Pioneiros,
empreendedores e surfistas de alma
Esta é a
minha turma. Na praia de Pitangueiras no Guarujá foi onde comecei a surfar de
pé sobre uma prancha. Muitos dos surfistas que começaram a pegar ondas ali se
transformaram em pilares do surf brasileiro.
JANTAR ANUAL DA TURMA QUE FOI
ORGANIZADO ATÉ 2014 POR SIDÃO TENUCCI
FOTO DE 1987, DA ESQUERDA PARA A
DIREITA, LINHA DE BAIXO: THYOLA, DATCHA TENUCCI, CARLINHOS MOTTA, SIDÃO, MARK
LUND, MAGOO, FABINHO MADUEÑO E MARCHÉ VILLARDI
NO TOPO: SÉRGIO SACHS (COM A CABEÇA
CORTADA PELO GARÇOM DO RESTAURANTE RODEIO), ROBERTO TEIXEIRA, CHRISTIAN VON
SYDOW, SERGINHO RICARDI, DRAGÃO, CHIVAS REGO E MADINHO CHIARELLA
Para mim
seria impossível não colocar um ingrediente sentimental neste texto, pois estes
se transformaram em meus grandes amigos, uma amizade cimentada com areia, o
terral matinal e a água do mar em um lugar mágico, que se transformou muito,
mas continua sendo um dos mais consistentes celeiros de surfistas e ondas do
Brasil.
SURFISTA NÃO IDENTIFICADO NAS
ESQUERDAS DA ILHA EM PITANGUEIRAS
ANOS 70, FOTO DE KLAUS MITTELDORF
O Guarujá
passou por muitas transformações desde quando os surfistas dos anos 1930 vieram
de Santos para testar as ondas do Guarujá, nos primeiros “surfaris” do Brasil.
Já no início dos anos 60 surfistas como os irmãos Argento (Twin) vinham surfar na
praia das Astúrias com as pranchas “caixas de fósforo”. Até que no meio daquela
década começaram a aparecer os primeiros surfistas do Guarujá.
ALGUMAS
IMAGENS ANTIGAS QUE VENHO GARIMPANDO NA INTERNET
VISTA DA SACADA DO GRANDE HOTEL
GUARUJÁ, EXATAMENTE ONDE FICA MEU PRÉDIO HOJE, BEM EM FRENTE À ILHA POMBEVA, NO
MEIO DE PITANGUEIRAS
FOTO DO ACERVO DA FABIO KERR DOS
PRIMEIROS CAMPEONATOS REALIZADOS EM 1967 E 1968, COM O EDIFÍCIO VILA RICA AO
FUNDO
O EDIFÍCIO MONDUBA EM PRIMEIRO PLANO
E É POSSÍVEL VER QUE AINDA EXISTIA O GRANDE HOTEL, O APARTAMENTO DO VILA RICA
FOI INAUGURADO NO VERÃO DE 1967, ESTA FOTO DEVE SER DA PRIMEIRA METADE DOS ANOS
1960
UMA VISTA DA PONTA DAS GALHETAS, QUE
DIVIDE AS ASTÚRIAS DA PRAIA DO TOMBO, NOS ANOS 1960 SEM NENHUM PRÉDIO,
PAULATINAMENTE, NOS ANOS 1990 O MORRO VERDE FOI ABRAÇADO PELO CONCRETO. MAS, EM
ONDULAÇÕES DE LESTE GRANDES... GALHETAS AINDA É UMA DAS MAIS DESAFIADORAS ONDAS
DO GUARUJÁ, SEGURA ONDAS DE MAIS DE 3 METROS ABRINDO
FOTO DE ANTES DO EDIFÍCIO SOBRE AS ONDAS QUE FOI UM DOS
PRIMEIROS PRÉDIOS ALTOS DE PITANGUEIRAS, INAUGURADO EM 1951. FOTO DO ACERVO DAS
LOJAS GUARÚ SPORTS, QUE FICAVA BEM EM FRENTE AO CINE PRAIANO NO CENTRO DE
PITANGUEIRAS
NESTA FOTO ESTOU SURFANDO, QUASE EM
FRENTE AO EDIFÍCIO SOBRE-AS-ONDAS, COM UMA BERMUDA DE HELANCA QUE MINHA MÃE
COMPROU NAS LOJAS GUARÚ. ESTA FOI MINHA SEGUNDA PRANCHA, UMA SÃO CONRADO
ENCOMENDADA COM O CORONEL PARREIRAS. AO FUNDO REMANDO APARECE O SIDÃO (ANTES DA
OP), COM UMA PRANCHA DA MARCA SURF CHAMPION
ILHA DE SANTO AMARO, GUARUJÁ, ANTES
DE QUALQUER PRÉDIO. CANTO DIREITO DA ENSEADA, PITANGUEIRAS, ASTÚRIAS E A PRAIA
DO TOMBO AO FUNDO. UM PEDAÇO DO PARAÍSO, UMA VERDADEIRA PÉROLA NO ATLÂNTICO
Mesmo hoje,
em 2016, observando o cenário do nono andar do Ed. Vila Rica, ainda fico
maravilhado com a beleza do entorno, com dias de surf perfeito que ainda
acontecem. Nos anos 1970 era comum cairmos sozinhos, ou com um par de amigos em
alguns dos pontos da praia. Ainda hoje existem bancadas, que em dias de semana
fora da temporada, é possível surfar com poucas pessoas.
