domingo, 15 de dezembro de 2024

 

APERITIVO PARA O VOLUME 2

E visões para um novo jornalismo de surf

As revistas de surf já foram a grande fonte de inspiração, referência, educação e informação para iniciantes e iniciados no esporte, no estilo de vida. Retratava viagens de surf livre em busca de ondas perfeitas; a mais alta performance, entre dois sinais de início e término de baterias; e o perfil dos grandes surfistas de uma forma que nunca havia sido feita antes. Passagens marcantes foram decantadas e documentadas por célebres escritores e talentosos, corajosos e dedicados fotógrafos. Tudo estampado em páginas, para nos determos, extasiados, pelo tempo que quiséssemos. E agora, depois das revistas... o que temos de notável como imprensa do surf?


 REPRODUÇÃO DAS PÁGINAS 28 E 29 DO PRIMEIRO VOLUME DA COLEÇÃO DE 5 LIVROS QUE CONCEBI. UMA PÁGINA DUPLA QUE LEVA A ALCUNHA “MAR ÉPICO”. SEQUÊNCIA DE KELLY SLATER EM FOTOS DE FÁBIO MINDUIM E TONY FLEURY NA BARRA DA TIJUCA 1997

Meu objetivo com esta, poderemos dizer “seção”, nos livros A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, é trazer momentos, agora sim de sessões espetaculares de surf que ocorreram nas regiões brasileiras que serão destacadas ao longo dos livros – fascículos – volumes de 132 páginas cada.

AINDA NO VOL.1, O CAPÍTULO DE SAQUAREMA TRAZIA OUTRO MOMENTO ÉPICO CAPTURADO, POR SIMPLES COINCIDÊNCIA, EM COMPETIÇÃO. A PERFORMANCE DE FILIPE TOLEDO NA BARRINHA

NA FOTO MAIOR, MARCOS MONTEIRO DROPANDO NA VILA 

FOTO DE LUCIANO SANTOS PAULA

Ampliem estas imagens e fazendo o download será possível ler. Aqui abaixo agora, um aperitivo da seção, uma futura página dupla “mar épico” sobre o Guarujá, com um texto que ainda poderá ser editado e sairá publicado (BREVE) no segundo volume da coleção. Em negrito. Em itálico. Em primeira mão:

MAR  ÉPICO

Pitangueiras

OS MELHORES QUE JÁ VI

Uma das melhores coisas que uma vida dedicada à busca por ondas neste lifestyle do surf que escolhemos é encontrar um dia de condições perfeitas em picos clássicos. Isso de certa forma fica até fácil quando escolhemos a época certa em uma destas famosas ondas que ficam no ideário de qualquer surfista. Porém, estes picos são relativamente poucos e estão cada vez mais crowdeados.

Outra situação, em 95% das praias e bancadas do mundo, é aguardar que as condições fiquem clássicas em seu “home break”, a praia em que somos locais. Minha vida no surf começou na praia de Pitangueiras. Desde de 1969 comecei a observar o mar do nono andar de um prédio de frente para a mágica Ilha Pombeva, todas as manhãs em que eu estava lá, meu objetivo era escolher em qual das bancadas cair, no leque de opções característico de Pitangueiras. Detalharei os dois dias mais perfeitos que já surfei em minha praia local.

PERFEIÇÃO DE SONHO

Foi nos dias 9 e 10 de fevereiro de 1971, guardei estas datas na memória. Eu tinha 14 anos, estava com minha segunda prancha, uma São Conrado 7 pés, monoquilha. A prancha que tinha o desenho do “dragão”. Foram os dias em que aprendi a entubar. Cordinhas ainda não haviam sido inventadas. No meio do verão a ondulação estava lá, chegou com um metro e meio. Já de manhã as ondas estavam boas, o mar liso característico de 90% dos dias logo cedo no Guarú, mas era um dia bom normal. Como é característico, também no verão, na medida em que o dia passa, esquenta, o vento maral vai entrando e mexendo, picando as ondas. No meio da tarde começou a se armar uma indomável chuva de verão. O tempo virou, a tempestade veio com rajadas de vento que açoitaram as ondas de todas as direções imagináveis. Raios. A praia ficou vazia.

E veio a bonança, nuvens negras e ameaçadoras deram lugar a uma camada fina e alta de estratos. O vento, hora selvagem, se transformou em uma leve brisa de terral, a ondulação que entrava de sudeste, começou a pender mais para leste, encaixe perfeito para Pitangueiras. Na região do Monduba, até o Canal, começaram a surgir triângulos perfeitos, molduras em forma de “A”, que desfilavam antes de arrebentarem de forma cilíndrica, com tubos para os dois lados. A maré estava baixando e a bancada de areia de toda região perfeitamente moldada. Um véu translúcido se atirava para atrás de cristas delicadas porém tubulares. Dizer que não havia gotas de água fora do script seria menosprezar a perfeição do mar. Só restava pegar a prancha e correr para dentro d’água.

E “toda” pequena turma de amigos que estava lá naquele verão... foi. Hipnotizada por uma perfeição inusitada. Os picos espoucavam por toda praia. Lindos, majestosos, com bom tamanho. Ao furarmos as ondas as gotas que voavam para trás caiam fortes em nossas costas. Havia mais ondas marchando para caçarmos lá fora. Lembro de estar sentado em minha prancha, em frente ao prédio do Sidão, e ver uma onda arremessar o lip, ao bater na base colou uma visão do prédio Sobre-as-Ondas, inteiro, emoldurado pelo tubo que acabava de se formar. Lembro também de correr pela primeira vez dentro de uma onda, vendo a crista bem afrente de minha cabeça. Minha memória pode estar imprecisa, mas em um dos tubos que peguei naquele dia calculei 5 segundos (ou será que o tempo se expandiu?). De dentro via surfistas apontando para mim. Pura magia. Inesquecível!!! 

FOTO QUE FIZ EM 2018 DO TERRAÇO DO APARTAMENTO DE MEUS PAIS. LONGE DE ESTAR SIMILAR AO DIA MÁGICO QUE DESCREVI, MAS DÁ PARA TER UMA IDEIA DA FORMAÇÃO DE PITANGUEIRAS NA REGIÃO DO MONDUBA

 

O MELHOR GRANDE DIA

Vamos para o outro lado da Ilha.

Esse foi um presente para o meu aniversário de 15 anos (24 de julho de 1971), eu já havia presenciado um mar bem maior, na Páscoa de 1970, foi a primeira vez que vi ondas estourando por detrás da Ilha Pombeva, por todo lado. Estava “insurfável”, só quando o mar baixou surfistas conseguiram cair. Neste dia que descreverei agora, não. Na véspera, dia 23. O mar subiu com vento sudeste forte, o que entra de cara em Pitangueiras. O mar não parava de crescer no final da tarde, mas muito mexido. De noite fui ao terraço, espumas dos dois lados da ilha, mas a silhueta das ondas mostrava boa formação. O vento parou de madrugada. Total – zero. Noite típica de inverno no Sudeste brasileiro.

