Rescaldo pós
Triple Crown 2017
O havaiano
John John Florence levou o título da temporada, mas analisando com mais atenção
podemos notar que a “Tempestade Brasileira” nunca esteve tão forte. Vamos levar
em conta as performances nesta Tríplice Coroa Havaiana e em toda temporada de
2017 da WSL.
GABRIEL MEDINA MANTEVE JOHN JOHN SOB
PRESSÃO ATÉ O ÚLTIMO DIA DE COMPETIÇÃO DA WSL EM 2017
Os embates
diretos entre eles não foram tantos nesta temporada, mas muitos outros com
certeza virão nos próximos anos. Há quem acredite que John foi beneficiado na
bateria contra Ethan Ewing e que com isso o quinto lugar alcançado por Gabriel
ao vencer Slater seria suficiente para garantir o segundo título ao brasileiro.
Pode até ser...
Por outro
lado, concordo com a entrevista de Kelly Slater ao Canal Woohoo em que raciocinou
que quando um desafiante, ou atleta mais baixo no ranking, enfrenta um campeão
consagrado, não pode deixar dúvidas, tem que vencer de forma contundente. Isso
também tem sua lógica.
O fato é que
Florence é o campeão mundial da WSL em 2017 e Gabriel também não vai esmorecer
em busca do bi, do tri...
GABRIEL MEDINA MOSTROU SUA INTIMIDADE E DETERMINAÇÃO NAS
VARIADAS CONDIÇÕES DE PIPELINE E BACKDOOR. FUTURO PIPEMASTER... FOR SURE!
FOTO: HEFF \ WSL
IAN GOUVEIA FOI O BRASILEIRO A IR
MAIS LONGE NO BILLABONG PIPE MASTERS DE 2017, CHEGOU ATÉ AS SEMIFINAIS E O
ESFORÇO VALEU A VAGA PARA A ELITE NA TEMPORADA 2018. NA FOTO ACIMA TREINANDO
NOS DIAS DE VENTO RUIM DO QUADRANTE NORTE
FOTO: CESTARI \ WSL
O que
pretendo deixar registrado nesta última postagem de 2017 é uma perspectiva
sólida de evolução para o surf brasileiro, vou destacar alguns fatos e
constatações e vamos com fé para 2018.
11 BRAZUCAS
NA ELITE
Isso é uma
façanha incrível, é a primeira vez que ultrapassamos o número de australianos
na elite. Ou melhor, acho que é a primeira vez que qualquer país ultrapassa o
número de australianos no primeiro escalão da WSL \ ASP \ IPS. Onze de 34
surfistas classificados para disputar o título, é um terço da força.
Também tivemos
11 classificados, em 2000, para disputar a temporada de 2001, nosso recorde
anterior, mas naquele tempo eram os TOP 44, ou seja 25% e os australianos
representavam quase 50% dos surfistas de elite.
Vejam o
quadro abaixo que saiu publicado em uma reportagem especial que fiz para a
revista Hardcore na edição de 15 anos:
REPRODUÇÃO DA EDIÇÃO # 176 DA
HARDCORE – ABRIL 2004
O quadro
mostra o campeão mundial e a colocação de todos os brasileiros que disputaram o
circuito em cada ano. Eram 11 brasileiros em 2001, caímos para dez em 2002 e nove
surfistas em 2003. As setas indicam atletas que não se classificaram para a
temporada seguinte.
(já reproduzi outros quadros desta
pesquisa\reportagem em postagens anteriores)
CLIQUEM E AMPLIEM QUE DÁ LEITURA
PÁGINA DA CITADA MATÉRIA COM MAIS ESTATÍSTICAS QUE COMPILEI EM 2004
CLIQUEM E AMPLIEM QUE DÁ LEITURA
PÁGINA DA CITADA MATÉRIA COM MAIS ESTATÍSTICAS QUE COMPILEI EM 2004
PETERSON ROSA NO PÓDIO, VICE-CAMPEÃO EM J-BAY 2001.
O BRONCO, OU ANIMAL, COMO ERA CONHECIDO PELOS GRINGOS, DE 1998 AO INÍCIO DOS
ANOS 2000 FOI, EM QUATRO OCASIÕES, O BRASILEIRO MELHOR COLOCADO AO FINAL DE UMA
TEMPORADA NA ASP. FOTO LEVY PAIVA
Nesta
temporada de 2017, mesmo sem termos levado o título máximo, nossos números são
superlativos.
