E as
estrelas da WSL migram para Saquarema
O surfista
do Guarujá Caio Ibelli é o quarto brasileiro que tem a honra de tocar o
tradicional sino, troféu ofertado ao campeão (e vice) do evento Rip Curl Pro
Bells Beach, no Estado de Victoria, no sul da Austrália.
CAIO IBELLI COM O “SININHO” DE
VICE-CAMPEÃO EM BELLS BEACH
FOTO: KELLY CESTARI \ WSL
A
performance do brasileiro na emblemática onda australiana entra para a história.
Caio exibiu uma bela linha nas perfeitas, porém difíceis de serem bem surfadas,
direitas de Bells Beach. A bateria final foi de alto nível, com ambos os surfistas
atingindo scores acima de nove. Resultado final: Jordy 18,90 contra 17,46 de
Caio.
CAIO COM ESTILO PERFEITO NO BOWL DE
BELLS DURANTE O ROUND 2
O SINO PRINCIPAL, COM O SUL AFRICANO JORDY SMITH, TRAZ O NOME
DE TODOS OS 55 CAMPEÕES ANTERIORES DO EVENTO
FOTOS: CESTARI \ WSL
Caio Ibelli
é um mês mais velho do que Gabriel Medina, ambos nasceram no final de 1993 e
estavam juntos na histórica final do Quiksilver - King of The Groms de 2009, na
França, na qual Medina conseguiu seu primeiro score perfeito de 20 pontos numa
final. A carreira de Gabriel decolou antes, de forma vertiginosa, com duas
vitórias no WCT já em 2011, o título mundial Pro Junior de 2013 e o WCT do
último ano da ASP em 2014.
Vou
aproveitar este blog para contar uma pequena história. Comecei a trabalhar mais
forte na montagem de meu livro A GRANDE
HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO a partir de 2012. De 2010 a 2012 eu trabalhei
no marketing da HD, que estava sendo reativada pelo Grupo Eixo. Não participei
da contratação de Adriano de Souza, que mais tarde veio a se transformar no
segundo campeão mundial de surf profissional masculino do Brasil, com
patrocínio de uma marca 100% nacional, mas cheguei a estruturar uma equipe com
campeões mundiais como Pedro Henrique, Pablo Paulino, Leco Salazar (SUP) e outros
grandes atletas, como Renan Rocha, Ricardo Ferreira, Lucas Chumbinho... Durante
este processo de montagem da equipe (ainda em 2010), fui visitar meu amigo Luiz Henrique Campos, o Pinga, que cuidava da equipe da Oakley e tinha como um dos
atletas que trabalhava desde muito jovem – Caio Ibelli. Minha ideia era colocar
a HD no bico da prancha de Caio, mantendo a Oakley como patrocinadora de
eyewear. Lembro bem de uma das frases espontâneas de Pinga nesta reunião: “Você
está querendo me tirar o Neymar”. Vejam bem, estamos falando de 2010, era o ano
da Copa da África e Neymar era uma estrela “potencial” do futebol mundial, como
Medina e Caio. A ideia não vingou. Ibelli ficou na Oakley. Falamos sobre as
carreiras de Gabriel, Adriano e do potencial de um surfista como Caio Ibelli...
A “Brazilian Storm” nem estava no horizonte.
Chegou 2014,
apesar de Neymar, o Brasil naufragou na Copa de Futebol e Gabriel Medina salvou
a honra da nação em Pipeline, no final daquele ano. Veio 2015 e consolidamos a posição brasileira na
(agora) WSL, com a vitória de Adriano de Souza e diversos outros títulos, entre
eles a conquista do QS por Caio Ibelli.