Ao amanhecer o mar estava liso como um espelho, parecia gelatina, dia totalmente limpo, sem uma única nuvem. Não acreditei no que vi: entre a Ilha e o morro do Maluf entravam séries consistentes. Lá de cima do apartamento dava para perceber que as maiores tinham mais de 2 metros – fácil. Dentro do mar, com meu julgamento de um garoto de 14 anos (faria 15 às 23:30 horas), poderia jurar que vi ondas de 3 metros. Tomei na cabeça, dropei. Foi o maior mar de minha vida até então. Eu estava com aquela minha prancha que tinha o desenho do “dragão”, uma 7 pés, round pin tail.

A maré foi secando até as 9 da manhã, variação significativa, a lua nova havia ocorrido no dia 22. Foi um daqueles dias em que você quase conseguia subir na ilha sem molhar os pés no auge da maré vazia. Vamos à descrição das ondas: como a ondulação tinha um ingrediente predominante de sul, colado na ilha as ondas não estavam grandes. Entrávamos andando perto das pedras, ali as ondas fechavam com menos de meio metro, estava fácil varar. Tanto que surfávamos uma onda e voltávamos andando para entrar pelo canto da ilha de novo. Uma vez no outside víamos as verdadeiras séries mostrando a cara no bico da ilha, lá fora e marchando para o meio da praia. Íamos remando em direção ao norte. Lá o bicho pegava. Elas vinham em triângulos, totalmente perfeitos, as esquerdas fechavam logo. As direitas, uma pintura, lisas, não ventou nada nesse dia. Fortes, grandes, o fundo estava bom e a formação realmente especial. Eram cumes que cresciam se movendo numa diagonal perfeita do sul para o norte, até encontrar a bancada de areia. As maiores e melhores armavam em frente à avenida da igreja, a principal na chegada ao Guarujá.

ESTA FOTO ENCONTREI NO FACEBOOK DE CAIO IBELLI JÁ TEM ALGUNS ANOS. NÃO SEI QUEM É O AUTOR, MAS SÃO AS DIREITAS DA ILHA POMBEVA EM UM DIA DE RESPEITO

 

O Brasil não é o melhor lugar do mundo para o surf, mas pode oferecer situações de pura magia e perfeição. Vivi isso aqui.”

FIM DO TEXTO PREPARADO PARA O VOL. 2 DE “A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO”

 

Ainda não sei quais serão as fotografias para ilustrar estes mares épicos que vi acontecer na praia de Pitangueiras, uma vez que não houve nenhum registro em 1971. Tenho em mente uma foto de Sebastian Rojas com Peterson Rosa entocado num tubo nas direitas da Ilha, publicada numa Fluir no final dos anos 1990, mas nem sei se será localizada. Porém, há um farto material desta praia em belos dias de surf. Isso não será um problema.

O que sei, e é fácil perceber, de certa forma até um pouco nostálgico, embora isso não seja meu estilo, pois sempre adoro todo e qualquer avanço tecnológico, ou de abordagem – é que, as revistas de surf têm um lugar similar ao dos discos de vinil, ou dos CDs na música; VHS, ou DVDs nos filmes. A informação de surf, a forma como ela é apresentada, mudou de “cara”, de veículo de transporte, de forma de apresentação.

Hoje, apesar de estar beirando os 70 anos, fico matutando como poderá ser formatado o que estou apelidando de “o novo jornalismo de surf”, com a velocidade da internet, a criatividade de infinitos alimentadores de conteúdo pelo Instagram, smartphones com câmeras potentes (áudio e vídeo da hora), TOMA-VÊ-OUVE, canais de divulgação amplamente acessíveis como o YouTube... Ainda sinto falta do peso, da fidedignidade, que algumas das melhores revistas em seu tempo áureo nos brindavam, mensalmente.

As transmissões (webcasts) dos eventos de surf, nos deixam conhecer e saber quem de fato está arrebentando nas ondas. Melhor ainda se apresentado por comentaristas competentes. Mas o que realmente traz entretenimento são boas histórias, análises profundas de performance. Entre tantas opções o BOIA, podcast apresentado por João Valente – português que mergulhou no surf ao morar no Brasil, mais tarde se transformou em editor da revista Surf Portugal; Bruno Bocayuva, um dos grandes conhecedores da história do surf, editor de surf do Canal Woohoo, nos tempos áureos em que o surf era o carro chefe do veículo; para finalizar (ou iniciar), Júlio Adler, campeão carioca de surf em 1990, o mestre de cerimônias, condutor do programa, se assim podemos chamar um podcast só de áudio, que beira duas horas em cada episódio lançado todas as terças-feiras.

O BOIA PODCAST SOBREVIVE COM O PATROCÍNIO DA MARCA DE SURFWEAR PAULISTANA SOUTH TO SOUTH

De tudo que tem sido feito por aí, que poderemos chamar de a versão 2.0 do jornalismo de surf, desfigurado, com as revistas definhando a partir das primeiras décadas dos Anos 2000, o Boia Podcast é uma das iniciativas que mais tem me agradado. Traz análises de especialistas de todas as etapas da WSL e ainda muitas dicas de cultura e boa música. Daqui só me resta seguir com, as já tradicionais neste blog...

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO




















UM LIVRO


 

UM FILME



UM DISCO – WHITE ALBUM – The Beatles

Esse, com certeza, não será o único disco dos Beatles destacado aqui neste blog. O que é incrível aquilatar na breve história da primeira superbanda do planeta, que se expandiu do início dos anos 1960 até 1970 foi a mutação que ela adquiriu durante a década, até o triste fim. Os quatro continuaram produzindo discos solo de qualidade, mas a magia deles juntos é um fenômeno que vem sendo estudado desde sempre.

 WHITE ALBUM DEBAIXO DE TODOS À DIREITA E TENHO OUTROS

Alguns dos discos de minha coleção, adquiridos assim que saiam. Gastos, nos sulcos do vinil, em agulhas dos mais diversos equipamentos, desde vitrolas mambembe, à toca discos alemães da Dual, com cápsulas inglesas da Shure, ao longo dos anos, conforme meu gosto musical foi se apurando. Ouvidos à exaustão, seguidas vezes, da mesma forma que eu folhava as primeiras revistas importadas de surf. Sem parar. Talvez Abbey Road seja o disco mais bem elaborado dos Beatles, com arranjos primorosos e uma sequência de músicas magistralmente encadeada. Mas aqui o tema é o álbum branco, todos LPs deles trazem faixas muito especiais. 

TRACK LISTING – AS MÚSICAS DO WHITE ALBUM

E COMO ELES ESTAVAM COM SEUS CABELOS EM 1968

O décimo terceiro disco deles, fora diversos compactos simples e duplos, o único com 2 LPs, vem com seus quatro lados acima dos 20 minutos, um total de 1 hora e 33 minutos de músicas novas. Muitos de seus discos foram lançados no Brasil com listagens de músicas diferentes, algumas só saíram em compactos, muito comuns e populares nos anos 60. Futuramente apelidados de EPs. O fato é que o lançamento de cada novo álbum dos Beatles, ou dos Rolling Stones, era um acontecimento em si. Cada uma das faixas ia penetrando em nossos poros a cada nova audição. Até hoje, basta eu ler o nome de uma dessas músicas e a melodia dela, os vocais, vêm à mente.

