terça-feira, 17 de junho de 2025

UMA NOVA FASE PARA OS LIVROS

 O volume dois de cinco continua no forno

Quando concebi meu projeto da coleção de livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO nos Anos 2010, sabia que não seria um projeto fácil de concretizar. Apenas o primeiro volume está disponível no momento, mas valerá a pena aguardar os outros 4 livros da coleção, que virão no mesmo padrão de qualidade, com 132 páginas, ricamente ilustradas, cada.

ESTA É A CONTRACAPA DO PRIMEIRO LIVRO

NAS PRÓXIMAS EDIÇOES ESTAREI ALTERANDO AS CAPAS QUE FIGURARÃO AQUI, BEM COMO FOTOGRAFIAS DE DIFERENTES FASES DE MINHA TRAJETÓRIA NO SURF. NESTAS ACIMA ESTOU SURFANDO EM HONOLUA BAY, NA ILHA DE MAUI EM FOTO PUBLICADA EM UMA BRASIL SURF DE 1978. FOTOGRAFIA DO LENDÁRIO FOTÓGRAFO E CINEASTA KLAUS MITTELDORF, QUE ESTÁ PREPARANDO UM REMAKE DIGITAL DO PRIMEIRO FILME DE SURF BRASILEIRO - “TERRAL” - REALIZADO NOS ANOS 70.

NA FOTOGRAFIA MENOR ACIMA ESTOU COM MINHA PRANCHETA FAZENDO ANOTAÇÕES PARA ESCREVER A MATÉRIA SOBRE A COBERTURA DO SEA CLUB SURF, ETAPA DO CIRCUITO ABRASP NOS ANOS 1980. FOTOGRAFIA DE BRUNO ALVES, QUE ERA MEU PARCEIRO EDITOR DE FOTOGRAFIA NA ÉPOCA EM QUE TRABALHÁVAMOS JUNTOS NA REVISTA FLUIR.

Em 2025 acabei de fechar um novo contrato de distribuição para todo o Brasil com a Editora Global, que através da Gaia, hoje é a editora com maior acervo de livros de surf em português no seu portfólio. Alguns concebidos por criatividade própria e outros best sellers internacionais traduzidos para nossa língua.

RECORTE DE PÁGINA NA INTERNET TRAZENDO A IMAGEM DE ALGUNS DOS TÍTULOS RELACIONADOS AO SURF DO GRUPO EDITORIAL GLOBAL\GAIA\GAUDI

PESQUISEM AQUI OS TÍTULOS QUE ABORDAM ESPORTE E AVENTURA: https://grupoeditorialglobal.com.br/generos/?gen=009

 

O mais recente lançamento é “A Arte da Longevidade”, obra de Rodrigo Perez, lançado em março deste ano. O livro foi publicado originalmente na Austrália pela Penguin Books e agora lançado no Brasil com tradução de Gabriel Augusto da Silva. Rodrigo Perez, um brasileiro que vive na Austrália, teve participação no treinamento do surfista Joel Parkinson campeão mundial de 2012.


 REPRODUÇÃO DA CAPA DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

Longevidade é um tema que está muito em voga atualmente. Espero manter saúde para continuar surfando e trazendo todo meu conhecimento e vivência histórica neste esporte que foi minha paixão desde a adolescência. No início dos Anos 2000 conheci os irmãos surfistas Jefferson e Richard Alves, diretores do Grupo Editorial Global. Na ocasião fui convidado para fazer a tradução do livro OCCY, de Mark Occhilupo, que acabou sendo lançado no Brasil em 2004.

 

CAPAS DE OCCY – O ANO DO TOURO EM SUA VERSÃO ORIGINAL E NA EDIÇÃO BRASILEIRA

O livro, escrito com a ajuda do foto\jornalista australiano Paul Sargeant, tem seu foco central no detalhamento da vida de um surfista dentro do Circuito Mundial, me aprofundarei a seguir nas já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO


 UM LIVRO



UM FILME

 

UM DISCO – IV (4) – Led Zeppelin

Quando comecei a colecionar discos de vinil, ainda no final dos anos 1960, o que passou a dominar minha preferência foram os discos de rock progressivo e pesado, principalmente das bandas inglesas que sucederam os Beatles e os Rolling Stones, desvendando o novo rumo e as vertentes que impulsionariam o ritmo concebido nos EUA e levado ao estado da arte na Inglaterra. A maioria destas bandas (cito aqui dez das minhas preferidas, todas com virtuosos guitarristas) foram concebidas no final dos anos 60: Cream, Pink Floyd, Traffic, The Who, Jethro Tull, Deep Purple, Yes, Genesis, Supertramp e Led Zeppelin.