Em fevereiro de 2010, Caio estava com 16 anos, eu assistia na internet a transmissão do campeonato da Pena realizado em Fernando de Noronha, com ondas imensas, paredes de 4 metros. Me chamou a atenção uma rasgada de backside dele com muita segurança, borda enfiada na água, torque, pressão acima e além de sua idade. Para mim ficou claro, ali naquele momento, que era um surfista fora de série. Mesmo antes de eu me tornar um jornalista de surf, sempre tive muito faro para perceber novos talentos surgindo, não só no Guarujá. Primeiro com Paulo Tendas e Tinguinha. Depois com Taiu e Jorginho Pacelli, atirados "beyond their years" (precocemente) nas ondas grandes de Pitangueiras. Com Caio foi a mesma coisa. Eu já havia reparado naquele loirinho arrepiando as valinhas entre a Ilha e o Maluf, mas aquele glimpse da onda gigante na Cacimba do Padre foi algo especial. Outro talento da Ilha de Santo Amaro, que eu trouxe para a equipe HD com 10 anos de idade foi Eduardo Motta, da Prainha Branca. Hoje ele está na Billabong e é um dos maiores vencedores das categorias de base do Brasil. Tudo aponta para uma carreira brilhante, é só seguir o esquema e os passos que foram dados por Mineirinho e Ibelli, com a visão de Pinga; ou ainda como Charles direcionou a carreira do enteado Medina. No caso de Mottinha, não tem como dar errado. Será outro grande talento do Guarujá.
Voltando ao caso de Caio Ibelli, naquele mesmo ano de 2010 ele já se apresentou como um dos poucos brasileiros, a estampar uma capa da revista Surfing da Califórnia, em uma onda de "responsa". Já com 17 anos a promessa estava se concretizando, no ano seguinte viria o primeiro título mundial.
Em fevereiro de 2010, Caio estava com 16 anos, eu assistia na internet a transmissão do campeonato da Pena realizado em Fernando de Noronha, com ondas imensas, paredes de 4 metros. Me chamou a atenção uma rasgada de backside dele com muita segurança, borda enfiada na água, torque, pressão acima e além de sua idade. Para mim ficou claro, ali naquele momento, que era um surfista fora de série. Mesmo antes de eu me tornar um jornalista de surf, sempre tive muito faro para perceber novos talentos surgindo, não só no Guarujá. Primeiro com Paulo Tendas e Tinguinha. Depois com Taiu e Jorginho Pacelli, atirados "beyond their years" (precocemente) nas ondas grandes de Pitangueiras. Com Caio foi a mesma coisa. Eu já havia reparado naquele loirinho arrepiando as valinhas entre a Ilha e o Maluf, mas aquele glimpse da onda gigante na Cacimba do Padre foi algo especial. Outro talento da Ilha de Santo Amaro, que eu trouxe para a equipe HD com 10 anos de idade foi Eduardo Motta, da Prainha Branca. Hoje ele está na Billabong e é um dos maiores vencedores das categorias de base do Brasil. Tudo aponta para uma carreira brilhante, é só seguir o esquema e os passos que foram dados por Mineirinho e Ibelli, com a visão de Pinga; ou ainda como Charles direcionou a carreira do enteado Medina. No caso de Mottinha, não tem como dar errado. Será outro grande talento do Guarujá.
Voltando ao caso de Caio Ibelli, naquele mesmo ano de 2010 ele já se apresentou como um dos poucos brasileiros, a estampar uma capa da revista Surfing da Califórnia, em uma onda de "responsa". Já com 17 anos a promessa estava se concretizando, no ano seguinte viria o primeiro título mundial.
CAIO IBELLI, INDONÉSIA, CAPA DA SURFING DE DEZEMBRO 2010
FOTO: JIMMY "JIMMICANE" WILSON
FOTO: JIMMY "JIMMICANE" WILSON
RECORTE DO ÁLBUM DE FOTOS DA WSL,
FOTOS DO INÍCIO DE 2012. CAIO IBELLI FOI CAMPEÃO MUNDIAL PRO JUNIOR DE 2011, AO
LADO DA HAVAIANA LEILA HURST
Vamos recordar
um pouco mais. Esta final da temporada 2011 do Billabong Pro Junior foi
disputada na Gold Coast, no point break de Burleigh Heads e Caio derrotou o
australiano Garret Parkes, em um raro playoff, após acabarem empatados no
ranking.
Dois anos
antes foi a vez de Silvana Lima se transformar na primeira brasileira a vencer
em Bells Beach. Silvana ficou por duas vezes com o vice-campeonato mundial,
lutando bravamente em uma fase avassaladora de hexacampeã Stephanie Gilmore,
adentrando esta década de 10.
APÓS A VITÓRIA DE 2009 SILVANA LIMA
FEZ ESTA TATUAGEM
IMAGEM RECORTADA DO SITE EXPLORER
GIRLS.COM
Silvana Lima
saiu e regressou ao WCT feminino por duas vezes nesta década e continua sendo a
grande expoente do surf feminino brasileiro da atualidade. Estamos trabalhando
para cobrir esta lacuna da categoria feminina, isso em meio a fase mais gloriosa
entre os homens.