Destas tantas músicas espetaculares vou destacar minha preferida de cada um dos 4 lados. No lado A não há como ignorar While My Guitar Gently Weeps, com o convidado especial para a faixa, Eric Clapton arrepiando nos solos finais de uma das faixas mais executadas nas rádios dos Beatles, os vocais são de George Harrisson. Do lado B, Rocky Racoon, cantada por Paul McCartney, conta a balada de um garoto do interior que morre (literalmente) por sua amada de infância, que vai parar nos braços de um rival mais rápido no gatilho. O lado C é maravilhoso, como todos os outros e Helter Skelter é uma mostra do flerte dos Beatles com um som mais “heavy”, para mim a letra era puro surf, base e lip, feito com vigor, como atestam os primeiros versos. No lado D há duas revoluções a de número 1 e 9 (uma faixa experimental – longa), minha preferida é Revolution 1, cantada por John Lennon que já apresentava seu viés de protesto, aguçado mais tarde por Imagine, que viria em um de seus primeiros álbuns solo. 

A LETRA DE HELTER SKELTER, ELAS VINHAM ENCARTADAS NOS PRÓPRIOS ÁLBUNS. ESSA PRIMEIRA ESTROFE É SURF TOTAL

Cada novo disco que The Beatles lançavam era uma aventura auditiva, uma jornada de paixão à primeira audição. O fato dos quatro membros serem exímios vocalistas, com características bem distintas, dava um colorido especial a cada álbum. Lennon e McCartney sempre predominavam como autores e como os principais vocalistas. John mais visceral, Paul Harmônico ao extremo. Os coros, com a voz de George combinada, formavam uma fusão perfeita. Ringo sempre teve um timbre distinto, mas alguns dos grandes hits dos Beatles traziam ele nos lead vocals.

O rádio era o meio de primeiro contato com as novas criações, sucessos instantâneos, que são tocados até os dias atuais em estações pelo mundo afora. Os anos se passaram e os quatro cabeludos de Liverpool, quatro gênios com carisma e talento únicos, sobrevivem ao teste do tempo. Dois deles já nos deixaram, John de maneira abrupta e prematura, George após batalhar com o câncer, Ringo tem gerado DVDs com encontros de notáveis da música maravilhosos, Paul, por sua vez, é dono de uma discografia abundante, em quantidade e qualidade, um verdadeiro mestre, ativo aos 80.

Até hoje faixas dos Fab Four dominam players dos amantes da música das mais diversas idades. Pesquise que vale. Para os mais jovens: ouçam, o que ainda não ouviram.

 

UM LIVRO – SURFING – Jim Heimann

A história do surf vem sendo contada de diversas formas, em deliciosas narrativas vocais, em documentários bem ilustrados e com preciosos depoimentos. Porém, ao meu ver, a melhor forma de apreciarmos detalhadamente é ao pegar em nossas mãos material impresso, fotografias com legendas e textos que entreguem informação pertinente. Podemos parar para refletir, analisar. As mais de 500 páginas deste livro que, chamá-lo de grande formato seria um desprezo. Ele é de E N O R M E formato, aberto tem 64 cm de largura e 40 de altura.

UMA DAS PÁGINAS DUPLAS DA OBRA

JAY MORIARITY EM MAVERICKS

Ao longo das páginas os textos não chegam a ser enxutos, mas o que enche os olhos são as imagens, muito bem selecionadas e muitas delas icônicas, diversas capas de revistas são reproduzidas, as bermudas que usávamos a cada década, os surfistas mais representativos, visões do estilo de vida registradas pelos melhores fotógrafos, ilustrações, cartazes, ação e emoção. Não há como não catalogar Surfing como um livro de peso.

O EXEMPLAR QUE ADQUIRI NA LIVRARIA CULTURA AQUI EM SAMPA VEIO EM UMA SACOLA ESPECIAL COM ALÇA, CONSEGUI PARCELAR EM 10 X

Os capítulos são divididos por eras da evolução do surf, com títulos e subtítulos:

1778-1945 O SURGIMENTO DE UM ESPORTE

1946-1961 ACELERANDO

1962-1969 A ÚNICA VIDA É O SURF

1970-1986 PARAÍSO DE CAMPEONATOS

1987-2015 O SURF DECOLA

Ainda, no meio do livro, baseado na coleção de pranchas do Centro da Herança e Cultura do Surf na Califórnia, há um imenso folder que se abre em seis grandes páginas, exibindo 36 dos artefatos originais que nossos pares usaram desde os primórdios até os dias mais atuais, incluído pranchas de campeões mundiais.


 

O livro foi publicado pela Taschen em 2015, vem com uma introdução de duas páginas do autor Jim Heimann e os cinco capítulos acima ficam na mão de convidados do naipe de Drew Kampion, Sam George, Matt Warshaw... editores da Surfer como Steve Barilotti. O que realmente dá peso ao livro é a quantidade, a relevância na escolha e a disposição do material ilustrativo. Cada uma das imagens selecionadas, mais de mil fotografias, merece que tomemos algum tempo para apreciar, entender o contexto e sentir o impacto que nos provocam. 

DUPLA DE ABERTURA DE UM DOS CAPÍTULOS

Jim Heimann é autor de diversos livros. Sua grande notoriedade é como designer gráfico, fez livros sobre carros de diversas décadas, moda, iconografia. Vivendo na Califórnia, sempre foi uma fonte de consulta para produtores de Hollywood. Alguns de seus belos livros: Classic Cars, Fashion, livros selecionando anúncios, carros e tendências de moda, divididos por décadas. Fez livros, sempre muito bem ilustrados, sobre iconografia havaiana e finalmente Surfing.

 

DUPLA DO SEGUNDO CAPÍTULO

Não é um livro barato, mas para quem tiver a oportunidade de segurar, com fé e força, um destes exemplares em sua mão, ou melhor, encontre uma mesa ampla e firme para manusear esta ‘master-piece’, isso mesmo, uma obra-prima da literatura do surf. Qualquer pessoa, surfista ou não, vai ficar encantada ao surfar esta empreitada de envergadura única na literatura do surf.


 

 

UM FILME – RIDING GIANTS – Stacy Peralta

Stacy mostrou sua habilidade cinematográfica desde muito jovem com filmes de skate, desde 1984 a Powell\Peralta produziu uma série de documentários iniciando com The Bones Brigade Video Show. O ápice foi a concepção do documentário Dog Town And Z-Boys, já nos anos 2000, que acabou virando um bom filme de Hollywood. Com Riding Giants de 2004 ele se aventurou a documentar sua primeira paixão, o surf. Escolheu as ondas grandes como fio condutor. Recentemente fez The Yin and Yang of Gerry Lopez um retrato do surfista mais famoso da história, depois de Duke e antes de surgir Kelly Slater.

 

CONTRACAPA DA PRODUÇÃO EM BLU-RAY

Para contar essa história ele ancorou o filme de quase duas horas, em três personagens marcantes. Ancorou não, diria que pela característica destes três “psicopatas” do surf, soltou a barca, digo as pranchas num verdadeiro mar raivoso de aventuras e atitudes pioneiras. O documentário tem um ritmo a altura da adrenalina que vai transbordando da tela. A versão original do DVD, produzida nos EUA traz um timeline com os grandes acontecimentos que foram moldando o surf em ondas grandes.