Esta foto eu
capturei do site Waves em um dia de 2004, madruguei e surfei sozinho por algum
tempo.
DRAGÃO, CANTO DO MALUF, COM UM
LONGBOARD SHAPEADO POR NECO CARBONE E LAMINADO POR THYOLA NA LHIGTHNING BOLT
GUARUJÁ
FOTO: SILVIA WINIK, CAPTURADA DO SITE WAVES
NECO CARBONE EM FOTO DE SEU ACERVO
PARTICULAR COM UMA PRANCHA GLASPAC, ESTA FOTO DEVE SER ENTRE 1969 E 1971
Nesta reportagem
(prometida no mês passado na postagem de 8 SET) trarei um pequeno perfil de alguns de meus melhores amigos que moravam em São Paulo - Capital e
vinham surfar no Guarujá.
Acho
importante destacar duas coisas:
a) com
certeza será impossível mencionar todos meus amigos, mas haverá partes 2 \ 3 \
etc...
b) também
não estarão aqui surfistas nativos do Guarujá, como Neco, Sylvinho Daige,
Pardal Hipólito e outros grandes talentos. Mas eles ainda marcarão presença
neste blog, bem como importantes surfistas de Santos, Ubatuba e do litoral sul
de SP, que ajudaram a construir a história do surf paulista, no Guarujá.
Outra coisa,
a Ilha de Santo Amaro – Guarujá, será um dos capítulos PICOS DE SURF no projeto
de meu livro e a forma de apresentação no livro, mais jornalística e
informativa, será bem diferente desta. Ao conceber meu projeto já tinha em
mente trabalhar com o livro como documento principal, mas destacando o
andamento de tudo ancorado nesta tripla plataforma WEB: este Blog;
o Site do Livro; com divulgação
através do Facebook.
Vamos agora
conhecer alguns dos lendários surfistas do Guarujá e deixar eles contarem um
pouco de suas histórias nas ondas.
THYOLA
Francisco
José Chiarella (21/6/1952) foi o primeiro paulistano a se jogar para viver do
surf na beira-mar. Estudou arquitetura em Mogi das Cruzes e escolheu como
profissão a fabricação de pranchas no Guarujá. O objetivo primordial era viajar
atrás das ondas, Thyola foi um dos primeiros que absorveu e transmitiu o
Espírito “Endless Summer” para a turma de amigos. Litoral Norte, Rio, Sul,
Peru, América Central, Califórnia, Hawaii tudo nos Anos 70. Ao lado do carioca
Mangabeira foi o primeiro brasileiro a se jogar para surfar em Nias isso no ano
de 1979 (imaginem!!!). Foi através das preciosas dicas dele que em 1980 me
joguei até Nias e outras ilhas da Indonésia, com Sergião Sachs e Paulinho de
Almeida Muniz. Essa minha jornada de cinco meses “on the road” indo (sem
trocadilho) direto para Nias, depois Bali, Nusa Lembongan, em seguida Austrália
e Hawaii... Ainda tomarei uma postagem deste blog para contar aqui e ilustrar
com muitas fotos que tenho, a maior aventura de minha vida no surf. Mas o
assunto aqui é Thyola, um dos surfistas que mais me inspirou a seguir um
caminho ligado ao estilo de vida do surf. Um de meus melhores e maiores “bigger
than life” amigos, que ainda fará um livro sobre sua história e aventuras.
