sábado, 20 de setembro de 2025

 

O TÍTULO DE YAGO DORA     &

A tempestade que teima em relampejar

São oito títulos mundiais de surf na categoria masculino em pouco mais de uma década. O único surfista a desafiar uma hegemonia fantástica dos surfistas brasileiros foi o prodígio havaiano John John Florence, com três canecos (2016\2017\2024). Yago Dora trouxe a cobiçada taça de volta pra casa em 2025.

O TROFÉU DA WSL FOI REESTILIZADO A PARTIR DE 2015

YAGO DORA, GLÓRIA - NAS ILHAS FIJI

Quando Gabriel Medina venceu em 2014 a taça ainda era a tradicional dos tempos da ASP. O novo troféu que homenageia o havaiano Duke Kahanamoku foi adotado na era da WSL, que assumiu o circuito a partir de 2015. Na sequência vieram títulos de Adriano de Souza, Ítalo Ferreira, Filipe Toledo e agora Yago.

 

O PRIMEIRO TROFÉU DE GABRIEL

FOTO DE SEBASTIAN ROJAS NO ÍNDICE DO VOLUME 1 DE

“A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO” 

Esta postagem é para comemorar o título do catarinense Yago Dora, entre milhares de fotografias acessíveis na internet essa que recolhi do seu Instagram em 2015 é uma das minhas preferidas. Ela representa ao mesmo tempo a estética e o comprometimento no surf de Yago. Sombras da sutileza de Lopez e do ataque power de Tom Carroll.

YAGO DORA PIPELINE. FOTO: JULES

No dia 9 de setembro de 2025, menos de uma semana após sua conquista, Yago compareceu à sede da cerveja Heineken na capital paulista para conceder uma entrevista coletiva para a imprensa, estava lotado. Um de seus patrocinadores é a cerveja Praya, criada por surfistas brazucas, adotada pelo poderoso grupo empresarial. A pequena imprensa especializada, que ainda persiste, e uma miríade de jornalistas do que antigamente, nós editores das revistas de surf chamávamos de “a grande imprensa” se espremia no espaço, sentada e de pé, para ver e ouvir este novo ídolo nacional.

FOTO QUE FIZ NO EVENTO. NA MESA E NA PRANCHA (VELHA DE GUERRAS) OS PATROCINADORES BUSCANDO ESPAÇO.

AO LADO DE YAGO A BELÍSSIMA TAÇA CONCEBIDA PELA WSL

O talento de Yago Dora já era notado pela mídia do surf há mais de uma década. Foi um processo de amadurecimento. Vamos tentar aqui em uma breve postagem contar pedaços da história de um garoto, filho de surfistas, que nasceu em Curitiba, mudou para Floripa muito novo, gostava de futebol, influenciou-se pelo skate, abraçou uma carreira de free surfer, tomou gosto pelas competições e se transformou no melhor surfista do mundo. 

CAPA DA REVISTA HARDCORE EM 2015

UMA QUESTÃO GERACIONAL

Uma década antes de seu título Yago começou a ganhar notoriedade, inclusive internacional, ao participar do vídeo Psychic Migrations, ao lado de novos e promissores surfistas. Não havia o peso, nem o compromisso de participar de competições.

Naquele ano de 2015 o pai de Yago acompanhava Adriano de Souza como “coach” em sua temporada rumo ao merecido título. O jovem filho estava de camarote, envolvido na segunda trajetória vencedora para o surf brasileiro. Daí para frente foi mais um passo, ou 10 passos (anos) em que aflorou o gosto por competir e desabrochou esta excelência, indiscutível, atingida em 2025. 

YAGO COM O PAI LEANDRO DORA

Conheci ele como Leandro Breda nos anos 1990, codinome Grilo, um dos mais destacados surfistas do Paraná naquele tempo em que eu trabalhava na revista Hardcore. O nome de Leandro figurava entre finalistas de campeonatos naquele estado. Grilo, viajando junto com meu grande brother Júlio Adler chegou a ficar hospedado em meu apartamento do Guarujá, quando vinha competir em eventos da Abrasp.

Yago ainda não havia nascido, tínhamos a oportunidade de conversar muito sobre técnicas de surf, competição, revistas. Na ocasião de campeonatos em Pitangueiras, sempre hospedei muitos amigos, surfistas profissionais, que vinham surfar nos eventos em meu estado natal. Tanto no caso de Leandro, como de Julinho, era possível perceber que além do talento no surf, tinham uma visão peculiar da evolução do esporte. De até onde... o “nosso” Brasil poderia chegar? Chegou!

 

REPRODUÇÃO DE CAPA DA FLUIR 350 EM 2014

Naqueles anos 1990, vivíamos o espetacular ataque de Fabinho e Teco no World Tour, na era da ASP. Era empolgante a perspectiva de termos nosso primeiro campeão mundial profissional. E veio Kelly Slater. Fomos batendo naquela porta que os australianos haviam arrombado “busted” duas décadas antes. Na virada dos anos 2000 chegamos a ter mais de 10 surfistas na elite dos Top 44. O título ainda ficou ao largo, com um quinto de Fabinho, um terceiro de Vitinho Ribas em 1999 e outros destaques esporádicos. A tempestade viria apenas nos Anos 10. 

YAGO E ÍTALO APRESENTAM AS LYCRAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA ESCALADA PARA O WSL FINALS DE 2025 EM FIJI

Hoje temos esta legião de campeões que começou em 2014 com o título de Gabriel Medina. No documentário A Onda, apresentado no SporTV e já destacado neste blog (voltem algumas postagens no tempo), é marcante uma das declarações de nosso bicampeão do WQS, Teco Padaratz, hoje presidente da Confederação Brasileira de Surf, em que destaca que a intitulada BRAZILIAN STORM do início deste milênio, será um fenômeno tão marcante como a revolução chamada BUSTIN’ DOWN THE DOOR, protagonizada por australianos e pelos primos Tomson, da África do Sul, na segunda metade da década de 70.