O filme, com roteiro de Stacy Peralta e Sam George vem desde as raízes do surf e desemboca nas histórias de vida destes três protagonistas: Greg Noll, que ao chegar no Hawaii se encantou pelas ondas grandes e foi abrindo novas portas, patamares de performance, com um grupo de amigos; por outro lado Jeff Clark, sozinho morando no centro norte da Califórnia, ao não encontrar parceiros decidiu enfrentar Mavericks solo; por fim a apoteose final desta história apresenta Laird Hamilton descortinando novas formas de ataque a ondas que estavam em um “realm” (reino, esfera, domínio) ainda não desafiado. O filme foi fechado antes da apresentação de Nazaré por Garrett McNamara, o que poderia gerar um novo seguimento.

TRAILER – RIDING GIANTS


 O filme foi exibido e distribuído ao redor do mundo e teve grande sucesso vencendo diversos prêmios em renomados festivais internacionais. Este é um daqueles itens que vale a pena termos em nossa coleção. Riding Giants consolida Stacy Peralta como um dos grandes documentaristas de esportes radicais da era moderna, com o reforço de Sam George na redação da história contada, traz uma peça lastreada por profunda pesquisa. As imagens coletadas, o trabalho de animações visuais, o enredo contado de forma muito dinâmica, tudo junto fazem deste um dos melhores filmes de surf de toda história.

CAPA DA VERSÃO ITALIANA DO FILME

Para finalizar é importante destacar que essa “nossa” história do surf sempre ganha força ao se valer de personagens maiores que a própria história em si. Noll, Clark e Hamilton são monstruosos em se tratando de suas jornadas de literalmente quebrar chão novo no aspecto de desafiar as maiores ondas do planeta. São legados como esses que ficarão para que as futuras gerações tenham conhecimento da jornada que percorremos até aqui.

 

Com esta última postagem de 2024 encerro mais este belo ano para a história do surf brasileiro convidando os apreciadores deste Blog do Dragão - HISTÓRIAS DO SURF a navegarem pelos episódios que tenho lançado nos últimos 10 anos, parte de meu trabalho de pesquisa para a concretização da coleção de livros que visualizei. Até agora lancei apenas o primeiro volume, mas meu objetivo é concretizar os próximos. Em 2025 finalmente será lançado o segundo livro, já com este aperitivo do texto no capítulo que falará de meu berço especifico na prática do surf – o Guarujá.

 

Naveguem pelo site, pelo blog, desfrutem do primeiro livro, aguardem novidades. Agradeço meus patrocinadores desde o início dessa jornada:

https://reidragao.wixsite.com/hsurfbr/clients

 

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 

2024 FATOS & PERSPECTIVAS

DIAS HISTÓRICOS PARA O SURF BRASILEIRO

Nos ISA Games de Porto Rico um show de Medina

O dia 3 de março de 2024 apresentou ingredientes de emoção, apreensão e glória para nossa equipe que participou dos ISA WORLD SURFING GAMES realizados no mar do Caribe em Porto Rico. As performances de Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb foram decisivas. Ao final da competição o Brasil foi o único país a classificar 3 mulheres e 3 homens para as competições de surf das Olimpíadas que seriam realizadas no Tahiti.

IMAGEM RETIRADA DA TRANSMISSÃO DO CANAL OLÍMPICO NO YOUTUBE

EQUIPE BRASILEIRA DE SURF CLASSIFICADA PARA PARIS 2024

O que Gabriel Medina fez em Porto Rico foi estupendo. Durante os nove dias de competição ele esteve sempre inspirado, nunca caiu para a repescagem, vencendo todas as baterias que disputou, por vezes em condições difíceis de ondas. “Man on a mission” seria a melhor descrição simplista. A missão: conseguir uma vaga para PARIS 2024, ou melhor, a chance de disputar uma medalha olímpica em Teahupoo. Sua única opção seria vencer o evento. Foi E S P E T A C U L A R assistir a sua performance.

 GABRIEL MEDINA EM PORTO RICO FOTO RETIRADA DO SITE DA ISA

Com o vice de Tati na categoria e os resultados de Tainá e Luana somados o Brasil foi não só campeão por equipes no masculino, mas também no feminino e por tabela no geral. Um resultado totalmente histórico e em um momento crucial de classificação e busca pela vaga olímpica.

A ilha caribenha de Porto Rico ganha uma representatividade ainda maior na história de nosso surf competitivo. No século passado, no mundial da ISA de 1988, com a vitória de Fábio Gouveia (e toda performance da equipe) foi como se apresentássemos nosso cartão de visita para a comunidade anglo saxônica que sempre dominou o esporte e seus títulos internacionais.

Nesta década de 20, do novo milênio, o Brasil está mais do que consolidado como uma das grandes potências do surf. Os ISA GAMES vêm trazendo novas nações para integrar a comunidade a cada edição dos jogos. O que Gabriel Medina fez em Arecibo neste ano de 2024 será lembrado como uma das apresentações mais emblemáticas de toda história competitiva do esporte, em uma final com um marroquino e dois franceses. Nenhum surfista de língua inglesa no masculino.

Os “deuses do surf” conspiraram para que justiça fosse feita. A ausência de Gabriel nos Jogos de Paris, em uma onda que ele tem desfilado apresentações épicas, avassaladoras, espetaculares durante os últimos 10 anos. Seria uma perda (que não poderia ser) para o esporte surf. E não foi. Graças a Deus. E a genialidade competitiva de que muitos analistas consideram o melhor surfista competidor da atualidade. Infelizmente, como todos sabem, depois de breves soluços do mar em sua bateria semifinal das Olimpíadas, foram 17 minutos de um recesso total de ondas e Gabriel nada pode fazer. Mas depois do baque, voltou disputou e conquistou uma medalha de bronze contra um surfista do Peru.

 

NO ÚNICO DIA DE ONDAS ÉPICAS PARA OS JOGOS DE PARIS 2024 (EM TEAHUPOO) MEDINA FOI O MAIOR DESTAQUE – THREADS\ESPN

TATIANA WESTON-WEBB FICOU COM A PRATA NO SURF FEMININO. A EXPECTATIVA É QUE O SURF CONTINUE TRAZENDO MEDALHAS PARA O BRASIL NOS JOGOS. ESTA IMAGEM É DA ONDA NOTA 10 DE TATI NA ETAPA DA WSL NO TAHITI, MESES ANTES DAS OLIMPÍADAS

Tatiana, filha de uma bodyboarder gaúcha, com um surfista irlandês, que desde muito jovem morou na ilha Kauai, no Hawaii, foi a grande estrela do surf feminino brasileiro na temporada 2024. Com a prata nas olimpíadas e o terceiro lugar na WSL (Liga Mundial de Surf), a surfista nascida em 9 de maio de 1996 em Porto Alegre, deu show em diversas ocasiões durante as mais importantes competições da temporada 2024.