5 VITÓRIAS EM ETAPAS DO WCT 2017
Filipe
venceu J-Bay e Trestles, Gabriel na França e Portugal, Adriano em Saquarema; os
aussies ficaram com três Owen na Gold Coast, Wilko em Fiji e Julian no Tahiti;
mais um título para o Hawaii (John), África (Jordy) e França (Jeremy), ou seja
– total supremacia brasileira em vitórias no CT em 2017.
5 NOVOS
CLASSIFICADOS PELO WQS
Jessé
Mendes, Tomás Hermes, Yago Dora, Willian Cardoso e Michael Rodrigues são
novidades brasileiras no CT 2018, contra um americano Griffin Colapinto (mais o
retorno de Pat G.), um australiano Wade Carmichael. As vagas do QS são
completadas pelos havaianos Lau e Asing, que a exemplo de Gudauskas não
disputarão o Rookie of the Year por já terem participado de temporadas completas anteriores.
Isso não é supremacia???
Isso não é supremacia???
Só que a
coisa não para por aqui.
BRASILEIROS
NA TRIPLE CROWN
Vamos
analisar agora o ranking da Vans Triple Crown of Surfing 2017, entre os 15
primeiros, ao final dos três eventos, tínhamos meia dúzia de brasileiros,
contra quatro norte-americanos, um australiano, um francês, um italiano, um taitiano
e o solitário havaiano John John. Essa série de eventos sempre foi dominada por
havaianos e australianos. Griffin foi o primeiro e único surfista da Califórnia a vencer a série. E Gabriel Medina o único brasileiro em 2015.
Até o início deste milênio os nomes de brasileiros pairavam “longínquos” dos Top
5 desta série.
A vitória de
Filipe Toledo em Haleiwa foi a primeira de um brasileiro no Hawaiian Pro. O
evento de Haleiwa, primeira etapa, é o campeonato havaiano em que mais colocamos
brasileiros no pódio, inclusive as meninas, que já haviam vencido, mas entre os
homens esta vitória de Filipinho foi emblemática e marcante, quebrou um tabu e
agora, finalmente, temos vitórias nos três eventos da Tríplice Coroa Havaiana.
No campeonato de Sunset Fabinho Gouveia quebrou o gelo em 1991. A segunda vitória veio em 2010 com Raoni Monteiro na O’Neill World Cup. Considero também uma vitória, talvez até mais engasgada que aquela derrota de Gabriel para Julian Wilson em Portugal em 2012, o segundo lugar de Leo Neves para Makua Rothman em 2007.
VAMOS FALAR
DE PIPELINE
GABRIEL MEDINA, ADRIANO DE SOUZA E A
BANDEIRA BRASILEIRA
ESTENDIDA NO PÓDIO DO BILLABONG
PIPELINE MASTERS EM 2015
O ano de
2015 fechou de forma apoteótica para o surf brasileiro. Não sei se teremos outra temporada tão
espetacular (?), vejam a postagem que deixei neste Blog - HISTÓRIAS DO SURF no
final de 2015, há exatos dois anos (LINK ao final desta postagem), para ter uma ideia da magnitude. Esta
imagem acima diz muito: a primeira taça da Era WSL erguida por Mineirinho, o troféu
da Triple Crown aos pés de Gabriel. Medina – o primeiro brasileiro a vencer a
Tríplice Coroa Havaiana; De Souza – o primeiro brasileiro a vencer o Pipeline
Masters. Ambos numa final no Hawaii. O ano de 2015 trouxe uma série de outros
indicadores assinalados há 24 meses neste blog.
Historicamente Pipeline é uma onda em que os brasileiros (qualquer surfista do mundo), encontram desafio e superação. Antes de Gabriel e Adriano, Pepê Lopes, Guilherme Herdy e Renan Rocha frequentaram este aclamado pódio.
PEPÊ LOPES ENCARANDO A CÂMERA
DE COSTAS GERRY LOPEZ, MAIS AO FUNDO
RORY RUSSELL E MARK RICHARDS “DIZE-ME COM QUEM ANDAS...” REPRODUÇÃO DO LIVRO DE ALEX GUTENBERG
PUBLICADO PELA FLUIR EM 1989, DOIS ANOS ANTES DE SEU ACIDENTE FATAL
PEDRO PAULO GUISE CARNEIRO LOPES RUMO
A FINAL DO PIPELINE MASTERS INVITATIONAL EM DEZEMBRO DE 1976, FOTO: JEFF
HORNBAKER
GUILHERME HERDY EM CAPA DA INSIDE
DURANTE O ÉPICO EVENTO DE 1995
GUILHERME HERDY UM ANO DEPOIS, EM DEZEMBRO DE 1996, SUBIU AO PÓDIO NUMA ÉPOCA EM QUE OS TERCEIROS COLOCADOS ERAM AGRACIADOS COM TROFÉUS, REPAREM
NO PRATO QUE ELE ESTÁ SEGURANDO. COBERTURA QUE FIZ PARA A HARDCORE NÚMERO #90
DE FEVEREIRO \ 97. FOTO: JAMES THISTED
RENAN ROCHA SUBIU AO PÓDIO DO
PIPELINE MASTERS, FICANDO EM TERCEIRO LUGAR EM 2000, COM DIREITO A NOTA 10 EM
SUA TRAJETÓRIA
FOTO: SEBASTIAN ROJAS
FOTO: SEBASTIAN ROJAS
Evolução
Contra fatos
não há argumentos, os números apresentados acima dão uma dimensão do
crescimento e da presença brasileira no cenário do surf internacional, não
mentem e dão peso a uma história que está sendo escrita com muita dedicação e
esforço. Devemos vangloriar nossos pioneiros.