Merecerá ser lido.
REPRODUÇÃO DA REVISTA VENICE N. 104
ABERTURA DA MATÉRIA VINTAGE SURFARIS
SOBRE A INDONÉSIA. THYOLA SURFANDO EM NIAS 1979. FOTO: MANGABEIRA
Thyola
esteve ao lado de Sidão na pioneira, emblemática, inusitada e reveladora viagem
de 1974 do Peru até a Califórnia (vejam maiores detalhes no texto sobre Sidão –
LINK mais abaixo), as viagens de surf eram o grande motor do estilo de vida no
início dos anos 1970, quando as competições e o surf profissional ainda nem
existiam. O grande poder era das revistas de surf que apresentavam estes
lugares com ondas perfeitas e paradisíacas. No final dos anos 70 mal havia
acabado de sair aquela Surfer Magazine com as fotos de Nias e Thyola, viajando
pela Indonésia, deu um jeito de chegar até lá com um amigo carioca, o
Mangabeira, que estava na área.
Thyola
montou seu quartel-general no Guarujá, o lugar onde conheceu o surf e moldou
sua vida de trabalho e diversão. Para saber um pouco mais sobre seu começo no
surf (e eu não quero ser repetitivo aqui neste blog) recomendo a leitura da
prévia do CAPÍTULO 7 do livro, que fala sobre o início do surf no Estado de São
Paulo e que teve Thyola Chiarella como um de seus protagonistas. Postagem
publicada em 2013 aqui:
THYOLA EM SUA PRIMEIRA TEMPORADA
HAVAIANA 1975 \ 76
FOTO ARQUIVO PESSOAL
DE LYCRA VERMELHA, EM JULHO DE 1988 DURANTE O
SUNDEK CLASSIC, EM ITAMAMBUCA, COM O AUSTRALIANO NAT YOUNG AGACHADO, FABIO
MADUEÑO, DE LYCRA LIMÃO E SIDÃO, APONTANDO O CAMPEÃO MUNDIAL DE LONGBOARD
NO ANIVERSÁRIO DE 59 ANOS, EM SEU
PRÉDIO DO GUARUJÁ NO ANO DE 2011. DA ESQUERDA: DRAGÃO, THYOLA, ADÊ, GARÇA E
FABRÍCIO UCHOA
FOTO: ACERVO PESSOAL DRAGÃO
Thyola ficou
de pé pela primeira vez em uma prancha de madeirite, em frente ao seu edifício
Marulho, nas Pitangueiras, em 1965 (vejam detalhes no link acima). Depois
passou para pranchas Glaspac e o passo seguinte foi o pai dele encomendar 3
pranchas Hobie, para ele e os irmãos, que vieram de navio de Nova Iorque, com
um amigo da família. Essas pranchas eram mini models de 8 pés e quando chegaram
Thyola já ensaiava a fabricação das primeiras pranchas em São Paulo.
Trabalhando
com pranchas de surf Thyola viajou para os quatro cantos do mundo para surfar.
Sua fábrica no Guarujá já foi uma das maiores do Brasil. Hoje ele subloca parte
do seu espaço e continua trabalhando com o que ama e faz como poucos, a
laminação de pranchas. Vamos deixar que ele conte um pouco mais de seu início
com a fabricação de pranchas.
Thyola: “Eu estudava com o Britão (Antônio Brito) no Colégio São Luís e de 1967 para 1968 já estávamos começando a fazer pranchas. Fizemos duas pranchas Moby, antes de chegarem as Hobies de NY. Não sei precisar a data agora. Quando as Hobies chegaram lembro que foi até uma surpresa, pois as pranchas já tinham diminuído e falamos, “Pô, mas isso é um longboard?” Eram quase um longboard, as pranchas já estavam começando a diminuir e o cara que o meu pai falou não sabia muito bem o que comprar. Ele trouxe três pranchas, a minha Hobie, toda amarela, a do Madinho, branca em cima e amarela em baixo e a do Daco que era branca em cima e com um desenho todo psicodélico em baixo. As três eram lindas. E isso foi na época que eu ainda estava no Colégio São Luís.