Outro surfista que fez as honras brasileiras neste ano olímpico foi Ítalo Ferreira. O potiguar de Baía Formosa chegou perto de seu segundo título mundial em setembro, com uma performance de desenvoltura atlética impressionante, pela segunda vez veio do início das competições no evento chamado WSL FINALS, com os 5 melhores da temporada em Trestles. Desta vez esbarrou no havaiano John John Florence na final, uma melhor de três decisiva, isso após desbancar da disputa dois australianos e um norte-americano. O mesmo já havia acontecido contra Filipe Toledo em 2022. Ítalo, campeão mundial em 2019 e duas vezes vice (2022 e 2024) venceu as etapas do Tahiti e do Brasil na temporada 2024 da WSL. Está afiado para ir à caça de seu segundo título profissional e quem sabe um segundo ouro olímpico em 2028.

ÍTALO FERREIRA EM UMA DAS QUASE 30 ONDAS QUE SURFOU NO DIA DECISIVO DA WSL NA CALIFÓRNIA EM 2024. RECORTE DO SITE WAVES

 

Daqui vamos para as habituais indicações de 1 DISCO – 1 LIVRO – 1 FILME.

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO


 

UM LIVRO



UM FILME




UM DISCO – SURF LIFE – Claudio Celso

Conheço Claudinho desde muito cedo, nossa amizade ficou forte surfando as ondas de Pitangueiras, mas ele era meu colega no colégio, um ano na minha frente, era vizinho da casa da minha avó em rua do Itaim Bibi na Capital Paulista. Uma rua só de casas, hoje emparedada por prédios e mais prédios. No Guarujá, nos anos 1970, a turma de surfistas que vinha da capital todos os finais de semana, também nas férias de verão e no mês de julho, era pequena e muito unida.

ABERTURA DE PERFIL QUE FIZ SOBRE CLAUDIO CELSO PUBLICADO EM UMA REVISTA VENICE EM 2006

AMPLIANDO A IMAGEM NUM DESKTOP DÁ PARA LER 

A edição trazia também uma bela revisão histórica sobre as 4 quilhas, de Ricardo Bocão e que ganhavam projeção naquele momento. A matéria sobre meu brother guitarrista veio em quatro páginas duplas contando a trajetória de Claudinho que depois de uma longa temporada nos EUA, trabalhando com estrelas de grande fama voltou ao Brasil e vez por outra deu o ar de sua graça em diversos barzinhos do Guarujá.

CAPA DA VENICE MAG EM QUE SAIU A MATÉRIA

Entre aquela primeira turma de surfistas do Guarujá surgiram alguns músicos virtuosos. Também empresários, surfistas que trilharam os mais diversos caminhos profissionais. O CD aqui apresentado, talvez o trabalho menos famoso de Claudio Celso, mas não menos competente, foi produzido por Marco Buru, outro de nossos amigos daquela turma e que teve participação fundamental na fundação da OP, a primeira gigante da surfwear brasileira. Essa história ainda será contada neste blog.

CAPA DE TRÁS DO CD COM OS CRÉDITOS E MÚSICAS

OUÇA O DISCO NA ÍNTEGRA NESTE LINK DO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=Hy7jy6KOfuk&list=OLAK5uy_mQLJEcM3_2Ua0rTv1wDjLPkfi9YyECAI4

 

Claudio Celso no início de sua carreira, ainda muito jovem, trabalhou com professores de música brasileiros do mais alto nível. Com sua aptidão chegou a ser convidado pela revista Guitar Player para ministrar cursos de guitarra, diversos... Da MPB, ao jazz, country, erudito, rock, ele desfilou seu talento nos mais diversos campos da música. Se mudou para os EUA. Tocou ao lado de músicos como Chet Baker, Willie Nelson, Sérgio Dias dos Mutantes, Naná Vasconcellos, Roberta Flack, Zimbo Trio... Tocou com orquestras e programas do tipo Clube dos Artistas e Almoço com as Estrelas.

OUTRA PÁGINA DUPLA DA MATÉRIA QUE FIZ PARA UM REVISTA VENICE EM JUNHO DE 2006 TRAZ A CAPA DO CD QUE LANÇAVA NA OCASIÃO

Outros álbuns dele como Brazilian Jazz e Swell (que traz uma versão esplendorosa de Bye Bye Brasil), podem ser encontrados nos canais digitais. Seu estilo de guitarra suave tem tudo a ver com o desenrolar de um swell, uma vida ligada ao surf. Aguardem novas recomendações musicais neste blog.

 

 

UM LIVRO – Em busca das gigantes do oceano A ONDA – Susan Casey

Tenho a versão brasileira deste livro, editado pela Zahar em 2010. A versão original, considerada um best seller pelo jornal New York Times, foi publicada nos EUA no mesmo ano.

CAPA DA VERSÃO EM PORTUGUÊS

Susan Casey nasceu em Toronto, no Canadá é uma escritora da grande imprensa nos EUA, dedicando-se a obras que envolvem esportes, animais e natureza sempre ligada ao mar. Escreveu para jornais e revistas conceituadas, matérias para revistas como Esquire, National Geographic, Sports Illustrated, Fortune e Outside. Ela sabe romancear situações de tensão em contato a natureza viva, ativa em modo selvagem.

O livro The Wave é um trabalho de pesquisa abrangente sobre as ondas do mar, não só sobre as ondas grandes e perfeitas procuradas pelos surfistas, como também das ondas de mar aberto, gigantescas e assustadoras, enfrentadas em meio a grandes tempestades por navios cargueiros que atravessam os oceanos. Um estudo de grande envergadura sobre como as ondas são geradas, em que regiões são encontradas as maiores. Traz relatos impressionantes de pessoas que ficaram no olho do furacão.

SUSAN CASEY AO LADO DE LAIRD HAMILTON EM UMA DAS VERNISSAGES DO LIVRO

Um dos capítulos que traz uma narrativa de grande interesse para os surfistas apreciadores das ondas gigantes é do dia em que Laird Hamilton surfou o que considera a maior onda de sua vida, em um pico chamado Egypt, no North Shore de Maui (fica entre Jaws e Honolua Bay), próximo ao porto e aeroporto de Kahului. Morando entre Nova Iorque e Maui ela acabou gerando uma amizade com Laird, de onde obteve informações importantes para ilustrar em prosa experiências radicais surfando as ondas dos mares. A Onda é um livro muito interessante.

 

 

UM FILME – A ONDA – Henrique Daniel e Breno Dines

Na verdade “A ONDA – Presente, Passado e Futuro do Surf” é uma série de quatro documentários em um total de quase duas horas. Nenhuma relação com o livro citado acima. A brilhante obra tem sido exibida no SporTV diversas vezes, nos momentos de espera das etapas da temporada da WSL. Lançado em 2023, já com imagens da primeira participação do surf nas Olimpíadas em 2021.


Títulos em que são divididos os episódios:

A ORIGEM

A COMPETIÇÃO

HERÓIS

O OLIMPO

A viagem total de quase 120 minutos é de certa forma hipnótica, pois vai costurando imagens históricas, muito bem selecionadas, com uma narrativa muito bem roteirizada e que contou com a pesquisa de um dos maiores conhecedores da história do surf no Brasil, o jornalista Bruno Bocayuva. A direção ficou a cargo de Henrique Daniel (HDaniel Stúdio), responsável pela série de reality shows Mundo Medina, entre outras produções para o Canal OFF e filmes de surf. Também é realçada a qualidade pela direção do comentarista de surf do SporTV e surfista Breno Dines, responsável por um competentíssimo roteiro.