Nos Estados Unidos, na Europa, Irlanda e Austrália, até no Brasil e Itália outras bandas surgiram e prosperaram, mas estas dez são de certa forma incomparáveis pelo peso de sua grandiosa obra e, novamente, a longevidade de seus membros numa esfera criativa da música contemporânea. Lembrando que o Queen surgiu apenas em 1973, sendo o caçula dessa bendita geração. Os designers das capas destes discos sempre primavam pela elaboração da capa em si e do que viria encartado em cada novo álbum – “surprise SURPRISE”.

 

ALBUM LANÇADO NO BRASIL PELA POLYGRAM

NO VERSO DESTA FOLHA ENCARTADA

APENAS A LETRA DE STAIRWAY TO HEAVEN EM LETRAS GÓTICAS

Naquele tempo dos anos setenta, cada novo disco que saía era celebrado e ouvido seguidamente. Das dez bandas citadas acima aguardávamos lançamentos anuais e sempre vinham deslumbrantes. A emoção era sentir qual seria o próximo voo, para onde surfariam com sua criatividade à flor da pele. Cada audição dos álbuns nos permitia descobrir novos detalhes, nuances em arranjos portentosos, explorando o novo advento da música estereofônica que dominava o cenário. Uma literal viagem auditiva.

Lembro que na adolescência, junto com meus amigos do ginásio, montávamos um esquema que cada um comprava discos diferentes e íamos na casa um do outro para trocar gravações. Nunca esqueci em 1973, eu tinha 16 anos e saiu o quinto disco do Led Zeppelin. Fui na casa de meu colega Luiz Bruno. Na casa dos pais dele tinha uma “sala de música” com amplificador potente, caixas acústicas grandes e ao ouvir os primeiros acordes de The Song Remais the Same e todo o resto do disco, fiquei arrepiado. Foi literalmente uma experiência imersiva, naquelas poltronas que ele tinha ali. Tenho até hoje essa gravação, feita num gravador de rolo Akai. Guardo diversas fitas K7 e de rolo, mas hoje é tudo digital.

Na época, todos estes supergrupos e outros artistas individuais como David Bowie da Inglaterra, Van Morrison da Irlanda, Janis e Jimmy dos EUA nos deixavam boquiabertos com cada uma de suas novas bolachas. Hoje, na perspectiva do tempo, é claro que gosto musical, da mesma forma que o paladar, é uma questão individual e vai sendo apurada, mas ao meu modo de ver a obra do Led Zeppelin se sobressai com relação ao resto.

Explico: ao ouvirmos cada uma das faixas, vamos dizer... dos primeiros cinco discos do Zep, quatro numerados e em seguida o 5 que foi Houses of the Holy, são estupendas em sua singularidade, mantendo a espinha dorsal da sonoridade do Led. Com certeza o Led Zepellin IV é o mais celebrado da banda que muitos dizem ter dado origem ao rock pesado. Em audições mais recentes, sem menosprezar qualquer faixa dos outros “concorrentes”, podemos perceber uma singularidade especial no contexto da elaboração de cada música especifica.

Pegando como exemplo três das faixas do IV, podemos começar com Going to California, uma das mais belas baladas já produzidas na história da música, com os vocais de Plant e a guitarra acústica manejada por Page de forma primorosa. Um blues de peso e sensibilidade astronômicas é When the Levee Breaks uma música que transporta o ouvinte para a gravidade da situação. Para finalizar e sem me alongar demais aqui, Stairway to Heaven a faixa que foi colocada em inúmeras listas como a mais importante música da história do rock, transporta o ouvinte do suave ao pesado, “and back” de forma singular e hipnótica. Mas, peguem qualquer faixa destes cinco primeiros discos do Led Zeppelin e sintam o aspecto único e extremamente criativo, inspirado, de sua montagem.

 

OS MEMBROS ORIGINAIS DA BANDA

Foi neste disco de 1971, que os quatro decidiram associar símbolos a seus nomes. O guitarrista Jimmy Page escolheu ZoSo, retirado de rituais de encantamento mágico; John Paul Jones, talvez o mais virtuoso dos quatro, multi-instrumentista que além das linhas de baixo operava os teclados da banda escolheu um símbolo que representa unidade e confiança; já John Bonhan, o baterista que faleceu de forma mais precoce e foi substituído pelo filho Jason Bonham em apresentações mais recentes quando a banda se re-uniu, escolheu três círculos entrelaçados; Robert Plant vocalista de longeva carreira solo selecionou uma pena dentro de um círculo que representa verdade e justiça.