O fato é que estamos no meio da década de 20 e fora o havaiano John, independente de todo esforço das novas gerações australianas, norte americanas ninguém foi capaz de desafiar esta hegemonia brazuca. Yago Dora é um surfista que foi galgando o ranking durante a década. Classificou-se em 2017 e até 2020 ficou gravitando ao redor da vigésima posição, se mantendo na elite. Em 2021 foi 9º; em 2022 uma contusão o tirou das 5 primeiras etapas, ficou em 19º; 7º em 2023; 6º em 2024 e principalmente nesta temporada, em que capturou a lycra amarela de líder na reta final e na hora do – vamos ver – não olhou para trás. Ninguém discute o merecimento do título dele.

HOMENAGEM DA MARCA VOLCOM, QUE O PATROCINA POR MAIS DE UMA DÉCADA, AO MEMORÁVEL FEITO

O bico das pranchas de Yago traz este diamante exótico desde os tempos de free surfer, cacifou a transição para o competidor e colhe os louros ao lado de mais este fenômeno brasileiro. Yago arrebanhou sua fama e idolatria por aéreos espetaculares e bem finalizados, de front e de backside. Por sua maestria em tubos, com um flair característico. Mas principalmente por sua fluidez e compostura de estilo despojado e quase sempre irretocável.

Mais algumas capas que ele angariou, enquanto as revistas ainda existiam. 

INDONÉSIA 2016



MALDIVAS 2014

 

NORONHA 2017

Sua maestria em aéreos e principalmente tubos eram considerados ativos fortes para que consumasse sua liderança no ranking, confirmando o título mundial nas ondas características das Ilhas Fiji. O favoritismo era de certa forma justificado para picos como Cloudbreak e Restaurants. Mas não foi bem isso que aconteceu. Como sabemos de sobra acompanhando estas competições de surf desde os anos 70, a situação pode não ser a prevista e aí pesa a versatilidade do competidor. Yago teve de fazer uso de uma outra de suas armas fatais, as potentes rasgadas de frontside em alta velocidade.

MONTAGEM QUE PREPAREI COM 3 MOMENTOS COLHIDOS DO INSTAGRAM. MARESIAS 2015; FIJI NA TEMPORADA DE 2024; MAIS UMA VEZ CLOUDBREAK, DURANTE A BATERIA DO TÍTULO DA WSL 2025

A potência e precisão destas manobras estão em seu DNA há uma década. Rasgadas levadas ao “estado da arte” na bateria decisiva contra Griffin Colapinto, associadas a um ataque preciso, veloz, seguro e matador, não deram a mínima chance para o talentoso californiano desafiá-lo.

Apologias ao surf de Yago estão espalhadas pela mídia escrita, falada, televisiva e da internet, esta postagem indica algumas opções para aquilatar a admiração que nosso mais novo herói nacional proporciona. 

SITE DO BOIA PODCAST COM COMENTÁRIOS DE BRUNO BOCAYUVA, JOÃO VALENTE E JULIO ADLER – VALE OUVIR O EPISÓDIO 320

FERNANDO IESCA DO WAVES ESTAVA COMIGO NA ENTREVISTA COLETIVA E TROUXE DEPOIMENTO EXCLUSIVO PARA O SITE WAVES

No Waves, um dos mais tradicionais veículos que cobre o surf é possível encontrar link para os programas De Olho No Tour, com comentários dos experientes Marcelo Andrade e Marcelo Boscoli; e também buscar a newsletter Conversa de Praia, escrita por Adrian Kojin, que também esteve ajudando os apresentadores do programa Bola da Vez, ESPN a entrevistar Yago. Vale a pena dar uma varrida nas opções de mídia para conhecer mais da carreira, do modo de ser e das façanhas do carismático Yago Dora.

Naquele dia 9 de setembro tive o prazer de entregar pessoalmente para Yago o primeiro de meus cinco livros com uma dedicatória especial.

O segundo volume permanece em produção. A coleção, projetada para 5 livros será concretizada, continuo trabalhando nisso, agradeço a compreensão de todos que aguardam. Aqui abaixo deixo um roteiro dos capítulos para VOL. 2.

Os atletas que escolhi como ÍCONES são apresentados em ordem de idade. Picuruta Salazar virá no terceiro volume.

Todos os capítulos ímpares, que apelidei de MEMÓRIAS do surf brasileiro, são projetados para quatro páginas (duas duplas). Os outros três tipos, enfocando SURFISTAS \ PRAIAS \ CAMPEONATOS são grandes. A coleção completa trará 660 páginas quando ficar pronta.

Independente desta grandiosa introdução não me furtarei em deixar a seguir as já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

UM DISCO


 

UM LIVRO

 


UM FILME

 


 

 

UM DISCO – BREEZIN’ – George Benson

Muitos dos primeiros filmes de surf ainda nos anos 1950 e início dos anos 60 traziam como trilha sonora músicas instrumentais de jazz, com muito saxofone. Depois começaram a aparecer conjuntos da chamada “surf music” e o que foi apelidado de “surf guitar”, característica de um dos principais expoentes: Dick Dale. E veio a trilha de Endless Summer, destacada aqui neste blog na primeira postagem em que introduzi a tradição: 1 DISCO – 1 LIVRO – 1 FILME.

Após a Shortboard Revolution, quando os pranchões deram lugar às pranchinhas, uma profusão de filmes que foram lançados a partir do início dos anos 1970, tinham o rock como a trilha sonora preponderante. Até hoje é. Embora a criatividade dos cineastas de surf traga todas as vertentes de sonoridade para ilustrar cenas de surf. Quando comecei a surfar, a partir de 1969, a música que eu gostava de ouvir e me inspirava para surfar era o rock inglês, americano e bem mais tarde o australiano.