TRAILER – A ONDA

O resultado é uma série de programas que abrangem toda história do surf competição, desde que foi introduzido em maior escala ao mundo ocidental pelo nadador medalhista Duke Kahanamoku, na primeira metade do século passado, aos incríveis eventos do circuito mundial da atualidade, até culminar na Olimpíada de Tokyo 2020 (21). Na verdade, um sonho que Duke manifestou naqueles embrionários anos em que o surf era uma atividade, literalmente, underground. Todo trabalho do argentino Fernando Aguerre para concretizar este sonho é enaltecido na obra. Bem como a importância do surfista de Niterói, Mano Ziul que criou todo ambiente tecnológico dos webcasts. Mais um legado que o surf "emprestou" ao mundo de uma forma geral.

Um bom documentário, neste belo conceito que tem sido lapidado em anos mais recentes, traz um roteiro bem elaborado, com depoimentos de pessoas que vivenciaram os momentos históricos mais importantes, tudo isso dosado com uma narrativa instigante. Em todos estes quesitos Henrique Daniel e Breno Dines pecaram pelo excesso de preciosismo. Esse primor em efetuar um trabalho com profundidade, fez a equipe buscar depoimentos de boa parte dos os campeões mundiais da IPS (1976 a 82), ASP (83 a 2014) e WSL (2015...), de organizadores do esporte, dirigentes. Daí a necessidade de ser um projeto longo, isso é um dos segredos da grandiosidade da obra.

O que transforma A ONDA um documento que merece ser assistido, foi essa quantidade, e principalmente qualidade, dos diversos depoimentos coletados, de surfistas brasileiros e estrangeiros, dosados de forma magistral ao longo dos episódios, elencados com enredo coerente e criativo. Uma mistura de imagens colhidas hoje em dia e nos mais diversos momentos da história do surf. Um trabalho que vale a pena apreciar e deve (merece) ser repetido infinitas vezes nos Canais Globsat. Os quatro episódios estão disponíveis através da Globoplay para serem assistidos a qualquer hora.

sábado, 27 de janeiro de 2024

UM DOS SEGREDOS DA BRAZILIAN STORM

O longo caminho de investimento na base

Nestes últimos 10 anos o surf brasileiro masculino vem remando de braçada na frente dos australianos, uma vez senhores do World Tour, americanos e havaianos. O grande segredo foi um “investimento” iniciado ainda nos anos 1980, que preparou nossos iniciantes para o futuro.

POSTER DO PRIMEIRO CIRCUITO LIGHNING BOLT

ANÚNCIO PUBLICADO NA CONTRACAPA DA FLUIR DE 1989


A capa dessa edição trazia Jojó de Olivença, o segundo campeão da Abrasp em 1988. A Abrasa naquele ano prepararia o time para representar o Brasil no Mundial Amador do Japão, que se realizaria em 1990 e teria surfistas como Kelly Slater e Peterson Rosa na disputa, vencida na categoria open pelo taitiano Heifara Tahutini. Após nosso resultado em 1988 no mundial de Porto Rico a expectativa era grande.

A Abrasa (hoje CBSurf) era responsável pelo ranking nacional amador, o Circuito Lightning Bolt Junior e Mirim era estadual paulista, que atualmente foi assumido pela Hang Loose com a alcunha SURF ATTACK, atraindo aspirantes de todo o Brasil para suas etapas muito bem organizadas e competitivas.

 

POSTER DO HANG LOOSE SURF ATTACK DE 2018

Novas categorias foram sendo introduzidas e hoje este circuito é um dos principais celeiros de novos talentos e um dos motivos de surfistas paulistas como Adriano de Souza, Gabriel Medina e Filipe Toledo despontarem na ponta do ranking mundial. Os circuitos Hang Loose Surf Attack, realizados apenas nas praias paulistas e o nacional da Abrasa, não foram a única razão de evolução para as novas gerações do surf brasileiro.

 

CAPA DE UM DOS VÍDEOS DO RIP CURL GROM SEARCH

CIRCUITO REALIZADO NO INÍCIO DOS ANOS 2000

 

POSTER DO QUIKSILVER KING OF THE GROMS

EM BAÍA FORMOSA NO ANO DE 2012

 

EM 2011 A BILLABONG PATROCINAVA O CIRCUITO AMADOR

DA ABRASA \ CBS E TRAZIA FILIPE TOLEDO NO POSTER

Estes circuitos espalhados pelas praias de nosso litoral foram formando nossos novos talentos. As famílias se organizavam para apoiar e prestigiar os pequenos e buscavam a educação adequada, orientação de especialistas para desenvolver carreiras. Desde os anos 1990 e no início dos anos 2000 fomos nos graduando... Na década de 10 o surf brasileiro “explodiu”, surgiu devastador como uma tempestade no cenário internacional.

 

A MARCA HD PATROCINOU O MUNDIAL WORLD JUNIOR DA ASP

A ETAPA REALIZADA NA JOAQUINA FOI VENCIDA POR GABRIEL MEDINA

O Brasil desde o início dos anos 2000 começou a preponderar nos Mundiais Pro Junior da ASP. Futuramente trarei uma postagem específica com o histórico de nossa participação e conquistas nestes eventos para surfistas abaixo dos 20 anos. O trabalho feito na base, aqui no Brasil, teve reflexo e trouxe muitos resultados em nível internacional.

A percepção internacional desta revolução forjada aqui no Brasil e estruturada por técnicos, gerentes de marketing, dirigentes, doutores, famílias, cobertura competente da imprensa e principalmente pelo talento de nossos precoces surfistas, começou com o baque do evento King of The Groms realizado na França em 2009 e com final 100% brasileira com Medina e Caio Ibelli.

 

GABRIEL MEDINA SAINDO DE SUA PERFORMANCE PERFEITA NA

FINAL DO QUIKSILVER KING OF THE GROMS NA FRANÇA EM 2009

FORAM DUAS NOTAS 10 – FOTO: PETER WILSON

EM 2010 GABRIEL MEDINA VENCEU O MUNDIAL DA ISA EM PIHA NA 

NOVA ZELÂNDIA NA FOTO COM FERNANDO AGUERRE

NO MESMO ANO DE 2010 POSTER DO GROM SEARCH NO BRASIL COM ETAPAS EM SAQUAREMA E GUARUJÁ

 

HANG LOOSE SURF ATTACK DE 2016 TRAZENDO IAN GOUVEIA OUTRO ATLETA QUE CHEGOU NA ELITE NO POSTER

 NESTA FOTO DO INÍCIO DOS ANOS 1990 ESTOU COMPETINDO EM UMA ETAPA DO CIRCUITO NATURAL ART DE SURF AMADOR, OUTRO PILAR DO SURF COMPETIÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO DURANTE MUITOS ANOS.

FOTO: FERNANDO BRONZEADO

Para finalizar ainda gostaria de destacar que diversas outras empresas de surfwear no Brasil ajudaram a pavimentar esta estrada, em especial meus primeiros patrocinadores nesta minha empreitada competitiva, primeiro a Wave Rider e depois a Wagon Surf Line. Na foto aqui acima estou surfando na praia do Tombo, no Guarujá, beirando os 40 anos e trabalhando na imprensa do surf, cobrindo eventos praticamente semanais, decidi voltar a competir nas categorias master e longboard para poder escrever textos mais “quentes” com mais propriedade para comentar baterias e entender a evolução do julgamento na pele.