Eu surfava só na Ilha, ou em frente de
casa, nunca íamos para outro lado. Não sei se tinha mais surfistas do outro
lado da Ilha, ou nas Astúrias. O Guaracy começou antes da gente. Eu lembro dele
com uma prancha de madeira oca. O pai dele era o zelador do Edif. Marulho. Lembro
também que largávamos o carro do Carlinhos Motta com as pranchas em cima no
rack e íamos assistir as matinês de Endless Summer no Cine Praiano. Ninguém
mexia.
PRANCHAS MOBY
Começamos em 1968. Tenho foto da
primeira Moby. A réplica que fiz para a Mostra da Alma Surf foi a que fiz para
ir ao Peru em 1972, shape do Antônio Brito. Foi nosso amigo Paulo Kristian que
me incentivou, pois o pai dele tinha a fábrica de resina (Resana) e comecei
consertando uma prancha Glaspac e aí o Brito deu a ideia de fazer uma prancha e
já estávamos no São Luís, deve ter sido de 67 \ 68 por aí. Para produzir os
blocos fizemos uma caixa de madeira e expandíamos. Os poros eram enormes, mas funcionou,
era poliéster. Daí que nasceu uma fábrica de blocos do Paulo Issa. A gente
passou as informações para ele, que depois fez uma forma de concreto.
As primeiras 4 pranchas (com os blocos
expandidos na caixa) foram para Britão, Marché, Preto, um colega do Colégio São
Luís, que depois parou de surfar e a minha.
THYOLA, AINDA NA CASA DE SÃO PAULO,
COM UMA DAS PRIMEIRAS MOBY
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
FESTIVALMA 2009. A RÉPLICA DA PRANCHA
MOBY QUE THYOLA LEVOU PARA SURFAR NO PERU EM 1972, COM O DESENHO ROSA, ENTRE
UMA BIQUILHA HOMERO, O SHAPE DE RICO PARA VENCER O FESTIVAL DE UBATUBA EM 1972
E DO OUTRO LADO, UMA MIÇAIRI, UMA LIGHTNING BOLT SHAPE DE MARK JACKOLA E UMA
HEINRICH.
TODAS ESTAS RÉPLICAS FORAM LAMINADAS
POR THYOLA. FOTO: DRAGÃO
A entrevista
que tenho com Thyola ainda traz outras revelações, mas vamos deixar para outra
ocasião, pois agora introduzirei outros importantes personagens dessa história
do surf paulista.
CHRISTIAN
VON SYDOW
Christian
não é dos mais velhos dessa turma dos surfistas da capital paulista que
frequentavam o Guarujá, mas através do pai Harald, ele e seu irmão Dodo tiveram
um começo muito precoce.
Arnald
Harald Albrecht Von Sydow nasceu em Niterói, em 11 de junho de 1927, passou a
infância em frente ao pico na praia de Icaraí. Em São Paulo conheceu Carmen
Maria Schilmann (depois Von Sydow) tiveram três filhos. Além de Christian e
Dodo (Harald também), a caçula Patricia.
HARALD
SENIOR, CHRISTIAN VON SYDOW E DODO (HARALD JUNIOR)
Harald e Carmen nasceram no Brasil, mas suas famílias vinham da região de Hamburgo, o maior porto da Alemanha, os avós já tinha intimidade com o mar (Báltico). De famílias prussianas, frequentavam o Germânia, que mudou o nome para Clube Pinheiros na ocasião da II Grande Guerra. O avô de Christian veio para o Brasil com a missão de fundar a MWM Motores (os criadores do motor diesel na Alemanha), no Brasil. A fábrica se instalou em Jurubatuba, perto de Interlagos. O pai de Christian fez administração de empresas e curso técnico de aeronáutica, começou trabalhando em outras empresas alemãs no Brasil, mas acabou indo para a MWM onde também assumiu a presidência. Christian e Dodo cursaram administração na FMU. O avô deles havia comprado um apartamento na planta, na praia de Pitangueiras, vamos passar a bola para Christian contar esta história.
Christian
Von Sydow: “Já antes da II Guerra, assim
que chegaram no Brasil, meus avós já iam para o Guarujá e ficavam no Hotel Suíço,
perto do edifício Monduba, um casarão. Tivemos apartamento antes no Edifício
Icanhema, depois no Edifício Tucuruçutuba, desde 1969 ou um pouco mais tarde. A
família de Thomas Polisaitis (meu primo irmão), também comprou um apartamento
no mesmo edifício. A irmã dele, Renata Polisaitis foi a primeira campeã de surf
aqui, naqueles campeonatos do Clube da Orla.