DANIEL FRIEDMANN COMPETINDO NOS ANOS 1970 - WAIMEA
5000, ARPOADOR
FOTO: NILTON BARBOSA RECORTADA DAQUELA REVISTA HARDCORE DE 2004
VICTOR RIBAS ATINGIU A TERCEIRA
COLOCAÇÃO NA TEMPORADA 1999, EM DEZEMBRO DAQUELE ANO ESBANJOU ESTILO EM
PIPELINE. FOTO DEAN WILMOT, CAPA DA FLUIR #172 DE FEVEREIRO DE 2000
EM 2002 NECO PADARATZ TEVE UMA
TEMPORADA AVASSALADORA NA FRANÇA, VENCEU O QUIKSILVER PRO DEIXANDO ANDY IRONS
(CAMPEÃO DA ASP NO ANO) EM SEGUNDO. ABERTURA DE MATÉRIA NA HARDCORE ESCRITA POR
FABINHO GOUVEIA
LEO NEVES EM 2007 TEVE UMA (DE
VÁRIAS) APRESENTAÇÃO MAGNÍFICA EM SUNSET BEACH, COM ONDAS GRANDES E MUITA
DESENVOLTURA NAS PESADAS ONDAS DO LENDÁRIO PICO, EM MINHA OPINIÃO: VENCEU O CAMPEONATO,
MAS DERAM PARA OUTRO. FOTO ROWLAND \ ASP
EM 2008 NÃO HAVIA TEMPESTADA NO
HORIZONTE. O BRASIL NÃO SUBIA EM UM TOPO DE PÓDIO DO WCT DESDE NECO NA FRANÇA
EM 2002, BRUNO SANTOS SURGIU “DO NADA” WILDCARD DO BILLABONG PRO TEAHUPOO FEZ A
MALA. CHOQUE! CAPA DA HARDCORE #226. FOTO: JEFF DIAS
BRUNINHO FIRME NOS TUBOS DE TEAHUPOO
FOTO: KRISTIN \ ASP
EM 2010 FOI RAONI MONTEIRO QUE FEZ AS
HONRAS DO BRASIL EM SUNSET BEACH VENCENDO A WORLD CUP. ESSES SURFISTAS DE
SAQUAREMA SABEM LIDAR COM AQUELA ONDA
Renovação
Década de
10, a renovação brasileira desponta no horizonte e toma corpo, capitaneados por
Adriano de Souza, que havia sido o sangue novo, caçula da primeira década do novo milênio.
Nossa tropa de elite entra firme para 2018. São 11 brasileiros (5 novidades), contra 8 aussies, 6 yankees, 4 havaianos, 2 franceses, e 1 de Portugal, Tahiti e o perigoso e mordido talento da África do Sul - Jordy Smith. Com a possibilidade do primeiro alternate (Michael February), outro grande talento da África do Sul, participar de diversas etapas em 2018.
Nossa tropa de elite entra firme para 2018. São 11 brasileiros (5 novidades), contra 8 aussies, 6 yankees, 4 havaianos, 2 franceses, e 1 de Portugal, Tahiti e o perigoso e mordido talento da África do Sul - Jordy Smith. Com a possibilidade do primeiro alternate (Michael February), outro grande talento da África do Sul, participar de diversas etapas em 2018.
No meio de março a nova corrida pelo título mundial começa quente, com muitos postulantes e não me arrisco a chutar quantos de nossos brasileiros terminarão entre os Top 10, cada um deles têm predicados interessantes.