No momento em que preparo esta postagem histórica do trabalho de base que fizemos de forma competente ao longo de diversos anos, o Circuito Mundial de 2024, agora da WSL, está começando com as etapas de Pipeline e Sunset, arenas em que durante muito tempo nos sentíamos em desvantagem e agora temos diversos surfistas entre os favoritos. De lá iremos para Porto Rico, onde o Brasil já teve momentos de glória, para a seletiva final das Olimpíadas - ISA Games.

Conhecer a história e algumas das razões que nos levam a ter este orgulho na atualidade é importante. As outras nações do surf estão loucas para quebrar esta nossa hegemonia de uma década. Lembrando que o primeiro título de Gabriel Medina foi em 2014. Vamos ver o que vai acontecer...

Neste ano de 2024, através deste blog estarei contando histórias, mas também analisando os acontecimentos atuais que envolvem o surf brasileiro e continuarei indicando 1 DISCO – 1 LIVRO – 1 FILME a cada nova postagem. O objetivo é entreter e manter a expectativa para os próximos quatro volumes dos cinco livros que tem o objetivo de deixar registrada A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO em um nobre formato impresso com capa dura. Busquem o primeiro volume que já está disponível em livrarias selecionadas e na internet.

 

AS BAFORADAS DO DRAGÃO

 

UM DISCO



UM LIVRO



UM FILME


 

 
 UM DISCO – 4 WAY STREET – Crosby, Stills, Nash & Young

O americano David Crosby de Los Angeles, o texano Stephen Stills, o inglês Graham Nash e o canadense Neil Young, em situações variadas se juntaram no que chegou a ser chamado de um “supergrupo”. A gênese do encontro foi em 1969 durante o Festival de Woodstock, mas antes e principalmente depois, os quatro tiveram carreiras e participações estelares.

Já no meio dos anos 1960 os quatro começavam a despontar em bandas de renome que pipocavam aqui e ali após o fenômeno dos Beatles e dos Rolling Stones (estes ainda terão discos entre meus preferidos destacados e decantados aqui). Neil Young e Stephen Stills eram membros do Buffalo Springfield, formado em 1966, talvez o maior berço do “country rock”. Graham Nash participava da banda inglesa The Hollies e David Crosby do fantástico grupo The Byrds, ao lado de Chris Hillman e Roger McGuinn, com diversas guitarras distorcidas se embaralhando, criando roupagens diferentes para clássicos de Bob Dylan e criativas músicas autorais.

Após o sucesso da apresentação deles em Woodstock eles se mantiveram juntos para uma série de shows em 1970. Nos meses de junho e julho as faixas selecionadas para o álbum duplo, todo ao vivo, 4 Way Street foram tiradas de gravações em Nova Iorque, Los Angeles e Chicago. Os quatro estavam inspirados e este é considerado um dos melhores discos ao vivo da história do rock. Um álbum duplo, dois discos de vinil, quatro lados de 20 e poucos minutos cada, para ficar virando na vitrola. O primeiro disco é acústico com os quatro dedilhando seus violões, guitarras acústicas e desfilando suas maravilhosas vozes, por vezes Stills e Nash saltavam para o piano. A harmonia vocal entre eles é um dos pontos altos do grupo.

O segundo disco, poderíamos chamar de eletrônico, é um espetáculo de rock & roll, por vezes pesado, sem deixar de ser harmônico. Além dos quatro, foram suportados nos shows pelo baixista Fuzzy Samuels e o baterista Johnny Barbata. Este segundo álbum tem versões de Southern Man de Neil Young (13:45 minutos) e Carry On de Stephen Stills de quatorze minutos, que são verdadeiras jam sessions com o virtuosismo dos guitarristas elevado a enésima potência. Estes dois são verdadeiros craques do instrumento. Crosby não fica nada atrás e Nash um especialista na guitarra rítmica. As peculiaridades vocais e timbres de guitarra de cada um salta aos ouvidos de forma pungente na segunda bolacha. Diria uma bolachada. Composições dos quatro membros se alternam por todos os lados dos discos.

Se falei das raízes de cada um dos quatro, não posso deixar de falar dos caminhos futuros, todos tem discos individuais que valem ser pesquisados. Também atuaram em parcerias mais enxutas, os mais velhos Crosby & Nash fizeram diversos álbuns da dupla, não menos qualificados que dos quatro juntos. Por outro lado, chegou a ser formado o Stills Young Band. A trinca C, S & N também tem discos soberbos (diversos) e a quadra vira e mexe se encontrava. Trabalhos mais recentes individuais, já dos anos 2000, também são de tirar o chapéu.

O único deles que já faleceu, quando escrevo este texto em 2024, foi David Crosby em janeiro de 2023. Os outros três, beirando os 80 anos, continuam de certa forma ativos e homenageados com frequência. Tive o prazer de assistir a um show acústico de Crosby, Stills & Nash, nos anos 90 no auditório da University of Hawaii, enquanto trabalhava para uma de minhas coberturas de temporada havaiana para a revista Hardcore. Achei uma pena apenas o fato da ausência de Neil Young, que sempre foi meu preferido entre eles.

 

AO ABRIR O SEMINAL ÁLBUM DA ATLANTIC RECORDS UMA IMAGEM DE BASTIDORES DAQUELES SHOWS NO ANO DE 1970

Logo após o sucesso deles em Woodstock produziram um épico disco de estúdio: Déjà Vu, lançado ainda em 1970. Quem nunca ouviu este disco na íntegra, não se arrependerá de incluir na discoteca digital de hoje em dia. Outra verdadeira “master piece” – obra prima. O disco duplo 4 Way Street, foi lançado em 1971. O último disco de estúdio com os quatro juntos é de 1999, Looking Forward. Para pegar e recomendar um disco de Neil Young, aos que pouco conhecem seu trabalho: Decade de 1977 traz uma compilação de seu trabalho 1966 até 1976, um artista eclético que passeia do heavy ao soft com igual desenvoltura. Sky Trails, disco solo de David Crosby de 2017 é maravilhoso. Vale a pena descobrir e conferir diversos trabalhos em parcerias ou discos individuais de cada um destes quatro mestres. Go search, ouça, arrepie-se. Nunca recomendarei nenhuma porcaria aqui.

 

 

UM LIVRO – STOKED! A HISTORY OF SURF CULTURE – Drew Kampion

Tenho a versão em português deste livro. Editado em Portugal e impresso na Espanha em 1998, comprado na extinta FNAC aqui em São Paulo.

 

CAPA DA VERSÃO EM PORTUGUÊS

Na edição lusa eles colocam o nome de Bruce Brown ao lado de Drew, mas o renomado cineasta faz apenas um pequeno prefácio, todo conceito, texto, edição fica a cargo de Drew Kampion, um dos grandes ases do jornalismo de surf nos EUA desde o final dos anos 1960. A compilação da fotografia é um dos pontos altos da obra. Na verdade, Kampion conta a história do surf no livro, à sua moda, no final das contas a cultura do surf é o próprio surf, o estilo de vida, o esporte. Com muito critério na montagem e seguindo um roteiro muito bem elaborado e cronologicamente coerente, deixa um precioso documento.