Até que... 

UM DOS PRIMEIROS DISCOS DE JAZZ DA MINHA COLEÇÃO DE VINIS, AINDA GUARDO MAIS DE 1000 BOLACHAS PRATICAMENTE IMACULADAS

Os rituais do surf seguem roteiros, até retratados em filmes como North Shore (Surf no Havaí). “Gurus”, que normalmente são fabricantes de pranchas, mais velhos e vão influenciando as novas gerações. Na primeira turma do Guarujá um dos pioneiros foi Thyola Chiarella, trabalha com pranchas até hoje, além dos 70 anos vividos. Sua influência e conhecimento não se restringia às pranchas; dava dicas de picos que desbravava (foi o primeiro brasileiro a ir para Nias, junto com o carioca Mangabeira em 1979), fui para lá no ano seguinte; e música. Em sua pioneira viagem ao Hawaii voltou com este disco de George Benson. Pirei e comecei a pesquisar músicos de jazz. 

LADO A DE BREEZIN’ COM MÚSICAS DE BOBBY WOMACK; O HIT DO ÁLBUM, THIS MASQUERADE – UM CLÁSSICO DE LEON RUSSEL; E UMA MÚSICA DO BAIXISTA PHIL UPCHURCH

George Benson sempre foi magistral ao adotar músicas de terceiros e criar roupagens inusitadas regadas ao seu talento com a guitarra. O disco Breezin’, de 1976, representa a transição de Benson para uma passagem do jazz mais de raiz, instrumental, com clara influência de Wes Montgomery em seu estilo de tocar, para sua fase jazz vocal, quando passaram a predominar composições cantadas, sempre entremeadas por seus virtuosos solos de guitarra. Digamos que a partir de 1976 ele mergulhou em uma jornada mais “comercial”.

ESTES SÃO OS DISCOS QUE TENHO EM VINIL, FORA FITAS K7 E CDs

Nesta coleção a maior parte são de sua fase instrumental, que considero os melhores discos em que o talento dele na guitarra é exibido em todo seu esplendor. Depois de conhecer Breezin’, passei a buscar as obras anteriores e comprar cada novo disco que saia. Tive o prazer de assistir ao show dele do álbum Weekend In L. A. em minha terceira temporada havaiana 78\79, na Blaisdell Arena em Honolulu, um ginásio tipo o do Ibirapuera, ou do Maracanãzinho. O público entrou em polvorosa aos primeiros acordes de On Broadway, o hit do momento. Porém, o melhor não estava por vir, já havia ocorrido. Em Maui, dois anos antes.

BLUEMAX, A ICÔNICA CASA NOTURNA NA FRONT STREET DE LAHAINA

Recentemente a cidade de Lahaina, no southwest side de Maui foi destruída pelas chamas. Um incêndio colossal que iniciou nos canaviais secos, disparou em direção à pequena cidade atiçado por um vento ciclônico. O lindo vilarejo, com prédios antológicos não teve como resistir. A cidade que tinha predominantemente casas de madeira, queimou. Quase inteira. Em quatro, das treze temporadas que fui ao Hawaii bati o cartão em Maui, me hospedei perto de Lahaina, com o objetivo de surfar Honolua Bay. Na temporada 76\77 estava em Maui com meu grande amigo Sidão e já havíamos descoberto que o Bluemax era “the place to go” sempre com boa música ao vivo e boa comida.


O GÊNIO DA GUITARRA EM MAUI

George Benson apareceu para jantar no Bluemax. Ele sempre estava por Maui, chegou a montar um estúdio lá. Entrou e foi jantar. Sidão e eu confabulamos, seria impossível deixarem ele sair dali sem dar uma canja com a banda da vez. Já havíamos jantado e descolamos duas cadeiras na beira do palco. Foram apenas duas músicas. Sidney Luiz Tenucci Júnior, como guitarrista que era, pirou. Eu idem. Momento que fará 50 anos, mas impossível esquecer.

Para quem desejar pesquisar os álbuns de George Benson, minha recomendação é começar pelos mais antigos, sentir como seu talento, apenas como instrumentista, foi evoluindo. Um grande vocalista, mas seu verdadeiro dom é dedilhar a guitarra. Os que estão em primeiro plano na foto que coloquei acima são ótimos. Mas todos os discos de Benson são muito bons. Uma outra recomendação especial, além de Breezin‘, é The Other Side Of The Abbey Road, o disco dos Beatles foi refeito na íntegra e traz alguns vocais, mas é basicamente instrumental. É ouro puro.

 

UM LIVRO – OUTRAS ONDAS – Fred d’Orey

Na contracapa do livro de Frederico d’Orey a parede azul e perfeita da onda continua... É como se fosse a busca por um sonho sem fim. Na verdade, essa é a emoção que os praticantes deste esporte\estilo de vida se deparam ao mergulhar à fundo na prática.

CAPA E CONTRA CAPA DO LIVRO PUBLICADO PELA EDITORA GAIA

Sempre recomendo aos leitores de meu blog navegarem por estas longas postagens em um desktop e não nos telefones. A maioria das imagens, reprodução de algumas páginas que utilizo para ilustrar, podem ser baixadas em download, ampliadas e lidas em uma tela grande. Vejam as opiniões destes amigos e especialistas.

O livro é um delicioso passeio pela cultura do surf, narrado por alguém que, além de ter o dom da escrita, viveu intensamente os dois lados antagônicos e ao mesmo tempo maravilhosos do esporte – Fred foi um competidor de muita qualidade e também um viajante inveterado em busca de perfeitas novas ondas e da aventura da descoberta levando o estilo de vida do surf livre ao extremo.