VAMOS ILUSTRAR ISSO (com fotos da
Tríplice Coroa)
MICHAEL
RODRIGUES (11º WQS) SURFANDO EM SUNSET
CEARENSE
RADICADO EM FLORIPA SURFA LEVE E ESPONTÂNEO
FOTO:
KEOKI \ WSL
WILLIAN
CARDOSO (8º WQS) HALEIWA
POWER SURFER
NATO, AS ONDAS DO DREAM TOUR VÃO SENTIR SUA FORÇA
FOTO: HEFF
\ WSL
YAGO DORA
(6º WQS) SUNSET BEACH
CRIATIVIDADE
E FLAIR, SEU SURF AINDA TEM MUITO PARA DESABROCHAR
FOTO: HEFF
\ WSL
TOMÁS
HERMES (5º WQS) SUNSET POINT
CAMPEÃO
BRASILEIRO DE 2011 E DESFERE O CUTBACK MAIS POLIDO DO RAMO
IMAGEM:
WSL
JESSÉ
MENDES (2º WQS) SUNSET
INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA, VAI ELEVAR SEU PADRÃO DE SURF NO WCT
FOTO: HEFF
\ WSL
IAN
GOUVEIA (23º WCT & WILD CARD) PIPELINE
ALÉM DE
SEU DNA FABULOSO DOMINA TUBOS, AÉREOS E MANOBRAS NA FACE
FOTO:
POULLENOT \ WSL
ÍTALO
FERREIRA (22º WCT) BACKDOOR PIPELINE
UMA
TEMPORADA COMPLETA NO TRILHO DEVE IMPRESSIONAR E ASSUSTAR
FOTO:
POULLENOT \ WSL
CAIO
IBELLI (18º WCT) NA JUNÇÃO DE SUNSET
SURFISTA
COMPLETO EM QUALQUER TAMANHO DE MAR, ESTILO E GARRA
FOTO:
KEOKI \ WSL
FILIPE
TOLEDO (10º WCT) HALEIWA
EM 2017
DEU SHOW EM J-BAY, TRESTLES E HALEIWA, VEM COM TUDO EM 2018
FOTO:
KEOKI \ WSL
ADRIANO DE
SOUZA (8º WCT) BACKDOOR PIPELINE
O MAIS
TARIMBADO DA SELEÇÃO, OUTRO TÍTULO NÃO ESTÁ FORA DE QUESTÃO
FOTO:
POULLENOT \ WSL
GABRIEL MEDINA
(2º WCT) AREIAS DE PIPELINE
RESPEITO,
ADMIRAÇÃO, RIVALIDADE.
TOMOU O BASTÃO DA GERAÇÃO SLATER, FANNING, PARKO... EM 2014. SERÁ QUE ALGUM DESTES SURFISTAS DA "VELHA GUARDA" VOLTA AO TOPO?
TOMOU O BASTÃO DA GERAÇÃO SLATER, FANNING, PARKO... EM 2014. SERÁ QUE ALGUM DESTES SURFISTAS DA "VELHA GUARDA" VOLTA AO TOPO?
FOTO:
STEVE SHERMAN \ WSL
Futurologia
sempre foi um exercício interessante no jornalismo de surf, metade dessa turma brasileira tem potencial para um título da WSL nos próximos anos, com esta 99ª postagem
vou deixando uma massa de informações que será distribuída em meu livro com um
arranjo estético bem diferenciado deste.
O que
considero importante é continuar municiando os frequentadores deste blog com
informação fidedigna, conteúdo e substância para reflexão e apreciação dessa bela história construída por nossos surfistas. Destaco também que todos os
surfistas que um dia alcançaram o WCT, todos os campeões e campeãs brasileiras nacionais
e estaduais profissionais estarão mencionados na obra que agora tem previsão de
lançamento para 2019 (os primeiros dois volumes) de um total de 660 páginas.
Este projeto
culmina com o lançamento de 5 VOLUMES, até 2020, do livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, conheça detalhes clicando no
link abaixo:
OUTROS POSTS
SOBRE A HAWAIIAN TRIPLE CROWN E OS BRASILEIROS
LINKS:
http://surfdragonblog.blogspot.com.br/2015/12/retrospectiva-2015.html
http://surfdragonblog.blogspot.com.br/2014/12/aconteceu-gabriel-medina.html
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Boa noite, Dragão...Meu nome é Edgar Dal'Acqua e acredito que tenha informações relevantes sobre a história do surf em Praia Grande (SP) por meio de um grupo de surfistas da geração dos anos 70 e mais recentemente dos jornais Paradise News e Gazeta Radical que podem integrar este seu grande projeto colaborativo. Poderiamos marcar uma conversa sobre o assunto, o que acha? Meu e-mail é edgardall@gmail.com. Se houver interesse, estou à disposição. Abraço e parabéns pela iniciativa e o trabalho de pesquisa.
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