ser encontrados nos canais digitais. Seu estilo de guitarra suave tem tudo a ver com o desenrolar de um swell, uma vida ligada ao surf. Aguardem novas recomendações musicais neste blog.

 

 

UM LIVRO – Em busca das gigantes do oceano A ONDA – Susan Casey

Tenho a versão brasileira deste livro, editado pela Zahar em 2010. A versão original, considerada um best seller pelo jornal New York Times, foi publicada nos EUA no mesmo ano.

CAPA DA VERSÃO EM PORTUGUÊS

Susan Casey nasceu em Toronto, no Canadá é uma escritora da grande imprensa nos EUA, dedicando-se a obras que envolvem esportes, animais e natureza sempre ligada ao mar. Escreveu para jornais e revistas conceituadas, matérias para revistas como Esquire, National Geographic, Sports Illustrated, Fortune e Outside. Ela sabe romancear situações de tensão em contato a natureza viva, ativa em modo selvagem.

O livro The Wave é um trabalho de pesquisa abrangente sobre as ondas do mar, não só sobre as ondas grandes e perfeitas procuradas pelos surfistas, como também das ondas de mar aberto, gigantescas e assustadoras, enfrentadas em meio a grandes tempestades por navios cargueiros que atravessam os oceanos. Um estudo de grande envergadura sobre como as ondas são geradas, em que regiões são encontradas as maiores. Traz relatos impressionantes de pessoas que ficaram no olho do furacão.

SUSAN CASEY AO LADO DE LAIRD HAMILTON EM UMA DAS VERNISSAGES DO LIVRO

Um dos capítulos que traz uma narrativa de grande interesse para os surfistas apreciadores das ondas gigantes é do dia em que Laird Hamilton surfou o que considera a maior onda de sua vida, em um pico chamado Egypt, no North Shore de Maui (fica entre Jaws e Honolua Bay), próximo ao porto e aeroporto de Kahului. Morando entre Nova Iorque e Maui ela acabou gerando uma amizade com Laird, de onde obteve informações importantes para ilustrar em prosa experiências radicais surfando as ondas dos mares. A Onda é um livro muito interessante.

 

 

UM FILME – A ONDA – Henrique Daniel e Breno Dines

Na verdade “A ONDA – Presente, Passado e Futuro do Surf” é uma série de quatro documentários em um total de quase duas horas. Nenhuma relação com o livro citado acima. A brilhante obra tem sido exibida no SporTV diversas vezes, nos momentos de espera das etapas da temporada da WSL. Lançado em 2023, já com imagens da primeira participação do surf nas Olimpíadas em 2021.


Títulos em que são divididos os episódios:

A ORIGEM

A COMPETIÇÃO

HERÓIS

O OLIMPO

A viagem total de quase 120 minutos é de certa forma hipnótica, pois vai costurando imagens históricas, muito bem selecionadas, com uma narrativa muito bem roteirizada e que contou com a pesquisa de um dos maiores conhecedores da história do surf no Brasil, o jornalista Bruno Bocayuva. A direção ficou a cargo de Henrique Daniel (HDaniel Stúdio), responsável pela série de reality shows Mundo Medina, entre outras produções para o Canal OFF e filmes de surf. Também é realçada a qualidade pela direção do comentarista de surf do SporTV e surfista Breno Dines, responsável por um competentíssimo roteiro.

TRAILER – A ONDA

O resultado é uma série de programas que abrangem toda história do surf competição, desde que foi introduzido em maior escala ao mundo ocidental pelo nadador medalhista Duke Kahanamoku, na primeira metade do século passado, aos incríveis eventos do circuito mundial da atualidade, até culminar na Olimpíada de Tokyo 2020 (21). Na verdade, um sonho que Duke manifestou naqueles embrionários anos em que o surf era uma atividade, literalmente, underground. Todo trabalho do argentino Fernando Aguerre para concretizar este sonho é enaltecido na obra. Bem como a importância do surfista de Niterói, Mano Ziul que criou todo ambiente tecnológico dos webcasts. Mais um legado que o surf "emprestou" ao mundo de uma forma geral.

Um bom documentário, neste belo conceito que tem sido lapidado em anos mais recentes, traz um roteiro bem elaborado, com depoimentos de pessoas que vivenciaram os momentos históricos mais importantes, tudo isso dosado com uma narrativa instigante. Em todos estes quesitos Henrique Daniel e Breno Dines pecaram pelo excesso de preciosismo. Esse primor em efetuar um trabalho com profundidade, fez a equipe buscar depoimentos de boa parte dos os campeões mundiais da IPS (1976 a 82), ASP (83 a 2014) e WSL (2015...), de organizadores do esporte, dirigentes. Daí a necessidade de ser um projeto longo, isso é um dos segredos da grandiosidade da obra.

O que transforma A ONDA um documento que merece ser assistido, foi essa quantidade, e principalmente qualidade, dos diversos depoimentos coletados, de surfistas brasileiros e estrangeiros, dosados de forma magistral ao longo dos episódios, elencados com enredo coerente e criativo. Uma mistura de imagens colhidas hoje em dia e nos mais diversos momentos da história do surf. Um trabalho que vale a pena apreciar e deve (merece) ser repetido infinitas vezes nos Canais Globsat. Os quatro episódios estão disponíveis através da Globoplay para serem assistidos a qualquer hora.