Em Outas Ondas d’Orey selecionou 75 de suas colunas escritas no início dos anos 2000 para a revista Fluir. Poucas pessoas tem a capacidade de descrever detalhes dessa vida como um garoto que começou a surfar em 1975 no Arpoador. Fred teve como referência aquela constelação de surfistas casca grossa do Rio que vinham da geração do Píer, monstros sagrados, alguns ativos até hoje. O nome do pai de Fred também era Frederico, um dos primeiros pilotos de Fórmula 1 brasileiros, atuou com o codinome Fritz d’Orey, o filho adotou a alcunha Fred. A mãe dele era sueca, filha de embaixadores em Paris. O filho, nascido em 1962, foi cooptado de forma irrefutável pelo surf. Decidiu ser competidor, destaque nos Waimea 5000, chegando a ser terceiro em 1981, na etapa vencida por Cheyne Horan. Nos anos 1980 fundou o jornal Staff em parceria com Rosaldo Cavalcanti. Logo colocou no topo de suas prioridades viajar em busca das mais variadas ondas e culturas ao redor do planeta. Sem sossegar de seus dotes surfísticos, ou jornalísticos, virou empresário com uma marca de confecção.

Em fevereiro de 2012, no Facebook de sua marca Totem, Fred fez uma parceria com o lendário fotógrafo Tito Rosemberg para divulgar alguns dos primeiros registros do surf no Brasil, desde os tempos das pranchas de madeirite. Um trabalho primorosamente legendado. Vale a pena perder algum tempo admirando cada fotografia e as informações relacionadas. Divirtam-se no link abaixo:

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.361573333853616.97652.128902800454005&type=1

 

Tive o prazer de formar uma parceria com Fred d’Orey no final dos anos 1980, quando atuamos juntos editando a revista Fluir, na edição de número 50, em dezembro de 1989, ao lado de nosso associado editor Alceu Toledo Junior, o Juninho, montamos uma edição com os momentos mais importantes da década que se encerrava e as perspectivas para os promissores anos 90... Cada um de nós três e outros selecionados convidados criamos uma série de páginas duplas com os mais variados temas. Nos anos 90, Juninho e eu fomos parar na Hardcore e até antes da coluna Outras Ondas na Fluir d’Orey, convidado por Juninho, foi colunista da Hardcore.

 
CAPA DA FLUIR 50, UMA RESENHA DA DÉCADA DE 80

Nos anos 80, ainda na Fluir, bancados pela marca By Tico, Fred partiu para uma longa viagem na Indonésia, ao lado do fotógrafo Bruno Alves e uma numerosa equipe de surfistas e bodyboarders patrocinados por Tico Cavalcanti. Foi concebida uma série de matérias sobre Bali, Grajagan, West Java e Panaitan com inspirados textos de Fred e ilustradas por Brunão, que era o editor de fotografia da Fluir. Fiquei em Sampa tocando a revista e foi gratificante receber a chegada de todas aquelas bobinas de filmes para serem revelados e montar, ao lado deles, quatro matérias em edições diferentes com quase 50 páginas no total. Como diretor de redação, que era meu cargo na época, ter um diamante deste quilate para rechear as páginas foi um prêmio para todos nós e principalmente para os leitores.

Fora as veias, jornalística, de surfista e estilista de Fred, com certeza uma área que ele tem um conhecimento excepcional é a música. Sempre trocamos informações nesse ramo, por vezes ele vinha pra Sampa, e eu mostrava meus discos. Na cobertura de um dos campeonatos no Rio fiquei hospedado no apê dele em Ipanema e aproveitei para levar fitas K7 para gravar alguns de seus discos. Montei uma C90 inteira com um de seus artistas preferidos, o irlandês Van Morrison, até hoje um de meus cantores preferidos – não faz álbum ruim. O destaque da fita é o disco “No Guru, No Method, No Teacher”, do final dos anos 80. Van ainda deverá ter o destaque 1 DISCO neste blog. Mas falando em livros: 

EM MEU LIVRO (VOL. 1), PÁGINAS 32 A 35, SOLICITEI A 7 CARIOCAS PARA COLABORAREM COM SUA VISÃO, NO CAPÍTULO QUE FALAVA SOBRE O RIO.

FRED D’OREY FOI UM DELES

Voltando ao livro em questão – Outras Ondas, a Indonésia se transformou no destino preferido de Fred d’Orey, com certeza foi lá que pegou as melhores ondas da vida dele, eu também em minhas reles três jornadas para lá. Das incontáveis viagens de Fred ao paraíso asiático, com certeza se inspirou na escola de confecção balinesa, para mesclar o estilo das roupas que cria para a Totem, com o tempero brasileiro. Para finalizar, uma reprodução de página dupla do livro, um aperitivo para quem não conhece o estilo de escrever dele. Fica a recomendação e garanto que a leitura de qualquer uma das colunas publicadas abordando a cultura do surf, as viagens, aspectos do surf no Brasil, a música e ‘outras ondas’... são puro entretenimento e farão o leitor refletir. Leia, pare, pense, tire conclusões próprias. E é para isso que se presta um livro bem concebido. 

FRED PREPARADO PARA CAIR EM ULUWATU NA MARÉ SECA

 

 

UM FILME – FABIO FABULOSO – Pepê Cezar, Antonio Ricardo e Ricardo Bocão

Uma profusão de talentos reunidos desembocou em uma profusão de criatividade e inspiração. Obviamente um surfista do quilate de Fabio Gouveia merecia isso. E naturalmente provocou que as ideias fossem se encaixando para gerar, como resultado final, o que pode ser considerado o melhor filme de surf brasileiro. Passível de controvérsia. Mas, “I stand for it”, eu me ergo aqui na defesa dessa tese.