Meu pai tinha um amigo que chamava
Donald Pacey, que era o dono da Glaspac. Aí meu pai, Donald e o Gerry Cunningham
(sócio da Glaspac) estavam juntos e foram passear na Califórnia, lá eles viram
os caras surfando: “O que é isso? Que negócio estranho é esse, os caras andando
em cima da água?” Eles nunca tinham visto uma coisa que flutuava e ainda
conseguia ir na onda e o sujeito ficava de pé em cima d’água, parecia Deus,
Jesus Cristo! Eles foram na praia ver as pranchas e descobriram que eram de
fibra de vidro e o Donald tinha uma fábrica de fibra de vidro, fazia os buggys
da Glaspac.
Eles trouxeram uma destas pranchas
para o Brasil e fizeram o molde de concreto de injetar e este modelo de prancha
foi a MK 1. Começaram a fazer estas pranchas injetadas e naquela época isso era
bem moderno. (No sentido técnico, acho que o surf andou para trás, durante 30 a
40 anos, até começarem a injetar de novo na China). O método era envolver de
fibra picada, depois você tinha a manta, passava isso dos dois lados do molde e
depois fechava e injetava o poliuretano líquido e deixava expandir. De vez em
quando aquele molde abria, explodia e estourava longe, chegou a machucar
pessoas lá. Quando eu ia mal na escola meu pai me mandava na Glaspac, para ir
trabalhar. Isso foi várias vezes, sempre que eu repetia de ano. Lá eu metia a
mão na massa.
Lembro que estas primeiras pranchas
foram colocadas na água no verão de 1965 para 1966. Não tínhamos contato com a
São Conrado do Rio de Janeiro, o processo era direto de Malibu para a Glaspac,
em Santo Amaro e de lá para o Guarujá, em Pitangueiras. Não tivemos outros
contatos, nem do Rio, nem de Santos, a gente não sabia de ninguém e não conhecia
ninguém. Era como se tivéssemos trazido um esporte novo, algum carrinho, um
brinquedo da China, ou da Alemanha, ninguém sabia de nada. Até onde eu sei eles
não tinham nenhuma referência. E os caras eram uns feras, tinham uma baita
indústria em Santo Amaro. Faziam cabinas de segurança. Depois posteriormente
fizeram aquele carro Cobra, igual ao americano. O forte deles era o negócio dos
carros, eles gostavam de pilotar em Interlagos.
CHRISTIAN VON SYDOW SURFANDO UMA GLASPAC
A Glaspac evoluiu quando o Christian “Cheyne” Frutig, ele era o meu vizinho no Brooklin, na Rua Laplace, ele era vizinho do cantor Agnaldo Rayol. E ele era colega de escola, pois também era da família suíça e alemã. Cheyne foi trabalhar na Glaspac. Depois ele começou a fazer as pranchas Surf Champion, aí começou a evoluir para as pranchas pequenas, shapeadas e tal... O grande problema das Champion é que não tinha um poliuretano de qualidade – enrugava tudo como sol e o calor."
A partir daí
entramos na era das pranchinhas. O pai de Christian começou surfando e
Christian, nascido em 30 de julho de 1958, começou a surfar com o pai com 7
anos de idade, Dodo (19/2/1960) ainda mais jovem, naqueles pranchões da Glaspac,
em meados da década de 1960.
CHRISTIAN SURFANDO NAS GALHETAS, GUARUJÁ 1996
MARESIAS 1981
COM SIDÃO TENUCCI
SIDÃO TENUCCI
Sidão já foi
protagonista de duas homenagens neste blog, quando perdemos sua presença física
neste planeta no final de 2015, colocarei os 2 LINKS logo abaixo. Sua história
se funde com a história do surf brasileiro. Na época em que fiz a matéria para
a revista Hardcore, ele ainda estava vivo, fui diversas vezes ler o que estava
preparando, no pé de sua cama na casa da irmã Lolô Tenucci e depois em um
apartamento na R. Pedroso Alvarenga. Para montar a matéria garimpamos uma série
de fotos dos álbuns anuais que Sidão era metódico e cuidadoso ao preparar. Aqui
abaixo mais algumas imagens que tenho em minha máquina e acabaram não sendo
usadas. Muitas informações sobre o Sidão nos links anexos.