Drew Kampion foi um dos primeiros escritores de surf que me chamou a atenção quando comecei a colecionar revistas. A Surfer mais antiga que tenho é de 1968. Numa das edições de 1969 vinha a cobertura do famoso World Contest de 1968 em Porto Rico, vencido pelo havaiano Fred Hemmings, quando os australianos Nat Young e Wayne Lynch eram os favoritos. Uma bela cobertura. Os anos 1970 foram a década em que os conceitos do que era o estilo de vida do surf, o surf profissional, a busca por ondas perfeitas ainda não descobertas e os códigos da tribo foram equacionados no maior veículo que tivemos durante décadas: as revistas. Drew trabalhou na Surfer e na Surfing com igual desenvoltura, habilidade jornalística, licença poética e competência. O livro Stoked é com certeza seu trabalho de maior envergadura.

 

PÁGINA DUPLA COM GERRY LOPEZ EM DESTAQUE

CONTRACAPA DO LIVRO EM PORTUGUÊS COM AS OPINIÕES DE DIVERSOS ILUSTRES SURFISTAS SOBRE A OBRA - AMPLIE NUM DESKTOP PARA LER

A princípio o linguajar na versão em português surpreende e parece que a tradutora, Sandra Oliveira, tinha pouca intimidade com o surf. Em muitos dos parágrafos ao ler, tentei fazer um exercício para imaginar quais teriam sido as palavras originais utilizadas por Drew Kampion. Trabalhando pela Fluir nos anos 1980 e depois pela Hardcore a partir de 1990, sempre traduzi diversos textos, histórias de fotógrafos, matérias originais de revistas internacionais que buscávamos autorização para publicar aqui e o meu cuidado era incrível para encontrar um linguajar que estivesse de acordo com nosso modo de se comunicar.

 TRECHO DE MAIS UMA PÁGINA DA VERSÃO PORTUGUESA

Recomendo para quem lê em inglês a versão de 1997 de Drew Kampion. O livro é maravilhoso de qualquer forma e independente do português escrito em Portugal ter muitas nuances de linguística peculiares, chega a ser divertido buscar o feeling da redação original nas entrelinhas deste livro. Nada disso tira o valor de uma das obras literárias mais valiosas da cultura do surf. Ao virarmos cada página do livro “Stoked! A History of Surf Culture” percebemos o esmero com que Drew Kampion pensou, planejou, usou sua vivência e seu conhecimento, para executar. Grandioso trabalho.

 

 

UM FILME – SURFERS: THE MOVIE – Bill Delaney

Com prazer que passo de uma dica valiosa da literatura, para outra não menos importante da filmografia de nosso adorado esporte. No final dos anos 1980 Bill Delaney que já havia adquirido fama ao lançar o filme Free Ride em 1977, partiu para um projeto ainda mais ousado. Para montar Surfers: The Movie começou a coletar uma série de entrevistas com surfistas famosos daquele momento e até mais antigos. Um dos maiores atrativos do filme são os depoimentos de Miki Dora e Owl Chapman. Na verdade, todos, muito bem escolhidos e editados.

O filme trabalha com imagens grandiosas de astros da ponta do ranking na época como Carroll, Pottz, Occy e Curren... Já traz um jovem e cabeludinho Kelly Slater e dá fala a algumas das lendas vivas do surf. A dosagem da mistura de imagens atuais e pesquisa em arquivo está muito bem balanceada e o que acaba ocorrendo é uma narrativa mágica do que era ser um surfista no final daqueles anos 1980, um tempo em que o fator comercial e grandiosidade das marcas de surf ainda não havia transfigurado a “alma” do surf.

Essa transfiguração ocorre de uma forma ainda mais violenta agora, nos Anos 2020, deste século muito mais forte que em 1920, quando Duke Kahanamoku decidiu espalhar o Espírito de Aloha pelo planeta. Quanta mudança? O que não podemos negar é que Surfers: The Movie faz um retrato de um tempo especial, com personalidades marcantes que tem o que dizer. As imagens de dentro d’água registradas por Dan Merkel e apresentadas em câmera lenta, a qualidade dos takes e falas em cada entrevista, a bela trilha sonora fazem diferença.

Abaixo link no Vimeo para um trailer deste filme, que teve uma edição reformulada pelo autor em 1991:

https://vimeo.com/429475822

Para fechar com uma pitada de Brasil nesta história toda, achei interessante lembrar de uma bela reportagem de Fred d’Orey que saiu publicada em uma revista Fluir do início de 1990, depois que Miki (ou Mickey com muitos ainda o chamam) Dora passou pelo Brasil em 1989.


 

Era sua segunda viagem para cá, já havia estado em nossa terra no ano de 1969 e passou sob o radar dos surfistas da época. Dora é um personagem icônico de toda essa cultura e estilo de vida do surf. Sinalizou rotas e modos de ação dentro e fora da água. Nem todas as atitudes eticamente louváveis, mas isso não chegou a ofuscar a idolatria pelo surfista mitológico até seus últimos dias.

ALGUMAS FRASES DE MICKEY DORA TIRADAS DA ENTREVISTA QUE DEU PARA O FILME SURFERS: THE MOVIE - FAÇA DOWNLOD PARA LER - VALE

Fred d'Orey, possivelmente o primeiro surfista a dar um aéreo em baterias de campeonato, de alguma forma conseguiu as fitas completas com o depoimento de Dora, pérolas a se guardar... Miki faleceu em 2002 e seu legado deve perdurar eternamente na memória de um estilo de vida, que vem sendo distorcido e moldado ao mesmo tempo desde que ele resolveu abandonar sua querida Malibu em fuga do crowd, em busca do sonho que esvanecia. Esvanece até hoje, dependendo do ponto de vista e metas de cada surfista. De alma, ou sem alma.

DUPLA DO CAPÍTULO SOBRE OS WAIMEA 5000 NO PRIMEIRO VOLUME DE MINHA COLEÇÃO DE LIVROS. O AÉREO DE FRED É UM DOS DESTAQUES NA ABERTURA DA MATÉRIA DA VISUAL ESPORTIVO REPRODUZIDA AQUI

O mundo não vai parar de girar. As ondas não vão parar de rolar. O nível do surf competição não vai parar de ser elevado. Foi lindo viver os momentos passados dos anos 50 na Califórnia antes do filme Gidget atiçar as massas; dos anos 60 no Hawaii antes de qualquer briga territorial; dos anos 70 e tal no Brasil desbravando praias virgens e vivendo festivais encantados; dos anos 80 pelo mundo afora descobrindo novas fronteiras de surf; dos anos 90 com uma profissionalização vertiginosa com cifras milionárias entrando em cena.

E nos anos 2000, um país do terceiro mundo se tornou o epicentro do surf competição, com uma geração premiada de atletas (literalmente), que estão preparados para defender essa hegemonia em mais um ano olímpico. No final deste mês começa o Lexus Pipe Pro a primeira etapa da temporada de 2024 da WSL. Uma coisa está clara no primeiro escalão do surf competitivo masculino: o Brasil é o país a ser batido. Que venham os desafiantes.

https://reidragao.wixsite.com/hsurfbr/projects-ca4p