CAPA ABERTA NA VERSÃO COLORIDA

Pedro Cezar, um pequeno gênio, um grande surfista, um cineasta de mão cheia, olhar singular, de tiradas poéticas seja ao se valer das imagens, mais ainda com uma pena na mão para retocar um roteiro. Eleito narrador dessa história fabulosa, arrasou. Com seu talento acoplado ao acervo de imagens de Antonio Ricardo e Ricardo Bocão que descem da linhagem do WooHoo, passando pelas coberturas detalhadas do circuito mundial no SporTV, Ombak e até antes da gênese de Fabinho como surfista internacional no início da parceria da dupla com o Realce. Essa dupla sabe o que fazer com imagens de surf para gerar conteúdo relevante.

Os três diretores do projeto ainda contaram com o suporte de outros amigos do métier (ramo). Para montar o filme Pepê Cezar chamou a parceria de um de seus melhores amigos, Julio Adler (que mais tarde ainda abraçaria a tarefa de criar o perfil visual do surfista português Tiago “Saca” Pires). Não bastasse o conhecimento do legado desse paraibano arretado dentro da história do surf que essa quadra de ases já emprestava para dar vida à obra, ainda chamaram 2 cerejas para adornar um delicioso documentário, a dupla Marcelus Viana e Gustavo Bomba se engajaram para o design das animações que pontuam o enredo.

Como já explanei acima, a maioria das imagens aqui neste blog tem qualidade para serem ampliadas e seu texto pode ser lido. A ficha técnica completa está disponível na imagem acima (façam o download - vale colecionar). Abaixo:

A EQUIPE EM LANÇAMENTO NO ODEON, NA CINELANDIA (RJ). NO TOPO A PARTIR DA ESQUERDA: MARCELUS VIANA, SUSANNA QUEIROZ, JULIO ADLER, ANTONIO RICARDO E GUSTAVO BOMBA. AGACHADOS: BOCÃO, ALFIO, PEPÊ CEZAR E MARCOS CUNHA, RESPONSÁVEL PELA TRILHA


A TRILHA SONORA ORIGINAL – BACK COVER DO CD

Além de uma trilha feita especialmente para criar este ambiente “nordestino” ao filme, as ilustrações baseadas na iconografia da literatura de cordel deram um toque mais que original ao ser entremeada vez por outra, contrapondo as imagens de ação. Não há como não mencionar o apoio de Alfio Lagnado, comandante da Hang Loose, a marca que acompanha a carreira de Fabinho desde que ele trouxe a primeira grande glória internacional para nosso surf – o título mundial amador de 1988 nas águas de Porto Rico. 

A CAMISETA, HOJE UM ÍTEM PARA COLECIONADORES

Da onda de abertura do filme em Sunset Beach, aos perrengues que a dupla de área Teco e Fabinho se deparou ao longo da vitoriosa carreira, aos momentos hilários com amigos, adversários, a família, que foi sendo moldada em meio às baterias do tour... A história deste fabuloso ícone do surf brasileiro continua a ser escrita e no momento que lanço esta postagem está disponível no YouTube. Que tal (re)assistir?

FABIO FABULOSO (assista no YouTube)

https://www.youtube.com/watch?v=QW4hpwC5Orc

 FRAME GRAB DE FABIO FABULOSO

Após rememorar a maravilhosa carreira de Fábio Gouveia voltemos a realidade destes Anos 20. Na próxima temporada Yago é o defensor do título. Aparecerá em Bells em abril de 2026 disposto a batalhar pelo bi? Ou terá uma temporada mais “relax” após sua brilhante conquista? E... com o aguardado regresso de Gabriel Medina e John John Florence, como fica essa briga? Tenho certeza absoluta que Ítalo também quer o bi, Filipe o tri. E que australianos e norte americanos não irão sossegar fácil. E olhando para 2027 teremos uma seletiva para Jogos Olímpicos em Trestles, novos medalhistas entrarão para a história. Com certeza tempos emocionantes para o surf competição. Neste blog, tudo isso será escrutinizado, sempre regado com os mais variados relatos históricos pertinentes.

 

Aos curiosos... Naveguem pela centena (+) de postagens deste blog, conheçam capítulos em fase embrionária, perfis de surfistas contados por eles mesmos, mas com a minha edição, e aguardem os próximos 4 livros. Quando ficarem prontos (cada um deles) farei ampla divulgação por aqui, pelo site do livro, por meu Instagram, Facebook e toda mídia de surf vigente na ocasião.

 

O LIVRO (VOL. 1) ESTÁ DISPONIVEL AQUI:

https://www.amazon.com.br/Grande-Historia-Surf-Brasileiro/dp/6586223776

 

terça-feira, 17 de junho de 2025

UMA NOVA FASE PARA OS LIVROS

 O volume dois de cinco continua no forno

Quando concebi meu projeto da coleção de livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO nos Anos 2010, sabia que não seria um projeto fácil de concretizar. Apenas o primeiro volume está disponível no momento, mas valerá a pena aguardar os outros 4 livros da coleção, que virão no mesmo padrão de qualidade, com 132 páginas, ricamente ilustradas, cada.

ESTA É A CONTRACAPA DO PRIMEIRO LIVRO

NAS PRÓXIMAS EDIÇOES ESTAREI ALTERANDO AS CAPAS QUE FIGURARÃO AQUI, BEM COMO FOTOGRAFIAS DE DIFERENTES FASES DE MINHA TRAJETÓRIA NO SURF. NESTAS ACIMA ESTOU SURFANDO EM HONOLUA BAY, NA ILHA DE MAUI EM FOTO PUBLICADA EM UMA BRASIL SURF DE 1978. FOTOGRAFIA DO LENDÁRIO FOTÓGRAFO E CINEASTA KLAUS MITTELDORF, QUE ESTÁ PREPARANDO UM REMAKE DIGITAL DO PRIMEIRO FILME DE SURF BRASILEIRO - “TERRAL” - REALIZADO NOS ANOS 70.