REPRODUÇÃO DOS ÁLBUNS DE SIDÃO DE 1974
AMPLIANDO, É POSSÍVEL LER SUAS
DIVERTIDAS LEGENDAS
ABAIXO, SIDÃO COM HARALD PAI E OS VON SYDOW
FOTO DE PAULO VAINER NO CANTO DO
MOREIRA
HAWAII 2008
A VIAGEM COM THYOLA PELA AMÉRICA
CENTRAL
FOTOS: KLAUS MITTELDORF
Vejam os
links destas postagens:
CARLOS MOTTA
Sobre
Carlinhos Motta também tive a oportunidade e o prazer de fazer uma matéria na
Venice Mag. Coloco a matéria de 2007 na
íntegra abaixo.
Não só Carlos
Lichtenfels Motta (21/5/1952), como diversos outros amigos surfistas
entrevistados, também terão postagens GRANDES e exclusivas, como as de Sidão
(ou Bocão e Targão) que podem ser encontradas neste blog.
O pai de
Carlos gostava muito de pescar e tinha casa na praia da Enseada no Guarujá, seu
contato com o mar foi estreito, desde muito criança.
“Eu desde criança sempre tive uma
fixação pelas ondas do mar, quando era muito pequeno já tinha uma foto minha
com uma boia na onda”
REPRODUÇÕES DO LIVRO CARLOS MOTTA E A
VIDA
PRAIA DE PITANGUEIRAS
CAPA DO LIVRO – INGLÊS E PORTUGUÊS
ARTISTA INTERNACIONAL
IMAGEM CAPTURADA DE SEU SITE
A entrevista
exclusiva que tenho com Carlinhos, 54 minutos de gravação, ainda sairá aqui.
Vejam agora a matéria da revista Venice, publicada em 2007, clicando e
ampliando dá para ler.
DUPLA 1
DUPLA 2
DUPLA 3
DUPLA 5
SIMPLES 6
CAPA DA VENICE MAG N. 125
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
FICO
Raphael Levy
foi outro surfista e empresário que fiz recentemente um perfil, desta vez para
a revista Surfar, do Rio de Janeiro. Raphael Fico já tem um livro publicado pela
Editora Gaia e deve fazer um outro, com destaque para os eventos de surf que
realizou no Nordeste do Brasil. Pioneirismo, corajoso e marcante.
CAPA DO LIVRO PUBLICADO EM 2004 PELA EDITORA
GAIA
Depoimentos recentes
de Fico estão nesta matéria de 10 páginas que saiu publicada em uma das últimas
edições impressas da revista Surfar. Hoje a revista carioca é uma publicação apenas
pela internet, mas, com a marca Fico, Raphael pode ser considerado um dos
maiores incentivadores das publicações impressas de surf nacionais. Apadrinhou
atletas e eventos...
Conheça um
pouco de sua história neste texto de minha autoria:
DUPLA 1
DUPLA 2
DUPLA 3
DUPLA 4
DUPLA 5
O LINK PARA
ESTA MATÉRIA TAMBÉM PODE SER ENCONTRADO AQUI:
ZÉ ROBERTO
RANGEL
José Roberto
Rangel foi como uma “instituição” do surf brasileiro. Levou a equação de, como
empresário, colocar o coração acima da razão à enésima potência.
Pilotando a
marca Town & Country no Brasil deu uma nova dimensão ao formato do
empresário de surf, em termos mundiais. Quando o Brasil começou a sair de um
ambiente de pirataria de marcas gringas para o pagamento de royalties e
regularização, foi um dos primeiros a procurar os donos da marca no Hawaii para
formalizar um acordo viável.
ZÉ ROBERTO EM ANÚNCIO DA TOWN & COUNTRY
Começou
produzindo pranchas, com a marca Green Room, em sociedade com Sidão, antes da OP.
Com a renda foram viajar. Na fundação da Lightning Bolt estava lá, depois trabalhou
com a marca Primo e finalmente com a T&C. No topo de tudo isto estava um
dos melhores surfistas do Guarujá dos anos 1970, um empresário que entendia o
que um atleta de surf precisava, entendia como um evento de surf deveria funcionar
e como dar feeling a tudo que fazia.