Todas estas bandas, na medida em que a década de 80 foi abrindo espaço para diferentes vertentes do rock, o heavy metal\southern rock\pop rock\country rock\glam rock\techno\grunge\etc... perderam um pouco do seu frescor inicial, tanto que em shows atuais o que mais faz sucesso são suas faixas dos anos 70, mas recomendo a todos, velhos da minha idade amantes deste tipo de som e jovens que procuram conhecer essa fase revolucionária e brilhante da música, explorar cada um dos primeiros álbuns destas bandas, na íntegra, o lado A e o lado B, na sequência em que foram concebidos, em especial os do Led Zeppelin. Creiam, será uma experiência que não irão se arrepender. Atentem aos aspectos de individualidade de cada faixa. E comecem pelo Led Zeppelin 1, ao meu ver, o melhor de todos os discos deles.

 

UM LIVRO – OCCY - O ANO DO TOURO – com Sarge

Este livro é um diário da vida no tour no ano de 2000, o ano exatamente seguinte ao do título mundial de Mark Occhilupo. O livro começa com uma introdução sobre quem é Marco Jay Luciano Occhilupo, um australiano descendente de italianos, residente e local da praia de Cronulla, no lado sul de Sidney a principal cidade da Austrália.

 

CONTRA CAPAS DAS DUAS VERSÕES A ORIGINAL E A BRASILEIRA PUBLICADA PELA EDITORA GAIA

EM AMBAS A PUXADA ÚNICA DE OCCY, JOGANDO SUA FRANJA AO VENTO E ENFIANDO A BORDA DA PRANCHA NA ONDA DE FORMA VISCERAL

O foco do livro é a narrativa do ano seguinte ao título, em detalhes, mês a mês, prova a prova, da ASP. O capítulo inicial traz um resumo da trajetória que o levou ao merecido título de campeão mundial, conquistado na Barra da Tijuca no final de 1999. O livro escrito por Paul Sargeant, um jornalista especializado em surf que morava na mesma região de Occhilupo e o conhecia desde cedo, traz um relato minucioso de como é a vida de um surfista no tour, a vida de um campeão mundial. Um dos maiores e mais carismáticos ídolos que o esporte surf já teve.

Sarge tem uma visão perspicaz deste cenário, pois durante anos acompanhou o circuito, fotografando, escrevendo e produzindo uma série de vídeos intitulada Sarge’s Scrap Book, que mostrava não só a performance em baterias, mas também cenas de bastidores, principalmente dos australianos, mas de todos os participantes do tour. Paul Sargeant durante diversos anos em que eu dirigia a revista Hardcore colaborou como correspondente australiano, com uma coluna mensal chamada Hardcore Aussie. Também um dos diretores da Tríplice Coroa Havaiana, Bernie Baker nos mandava o relato Hawaii Report em colunas mensais. Uma época em que o jornalismo de surf era lastreado nas revistas e em parceria com meu grande amigo e jornalista Alceu Toledo Junior, o Juninho, criamos uma grande rede de correspondentes internacionais e do Brasil para colaborar com a Hardcore mensalmente.

 

ALGUNS DOS LIVROS DA EDITORA GAIA QUE TENHO EM MINHA COLEÇÃO PARTICULAR, OUTRAS RESENHAS VIRÃO NESTE BLOG

Voltando ao livro de Occy, não há como não apreciar o esforço, a força de vontade, deste garoto que surgiu em 1983 assombrando o mundo das competições, travou batalhas épicas na década de 1980 com o tricampeão mundial Tom Curren (vencedor dos circuitos de 85 \ 86 e 1990) e depois descambou, chegando a pesar mais de 100 kg, no meio dos anos 90. Nunca parou de surfar apesar de ficar jogado em um sofá com vídeos e pipoca. Mas, inspirado por seu patrocinador a Billabong e o cineasta de surf Jack McCoy (já vamos falar dele) voltou à carga, entrou em forma e no final da década de 90 escalou o ranking até o prestigiado topo. Mark acabou transformando sua história e a si próprio em uma das maiores lendas do surf. Este livro traz um relato importante, detalhado e fiel de parte desse processo. Occy arrepia até hoje.

 

UM FILME – A DEEPER SHADE OF BLUE – Jack McCoy

Para um cineasta de surf com uma filmografia do tamanho e grandiosidade deste havaiano radicado na Austrália é ousadia catalogar “Um Tom Mais Profundo de Azul” como sua obra prima. Mas não hesitarei em fazer isso, embora tenha assistido (mais de uma vez) 90% de sua obra, A Deeper Shade of Blue é o que podemos considerar um trabalho definitivo em sua carreira.