NA FOTOGRAFIA MENOR ACIMA ESTOU COM MINHA PRANCHETA FAZENDO ANOTAÇÕES PARA ESCREVER A MATÉRIA SOBRE A COBERTURA DO SEA CLUB SURF, ETAPA DO CIRCUITO ABRASP NOS ANOS 1980. FOTOGRAFIA DE BRUNO ALVES, QUE ERA MEU PARCEIRO EDITOR DE FOTOGRAFIA NA ÉPOCA EM QUE TRABALHÁVAMOS JUNTOS NA REVISTA FLUIR.

Em 2025 acabei de fechar um novo contrato de distribuição para todo o Brasil com a Editora Global, que através da Gaia, hoje é a editora com maior acervo de livros de surf em português no seu portfólio. Alguns concebidos por criatividade própria e outros best sellers internacionais traduzidos para nossa língua.

RECORTE DE PÁGINA NA INTERNET TRAZENDO A IMAGEM DE ALGUNS DOS TÍTULOS RELACIONADOS AO SURF DO GRUPO EDITORIAL GLOBAL\GAIA\GAUDI

PESQUISEM AQUI OS TÍTULOS QUE ABORDAM ESPORTE E AVENTURA: https://grupoeditorialglobal.com.br/generos/?gen=009

 

O mais recente lançamento é “A Arte da Longevidade”, obra de Rodrigo Perez, lançado em março deste ano. O livro foi publicado originalmente na Austrália pela Penguin Books e agora lançado no Brasil com tradução de Gabriel Augusto da Silva. Rodrigo Perez, um brasileiro que vive na Austrália, teve participação no treinamento do surfista Joel Parkinson campeão mundial de 2012.


 REPRODUÇÃO DA CAPA DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

Longevidade é um tema que está muito em voga atualmente. Espero manter saúde para continuar surfando e trazendo todo meu conhecimento e vivência histórica neste esporte que foi minha paixão desde a adolescência. No início dos Anos 2000 conheci os irmãos surfistas Jefferson e Richard Alves, diretores do Grupo Editorial Global. Na ocasião fui convidado para fazer a tradução do livro OCCY, de Mark Occhilupo, que acabou sendo lançado no Brasil em 2004.

 

CAPAS DE OCCY – O ANO DO TOURO EM SUA VERSÃO ORIGINAL E NA EDIÇÃO BRASILEIRA

O livro, escrito com a ajuda do foto\jornalista australiano Paul Sargeant, tem seu foco central no detalhamento da vida de um surfista dentro do Circuito Mundial, me aprofundarei a seguir nas já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO


 UM LIVRO



UM FILME

 

UM DISCO – IV (4) – Led Zeppelin

Quando comecei a colecionar discos de vinil, ainda no final dos anos 1960, o que passou a dominar minha preferência foram os discos de rock progressivo e pesado, principalmente das bandas inglesas que sucederam os Beatles e os Rolling Stones, desvendando o novo rumo e as vertentes que impulsionariam o ritmo concebido nos EUA e levado ao estado da arte na Inglaterra. A maioria destas bandas (cito aqui dez das minhas preferidas, todas com virtuosos guitarristas) foram concebidas no final dos anos 60: Cream, Pink Floyd, Traffic, The Who, Jethro Tull, Deep Purple, Yes, Genesis, Supertramp e Led Zeppelin.

Nos Estados Unidos, na Europa, Irlanda e Austrália, até no Brasil e Itália outras bandas surgiram e prosperaram, mas estas dez são de certa forma incomparáveis pelo peso de sua grandiosa obra e, novamente, a longevidade de seus membros numa esfera criativa da música contemporânea. Lembrando que o Queen surgiu apenas em 1973, sendo o caçula dessa bendita geração. Os designers das capas destes discos sempre primavam pela elaboração da capa em si e do que viria encartado em cada novo álbum – “surprise SURPRISE”.

 

ALBUM LANÇADO NO BRASIL PELA POLYGRAM

NO VERSO DESTA FOLHA ENCARTADA

APENAS A LETRA DE STAIRWAY TO HEAVEN EM LETRAS GÓTICAS

Naquele tempo dos anos setenta, cada novo disco que saía era celebrado e ouvido seguidamente. Das dez bandas citadas acima aguardávamos lançamentos anuais e sempre vinham deslumbrantes. A emoção era sentir qual seria o próximo voo, para onde surfariam com sua criatividade à flor da pele. Cada audição dos álbuns nos permitia descobrir novos detalhes, nuances em arranjos portentosos, explorando o novo advento da música estereofônica que dominava o cenário. Uma literal viagem auditiva.

Lembro que na adolescência, junto com meus amigos do ginásio, montávamos um esquema que cada um comprava discos diferentes e íamos na casa um do outro para trocar gravações. Nunca esqueci em 1973, eu tinha 16 anos e saiu o quinto disco do Led Zeppelin. Fui na casa de meu colega Luiz Bruno. Na casa dos pais dele tinha uma “sala de música” com amplificador potente, caixas acústicas grandes e ao ouvir os primeiros acordes de The Song Remais the Same e todo o resto do disco, fiquei arrepiado. Foi literalmente uma experiência imersiva, naquelas poltronas que ele tinha ali. Tenho até hoje essa gravação, feita num gravador de rolo Akai. Guardo diversas fitas K7 e de rolo, mas hoje é tudo digital.

Na época, todos estes supergrupos e outros artistas individuais como David Bowie da Inglaterra, Van Morrison da Irlanda, Janis e Jimmy dos EUA nos deixavam boquiabertos com cada uma de suas novas bolachas. Hoje, na perspectiva do tempo, é claro que gosto musical, da mesma forma que o paladar, é uma questão individual e vai sendo apurada, mas ao meu modo de ver a obra do Led Zeppelin se sobressai com relação ao resto.