Em matéria
de 10 páginas, publicada na revista Venice de N. 106, em outubro de 2005, sobre
a batuta de Dandão (Fernando Costa Netto), que deu o conceito àquela saudosa
publicação pocket, tive o prazer de fazer um dos três textos sobre o amigo Zé.
Os outros foram do próprio Dandão e Sidão, ases da escrita, não só de surf, mas
de guerra e arte, respectivamente. Scaneei as páginas e clicando e ampliando dá
para ler e ter um pouco da ideia do legado de José Roberto Rangel. Foi um
belíssimo e merecido tributo.
DUPLA 1 - FOTOS DE AÇÃO: ROBERTO PRICE - COSTA RICA
DUPLA 2
DUPLA 3
DUPLA 4
DUPLA 5
Aqui foram
apenas 6 representantes da TURMA DO GUARUJÁ, a Parte 2 pode ser a próxima
postagem, como pode também, pelo dinamismo deste blog, levar algum tempo para
sair...
A história
do surf brasileiro está acontecendo e este BLOG – HISTÓRIAS DO SURF é concebido
“on the fly”. Guardarei a coerência para o livro, quando finalmente os agentes
culturais deste país me permitirem consumar o projeto livre de qualquer viés de
corrupção. Acredito e
sempre acreditarei no surf brasileiro, hoje nossos atletas nos enchem de orgulho.
O atual campeão mundial é um surfista que teve seu berço nas ondas do Guarujá e
essa história tem um legado, que vem dos primeiros surfistas da Ilha de Santo
Amaro, culmina com Adriano Mineirinho (e Caio Ibelli) que agora está lá no topo.
Essa projeção internacional do Guarujá começou com Paulo Tendas, outro grande
amigo meu, de uma geração mais nova, o qual posso me considerar até um pouco como
“mentor”, da mesma forma que os quatro nomes que citei no texto sobre Zé
Roberto da T&C, inclusive Zé, foram meus mentores.
Um perfil de
Paulinho Martins – Tendas, fica para uma das próximas postagens, mas vamos
fechar esta com uma foto dele. Um aperitivo do que está por vir. Considero esta
edição de N. 80 da Venice Mag, uma das obras primas de Fernando Costa Netto
pilotando o pequeno, porém nobre veículo. Mais sobre Paulinho Tendas, sobre
Dandão, sobre a Venice Mag, em breve... Aqui neste blog.
DUAS LENDAS FAZENDO A CAPA DESTA
VENICE MAG EM 2003
PAULINHO TENDAS A LENDA QUE ESTÁ NO
CÉU, SURFANDO NO HAWAII NO FINAL DOS ANOS 1980 E O LENDÁRIO FOTOGRAFO ALBERTO DE
ABREU SODRÉ, OU BETO CAÇÃO, MEU SÓCIO NA REVISTA HARDCORE NOS ANOS 1990 E QUE
AINDA TERÁ UMA POSTAGEM AQUI FALANDO SOBRE SEU TRABALHO COM FOTOGRAFIA DE SURF E
SUA HISTÓRIA, MAS ESSE CARA É DA TURMA DE UBATUBA
Exelente materia... Falou de todos a excessão minha e de meu irmão Pier, que de nossa maneira tambem contribuimos para o surf do Guaruja... Fui responsavel pela ponte de relacionamento entre as gerações mais velhas e os garotos de minha idade... Fui uma influencia decisiva no surf de Taiu que entendeu que esse esporte exigia dedicação total e que não era um passatempo de verão.
ResponderExcluirPier foi o primeiro cara a usar o joelho para afundar a prancha para passar a onda e era um autentico big rider... Trabalhava com o pai na Itavema a mais conceituada concessionaria FIAT.
Também para ser justo e não faltar com respeito devido, os irmão Penfield, Herbie e Michel, dois americanos responsaveis por trazer as novidades dos USA...
Me senti um perfeito fantasma. Pena.