AS IMAGENS AQUÁTICAS SEMPRE FORAM UMA VIRTUDE DE McCOY

O documentário A Deeper Shade of Blue foi uma forma com assinatura própria que Jack vislumbrou para contar (tipo) sua versão da história do surf, com um tempero único e criativo que sempre foram sua característica ao realizar seus filmes. No início do filme ele dá uma pincelada vertiginosa sobre como surf surgiu, na Polinésia e se alastrou pelo planeta. O principal fio condutor que ele utiliza é o design das pranchas, nosso artefato que permite toda essa alegria que transborda de qualquer ser humano que experimenta surfar. Nos créditos finais isso fica claro ao acompanhar uma criança, numa longa onda, aprendendo a surfar em Waikiki. O berço espiritual.

Uma das situações que Jack McCoy domina com maestria em seus filmes é a passagem de um segmento para o próximo. No caso de A Deeper Shade of Blue ele se supera. A forma como ele introduz cada parte do filme e nos transporta para uma próxima faceta da história que decidiu nos contar é cativante. Outra coisa que sempre foi marca registrada de Jack em seus filmes, desde Storm Riders e Tubular Swells, em parceria com Dick Hoole, foi a trilha sonora que escolhia. Em diversas ocasiões apresentou ao mundo do surf bandas novas, em outras encaixou música e cenas como – só ele!!! A apoteose do filme A Deeper Shade of Blue se dá nas cenas de foil board com Terry Chung surfando no North Shore do Kauai, em um lugar chamado Middle of the Bay, na região de Hanalei, com a música do Cold Play, Viva La Vida em sintonia perfeita. Literalmente, me arrepiei, quando vi isso pela primeira vez.

TRAILER – A DEEPER SHADE OF BLUE


Ao longo de sua carreira Jack sempre procurou quebrar chão novo e não foi diferente com esta sua derradeira obra prima. Ele achou uma forma de filmar os surfistas por baixo da água, não só ao passarem por ele, mas acompanhando os mesmos com um artefato turbo que permitia segui-los em velocidade. Para isso ele acoplou uma câmera a esta espécie de submarino e fez imagens inéditas, que foram até utilizadas em clip de Paul McCartney, Blue Sway.

JACK EM AÇÃO

Jack McCoy além de um talentoso cineasta, por estar sempre no mar junto com surfistas criava um elo ainda maior com eles. Suas imagens aquáticas sempre foram de uma classe à parte, takes íntimos, entubando junto com os surfistas. Jack foi para Grajagan com Gary Elkerton, Rabbit e Chappy Jennings para realizar Kong’s Island; viajou pelo sul da Austrália para realizar A Day In The Life Of Wayne Lynch; estava com Laird Hamilton em Teahupoo naquele dia do ano 2000 e criou a obra prima To’; um de seus trabalhos mais importantes foi The Occumentary, a vida de Occy. Seu relacionamento com Mark Occhilupo foi instrumental para reativar a autoestima do campeão em sua partida para o título mundial. As cenas iniciais de Sik Joy, com Shane Dorian passando a centímetros de sua lente são fantásticas.

 

BOX COM 4 DOS FILMES DE McCOY EM PARCERIA COM A BILLABONG, OCCY EM DESTAQUE NA VERSÃO DE GREEN IGUANA

Abaixo a postagem\homenagem feita no Instagram pelo meu brother fotógrafo DJ AGObar Jr. O que dizer? Quando uma personalidade dessa envergadura nos deixa. Qualquer homenagem é pouca. Porém, o legado fica. Foram quase 30 filmes, um mais alucinante que o outro. Neste vídeo que Agobar Junior capturou, um breve “glimpse” de seu trabalho. E, ao que tudo indica, virá um filme homenagem, mais do que merecida.

PRINT SCREEN DO INSTAGRAM DE AGOBAR

Lembro que no Hawaii em 89\90, Agobar e eu estávamos em equipe para fazer a cobertura da temporada havaiana pela Fluir, fomos até a casa onde McCoy estava hospedado, em uma das travessas perpendiculares à praia na região de Rocky Point. Ele exibiu alguns de seus trabalhos e me presenteou com uma fita VHS de SURF HITS 1 - Jungle Jet Set, um compilado de diversos pequenos trabalhos e num trecho ele já começava a flertar com animações, o que viria a utilizar de forma magistral em Green Iguana. Assistam no link abaixo o que DJ Ago preparou com carinho e admiração:

https://www.instagram.com/p/DKPXUa_OCv5/

 

Para finalizar uma segunda versão de trailer para o seu filme, que se quiserem (devem) assistir completo, está disponível na web através da Amazon em Prime Video.

 

A DEEPER SHADE OF BLUE trailer N. 2


 

Naveguem por este meu blog com mais de uma centena de postagens, pelo site do livro, por meu Instagram, desfrutem do primeiro livro, cada qual com sua abordagem, misturando história e atualidades do surf.

 

MEU LIVRO ESTÁ DISPONIVEL AQUI:

https://www.amazon.com.br/Grande-Historia-Surf-Brasileiro/dp/6586223776