Explico: ao ouvirmos cada uma das faixas, vamos dizer... dos primeiros cinco discos do Zep, quatro numerados e em seguida o 5 que foi Houses of the Holy, são estupendas em sua singularidade, mantendo a espinha dorsal da sonoridade do Led. Com certeza o Led Zepellin IV é o mais celebrado da banda que muitos dizem ter dado origem ao rock pesado. Em audições mais recentes, sem menosprezar qualquer faixa dos outros “concorrentes”, podemos perceber uma singularidade especial no contexto da elaboração de cada música especifica.

Pegando como exemplo três das faixas do IV, podemos começar com Going to California, uma das mais belas baladas já produzidas na história da música, com os vocais de Plant e a guitarra acústica manejada por Page de forma primorosa. Um blues de peso e sensibilidade astronômicas é When the Levee Breaks uma música que transporta o ouvinte para a gravidade da situação. Para finalizar e sem me alongar demais aqui, Stairway to Heaven a faixa que foi colocada em inúmeras listas como a mais importante música da história do rock, transporta o ouvinte do suave ao pesado, “and back” de forma singular e hipnótica. Mas, peguem qualquer faixa destes cinco primeiros discos do Led Zeppelin e sintam o aspecto único e extremamente criativo, inspirado, de sua montagem.

 

OS MEMBROS ORIGINAIS DA BANDA

Foi neste disco de 1971, que os quatro decidiram associar símbolos a seus nomes. O guitarrista Jimmy Page escolheu ZoSo, retirado de rituais de encantamento mágico; John Paul Jones, talvez o mais virtuoso dos quatro, multi-instrumentista que além das linhas de baixo operava os teclados da banda escolheu um símbolo que representa unidade e confiança; já John Bonhan, o baterista que faleceu de forma mais precoce e foi substituído pelo filho Jason Bonham em apresentações mais recentes quando a banda se re-uniu, escolheu três círculos entrelaçados; Robert Plant vocalista de longeva carreira solo selecionou uma pena dentro de um círculo que representa verdade e justiça.

Todas estas bandas, na medida em que a década de 80 foi abrindo espaço para diferentes vertentes do rock, o heavy metal\southern rock\pop rock\country rock\glam rock\techno\grunge\etc... perderam um pouco do seu frescor inicial, tanto que em shows atuais o que mais faz sucesso são suas faixas dos anos 70, mas recomendo a todos, velhos da minha idade amantes deste tipo de som e jovens que procuram conhecer essa fase revolucionária e brilhante da música, explorar cada um dos primeiros álbuns destas bandas, na íntegra, o lado A e o lado B, na sequência em que foram concebidos, em especial os do Led Zeppelin. Creiam, será uma experiência que não irão se arrepender. Atentem aos aspectos de individualidade de cada faixa. E comecem pelo Led Zeppelin 1, ao meu ver, o melhor de todos os discos deles.

 

UM LIVRO – OCCY - O ANO DO TOURO – com Sarge

Este livro é um diário da vida no tour no ano de 2000, o ano exatamente seguinte ao do título mundial de Mark Occhilupo. O livro começa com uma introdução sobre quem é Marco Jay Luciano Occhilupo, um australiano descendente de italianos, residente e local da praia de Cronulla, no lado sul de Sidney a principal cidade da Austrália.

 

CONTRA CAPAS DAS DUAS VERSÕES A ORIGINAL E A BRASILEIRA PUBLICADA PELA EDITORA GAIA

EM AMBAS A PUXADA ÚNICA DE OCCY, JOGANDO SUA FRANJA AO VENTO E ENFIANDO A BORDA DA PRANCHA NA ONDA DE FORMA VISCERAL

O foco do livro é a narrativa do ano seguinte ao título, em detalhes, mês a mês, prova a prova, da ASP. O capítulo inicial traz um resumo da trajetória que o levou ao merecido título de campeão mundial, conquistado na Barra da Tijuca no final de 1999. O livro escrito por Paul Sargeant, um jornalista especializado em surf que morava na mesma região de Occhilupo e o conhecia desde cedo, traz um relato minucioso de como é a vida de um surfista no tour, a vida de um campeão mundial. Um dos maiores e mais carismáticos ídolos que o esporte surf já teve.

Sarge tem uma visão perspicaz deste cenário, pois durante anos acompanhou o circuito, fotografando, escrevendo e produzindo uma série de vídeos intitulada Sarge’s Scrap Book, que mostrava não só a performance em baterias, mas também cenas de bastidores, principalmente dos australianos, mas de todos os participantes do tour. Paul Sargeant durante diversos anos em que eu dirigia a revista Hardcore colaborou como correspondente australiano, com uma coluna mensal chamada Hardcore Aussie. Também um dos diretores da Tríplice Coroa Havaiana, Bernie Baker nos mandava o relato Hawaii Report em colunas mensais. Uma época em que o jornalismo de surf era lastreado nas revistas e em parceria com meu grande amigo e jornalista Alceu Toledo Junior, o Juninho, criamos uma grande rede de correspondentes internacionais e do Brasil para colaborar com a Hardcore mensalmente.

 

ALGUNS DOS LIVROS DA EDITORA GAIA QUE TENHO EM MINHA COLEÇÃO PARTICULAR, OUTRAS RESENHAS VIRÃO NESTE BLOG

Voltando ao livro de Occy, não há como não apreciar o esforço, a força de vontade, deste garoto que surgiu em 1983 assombrando o mundo das competições, travou batalhas épicas na década de 1980 com o tricampeão mundial Tom Curren (vencedor dos circuitos de 85 \ 86 e 1990) e depois descambou, chegando a pesar mais de 100 kg, no meio dos anos 90. Nunca parou de surfar apesar de ficar jogado em um sofá com vídeos e pipoca. Mas, inspirado por seu patrocinador a Billabong e o cineasta de surf Jack McCoy (já vamos falar dele) voltou à carga, entrou em forma e no final da década de 90 escalou o ranking até o prestigiado topo. Mark acabou transformando sua história e a si próprio em uma das maiores lendas do surf. Este livro traz um relato importante, detalhado e fiel de parte desse processo. Occy arrepia até hoje.