Sorry Angelo, muitas pessoas importantes faltaram. Na verdade até pedi "milhões" de desculpas na PARTE 2, seria impossível colocar todos importantes personagens. Seu irmão Pier sempre foi um grande brother. Não citei 2 grandes músicos da turma Netão (José Neto Band) que mora há anos nos EUA e teve uma participação primorosa no disco About Time de Steve Winwood, com uma versão magistral de Voodoo Chile de Hendrix, com Winwood arrepiando no órgão hammond, mas Netão quebra mais ainda na guitarra. Faltou o grande baterista Silvério, surfista desde os anos 60. Anésio Amaral, Serginho Luna pioneiro no Litoral Norte, Serginho Ficarelli, Serginho Costacurta, os irmãos Keller, Alômbra que mudou para o Guarú e bate ponto sempre nas esquerdas da Ilha, faça chuva ou faça sol e muitos outros. Mas esta abertura de comentários no BLOG são perfeitas para estas reparações. ALOHA
ExcluirDragão, muito legal sua página, sempre fui um entusiasta do Surf do Guarujá inclusive duas viagens ao Peru com a rapaziada do Guarujá, Rony, Karl, e Walter Pieraccinni...além do Pato, irmão do Mudinho que morreu há 2 meses....outra grande figura e pessoa do Surf do Guarujá. Em 1978 (acho que foi este ano) organizei o primeiro Aminal Skin Surf Contest no Guarujá, na frente do canal em Pitangueiras com toda esta moçada do Guarujá que você comenta, e a entrega dos troféus com festa (até isto teve), foi Em São Paulo no já não existente Casa Blanca em SP com muito Rock e Cerveja, Pena que não tenho fotos destes momentos....Abs..Enio Suleiman
ResponderExcluirE ai? Li tudo, curioso como não há uma única menção ao Serginho Preto. Será possível q vc sequer ouviu falar dele?
ResponderExcluirTudo bem Jenifer? Claro que sim, mas nessa e no GUARUJÁ Parte 2 (na qual são mencionados muitos outros surfistas notáveis do Guarujá) creio que não chego a citar nem 50% de meus GRANDES amigos e todos importantes. Mas seria impossível citar todos. Futuramente trarei mais histórias e novos protagonistas...
Excluirpessoa faleceu desconsidere textos
ResponderExcluirPrezado sr. Reinaldo Dragão, gostei imenso da envergadura desse trabalho, dir-se-ia de vulto, e pelo que pude constatar há também um livro recém lançado de vossa autoria, A Grande História do Surf Brasileiro. Ainda não conheço, mas desde já parabéns. Cheguei na sua página por indicação de um amigo que está tentando localizar outro amigo, que brilhou na localidade no início dos 80. O Guarujá aqui cuidadosamente descrito nos anos 70 e 80 foi parte integrante do meu aspecto de sufista amador. Pelo que pude depreender sou cerca de 10 anos mais moço do que você. Comecei no isopor em 68, migrei para uma Pardal sem envergadura, depois uma Jonhy Rice, então uma La Barre 5,9 junto com uma Rico com canaleta 6,3 (usada em Floripa), além uma RC 5,8 que tinha ligeira diferença no alinhamento das quilhas e por último, a que conservo até hoje, uma Lightning Bolt 5,9. Boa parte das pessoas citadas eu conheci pessoalmente, ou de vista, ou de nome, bem como os locais descritos, todos familiares, repletos de lembranças. Ler os seus textos A TURMA DO GUARUJÁ – PARTE 1 e 2, foi uma prazerosa viagem no tempo. Agora, quando chego na sua página e vejo a indagação da sra. J.L. sobre o Serginho Preto, fiquei pensativo. No meu parco entender ele não devia nada a nenhuma estrela desse período. Aliás, ele trocava de pé e mandava muito pra qualquer lado. Também poderia citar o Betinho, bom surfista, certa vez só eu e ele pegamos um dos maiores mares de 1975, depois de uma baita ressaca as ondas estavam enormes quebrando na ponta da ilha. Não eram perfeitas, porém majestosas, lisas como seda, impetuosas. Não havia cordinha naquela época. Uns anos depois soube que ele sofreu um acidente de asa delta que ceifou-lhe a vida. Também me lembro do Moisés (irmão do Boi) que tinha um surf honesto. Enfim, a minha percepção é extremamente limitada se comparada com a de um especialista, como é o seu caso. O sr. sabe do paradeiro do Alemãozinho de Pernambuco? Desde já grato pela atenção, Boas Festas.
ResponderExcluirAlex Von Gerichten, há muito tempo não tenho contato com ele. Excelente surfista e que gostava muito das ondas grandes.
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