SILVANA VOANDO EM BELLS, 2017. A
ÚNICA BRASILEIRA ENTRE AS 17 SURFISTAS DE ELITE E A MAIS VELHA E TARIMBADA DAS
TOP 17, AOS 32 ANOS
FOTO: ED SLOANE \ WSL
Voltando mais ainda no tempo, é importante lembrar o pódio de Teco Padaratz em Bells. Também segundo colocado na “longínqua” temporada de 2000, ano em que, durante o recesso de Kelly, Sunny Garcia sagrou-se como o segundo havaiano a erguer a taça da ASP (após Derek Ho – 1993). Teco foi o melhor brasileiro na elite em 1994 (8º) e em 2000 (10º), fora suas duas vitórias no WQS, primeiro campeão em 1992, quando houve a divisão oficial entre WCT e WQS e primeiro bicampeão do QS em 1999. Seu irmão Neco também seria um dos poucos bicampeões do QS nas temporadas de 2003 e 2004. Flávio Padaratz fez a final de Bells em uma bateria que foi levada para um pico secreto no belo cenário da Great Ocean Road, no Estado de Victoria.
SUNNY GARCIA E TECO PADARATZ RIP CURL
PRO BELLS 2000
FOTO: ARQUIVOS DA WSL
Em 2013
Adriano de Souza foi o primeiro surfista da categoria masculina a conquistar o
badalado sino. A euforia foi tanta que Mineirinho arrancou o sino e isso entrou
para a história também.
Voltando para
2017, de Bells que tem campeonatos realizados desde o início dos anos 1960, a
elite prepara as malas para enfrentar as ondas de Saquarema. Quase tão
emblemática quanto Bells, a praia de Itaúna entrou para o cenário das
competições em 1975, com ondas espetaculares e a vitória de Betão Marques no
primeiro Festival Nacional lá realizado. Saquarema foi o palco de eventos
incríveis e quando foi inaugurado o Circuito Brasileiro de Surf Profissional –
ABRASP, em 1987, estava presente com o Town & Country Pro, vencido por Fred
d’Orey. Apenas em 2002 a praia de Itaúna foi a sede da etapa brasileira do WCT
da ASP, com vitória de Taj Burrow.
REPRODUÇÃO DE UMA DAS PÁGINAS DUPLAS
DE ABERTURA DO
VOLUME 1 DO LIVRO A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO
VOLUME 1 DO LIVRO A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO
RECENTEMENTE FORAM REALIZADAS ETAPAS DO WQS EM ITAÚNA, COM MUITO SUCESSO E ONDAS DE RESPEITO
FOTO: PEDRO MONTEIRO
ARTE DE FERNANDO MESQUITA
A
expectativa é grande, a partir de 9 de maio de 2017, com o início do período de
espera (até dia 20), da quarta etapa do WCT da WSL. Aguardem uma análise da
participação brasileira neste evento aqui no blog HISTÓRIAS DO SURF, bem como
uma outra postagem com a PARTE 2 da entrevista com Maraca, uma homenagem mais
profunda a este grande surfista brasileiro, que passou seus últimos dias
morando em Saquarema.
Todas estas
informações e muitas outras estarão presentes no livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, que tem a previsão de ser
lançado a partir do final deste ano.
A abertura do livro (em cada um de seus 5 VOLUMES de 132 páginas cada - obra TOTAL 660 páginas) prevê a apresentação de três fotos históricas, com imagens representativas de SURFISTAS \ PRAIAS \ CAMPEONATOS nas páginas duplas de abertura. Além da imagem acima, já estão montadas as artes abaixo, com projeto gráfico de Fernando Mesquita.
(click e amplie as imagens que dá para ler)
E um esboço
da capa (que ainda pode sofrer alterações).
Lançamento do livro previsto para novembro 2017.
LEGENDAS DA CAPA (click e amplie)
Convido novos
potenciais apoiadores ao projeto, que inclui este blog, para participar. Em
fevereiro do ano passado o projeto do livro (para o VOLUME 2 de 5), foi aprovado pela Secretaria da Cultura do Estado
de São Paulo no PROAC-ICMS, com o Número 27677, aberto para consulta pública.
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