 

UM FILME – A DEEPER SHADE OF BLUE – Jack McCoy

Para um cineasta de surf com uma filmografia do tamanho e grandiosidade deste havaiano radicado na Austrália é ousadia catalogar “Um Tom Mais Profundo de Azul” como sua obra prima. Mas não hesitarei em fazer isso, embora tenha assistido (mais de uma vez) 90% de sua obra, A Deeper Shade of Blue é o que podemos considerar um trabalho definitivo em sua carreira.

AS IMAGENS AQUÁTICAS SEMPRE FORAM UMA VIRTUDE DE McCOY

O documentário A Deeper Shade of Blue foi uma forma com assinatura própria que Jack vislumbrou para contar (tipo) sua versão da história do surf, com um tempero único e criativo que sempre foram sua característica ao realizar os filmes. No início do filme ele dá uma pincelada vertiginosa sobre como o surf surgiu, na Polinésia e se alastrou pelo planeta. O principal fio condutor que ele utiliza é o design das pranchas, nosso artefato que permite toda essa alegria que transborda de qualquer ser humano que experimenta surfar. Nos créditos finais isso fica claro ao acompanhar uma criança, numa longa onda, aprendendo a surfar em Waikiki. O berço espiritual.

Uma das situações que Jack McCoy domina com maestria em seus filmes é a passagem de um segmento para o próximo. No caso de A Deeper Shade of Blue ele se supera. A forma como ele introduz cada parte do filme e nos transporta para uma próxima faceta da história que decidiu nos contar é cativante. Outra coisa que sempre foi marca registrada de Jack em seus filmes, desde Storm Riders e Tubular Swells, em parceria com Dick Hoole, foi a trilha sonora que escolhia. Em diversas ocasiões apresentou ao mundo do surf bandas novas, em outras encaixou música e cenas como – só ele!!! A apoteose do filme A Deeper Shade of Blue se dá nas cenas de foil board com Terry Chung surfando no North Shore do Kauai, em um lugar chamado Middle of the Bay, na região de Hanalei, com a música do Cold Play, Viva La Vida em sintonia perfeita. Literalmente, me arrepiei, quando vi isso pela primeira vez.

TRAILER – A DEEPER SHADE OF BLUE


Ao longo de sua carreira Jack sempre procurou quebrar chão novo e não foi diferente com esta sua derradeira obra prima. Ele achou uma forma de filmar os surfistas por baixo da água, não só ao passarem por ele, mas acompanhando os mesmos com um artefato turbo que permitia segui-los em velocidade. Para isso ele acoplou uma câmera a esta espécie de submarino e fez imagens inéditas, que foram até utilizadas em clip de Paul McCartney, Blue Sway.

JACK EM AÇÃO

Jack McCoy além de um talentoso cineasta, por estar sempre no mar junto com surfistas criava um elo ainda maior com eles. Suas imagens aquáticas sempre foram de uma classe à parte, takes íntimos, entubando junto com os surfistas. Jack foi para Grajagan com Gary Elkerton, Rabbit e Chappy Jennings para realizar Kong’s Island; viajou pelo sul da Austrália para realizar A Day In The Life Of Wayne Lynch; estava com Laird Hamilton em Teahupoo naquele dia do ano 2000 e criou a obra prima To’; um de seus trabalhos mais importantes foi The Occumentary, a vida de Occy. Seu relacionamento com Mark Occhilupo foi instrumental para reativar a autoestima do campeão em sua partida para o título mundial. As cenas iniciais de Sik Joy, com Shane Dorian passando a centímetros de sua lente são fantásticas.

 

BOX COM 4 DOS FILMES DE McCOY EM PARCERIA COM A BILLABONG, OCCY EM DESTAQUE NA VERSÃO DE GREEN IGUANA

Abaixo a postagem\homenagem feita no Instagram pelo meu brother fotógrafo DJ AGObar Jr. O que dizer? Quando uma personalidade dessa envergadura nos deixa. Qualquer homenagem é pouca. Porém, o legado fica. Foram quase 30 filmes, um mais alucinante que o outro. Neste vídeo que Agobar Junior capturou, um breve “glimpse” de seu trabalho. E, ao que tudo indica, virá um filme homenagem, mais do que merecida.

PRINT SCREEN DO INSTAGRAM DE AGOBAR

Lembro que no Hawaii em 89\90, Agobar e eu estávamos em equipe para fazer a cobertura da temporada havaiana pela Fluir, fomos até a casa onde McCoy estava hospedado, em uma das travessas perpendiculares à praia na região de Rocky Point. Ele exibiu alguns de seus trabalhos e me presenteou com uma fita VHS de SURF HITS 1 - Jungle Jet Set, um compilado de diversos pequenos trabalhos e num trecho ele já começava a flertar com animações, o que viria a utilizar de forma magistral em Green Iguana. Assistam no link abaixo o que DJ Ago preparou com carinho e admiração:

https://www.instagram.com/p/DKPXUa_OCv5/

 

Para finalizar uma segunda versão de trailer para o seu filme, que se quiserem (devem) assistir completo, está disponível na web através da Amazon em Prime Video.

 

A DEEPER SHADE OF BLUE trailer N. 2


 

Naveguem por este meu blog com mais de uma centena de postagens, pelo site do livro, por meu Instagram, desfrutem do primeiro livro, cada qual com sua abordagem, misturando história e atualidades do surf.

 

MEU LIVRO ESTÁ DISPONIVEL AQUI:

https://loja.globaleditora.com.br/produtos/a-grande-historia-do-surf-brasileiro-volume-i/