OS GRANDES
FESTIVAIS DE SURF "Ubatuba
e Saquarema"
REPRODUÇÕES BRASIL SURF
INTRODUÇÃO
Este é o
primeiro capítulo que aborda com maior profundidade as competições de surf
realizadas no Brasil. Nos capítulos de “MEMÓRIAS” as competições aparecerão
pontualmente, mas foram selecionadas seis eras de campeonatos que receberão um
enfoque especial com capítulos grandes apresentados em diversas páginas, a
saber:
OS GRANDES FESTIVAIS DE SURF - "Ubatuba e
Saquarema"
WAIMEA 5000 - "Brasil no Circuito Mundial"
ESCALADA PROFISSIONAL - "Campeonatos pelo País
Afora"
NASCE O CIRCUITO BRASILEIRO - "Formação da Abrasp"
WCT & WQS EM NOSSAS ÁGUAS - "ASP South America"
SUPER SURF + BRASIL SURF PRO & "Momento Atual”
Apenas o
primeiro destes capítulos será apresentado aqui no BLOG antes do lançamento do
livro impresso.
Como pode
ser verificado, alguns dos resultados ainda estão incompletos, pois o Projeto
de Pesquisa segue por todo o ano de 2014. A comunidade do surf está convidada a
participar com informações e sugestões. Além dos depoimentos aqui apresentados,
muitos outros ainda serão colhidos e pesquisadas nos veículos da época.
Vamos ao
primeiro esboço deste texto:
CAPÍTULO 6
Vinheta
“CAMPEONATOS” (by TOM VEIGA)
Campeonatos de surf no Brasil começaram a ser organizados no Rio a partir
de 1965, em São Vicente e no Guarujá a partir de 1967, porém o primeiro evento
nacional, um marco na história do surf brasileiro, foi o Campeonato de Ubatuba
de 1972.
Os festivais de surf dos anos 70 abriram o precedente para
que o esporte viesse a se transformar em um dos mais bem organizados e
estruturados, inclusive em nível internacional. Este capítulo tratará dos
eventos que foram realizados nos anos 70 em Ubatuba e Saquarema. Não havia
circuito brasileiro e os vencedores destes campeonatos (anuais), angariavam um
respeito de “Campeão Nacional de Surf”. Eram o grande momento de congregação da
tribo. Uma oportunidade de troca de experiências e alta evolução de
performance.
É importante entender que o contato que o Brasil tinha com as
forças internacionais do surf: Havaí, Califórnia, Austrália e até o Peru que já
estava bem mais avançado que o Brasil e tinha um campeão mundial: Felipe Pomar
em 1965, era mínima – principalmente através das revistas. Filmes eram raros e
poucos brasileiros, como Penho, haviam tomado contato com o cenário
internacional.
Os formatos de julgamento foram sendo estudados, construídos
com informações e critérios que evoluíam anualmente. A princípio o próprio
entendimento dos surfistas que competiam era baixo. Problemas de julgamento e
dúvidas eram infinitamente maiores que as polêmicas atuais. O que era mais
importante naqueles anos embrionários?
A vivência e convivência. A evolução e consagração.
A vivência e convivência. A evolução e consagração.
OS MELHORES DO BRASIL
O esporte surf, individual, estético e vigoroso, sempre foi
uma forma de expressão corporal de gerar orgulho. Além do ato prazeroso em si
de surfar bem uma onda, que surfista não gosta de saber se os amigos viram a
sua onda, a manobra que pegou na veia? Os campeonatos expandem este universo
para o público na praia e hoje até na internet. O surf tem estas duas vertentes
de certa forma antagônicas, o surf livre (free surf) em sua expressão mais
pura. E o clima competitivo, de comparação de performance, culminando como os
campeonatos e seus campeões nos mais diversos escalões. O feeling do surf
estará retratado em diversos momentos deste livro, os capítulos de campeonatos
trazem especificamente a sensação da vitória, da superação, de “arrasar” todos
os adversários e atingir o topo do pódio. O estrelato como um atleta de
competição vencedor.
REPRODUÇÃO DO LIVRO "HISTÓRIA DO SURF NO BRASIL" DE ALEX GUTENBERG.
SURFISTAS DECOLANDO PARA BATERIA EM ITAÚNA. RICO DE SOUZA EM UBATUBA E A
EQUIPE MAGNO (A PRIMEIRA DO BRASIL) EM FOTO ANTOLÓGICA DE ROGÉRIO EHRLICH EM 1975
Os principais surfistas brasileiros estarão presentes nestes
capítulos. Começamos enfocando as competições da década de 70, especificamente
os campeonatos de Ubatuba, os Festivais Nacionais, que começaram em 1972 e os
eventos de Saquarema, a partir de 1975.
Para ilustrar esta postagem do blog
estarei me baseando principalmente em reproduções da minha coleção de revistas
e imagens garimpadas da web. Para o livro impresso primaremos pela qualidade e
tratamento das imagens históricas mais relevantes e impactantes.
Vamos a uma viagem cronológica partindo do início dos anos
70.
NASCE O FESTIVAL DE UBATUBA
Paulo Jolly Issa, nascido em 1949 e seu irmão Ricardo foram
dos pioneiros do surf paulista. Começaram surfando com uma prancha de madeirite,
no ano de 1966 em São Vicente. Um dos primeiros a desbravar as praias de
Ubatuba, acabou estabelecendo um padrão nacional para a organização de
campeonatos de surf. Pesquisou regras, foi juiz, fundou a ASU (Associação de
Surf de Ubatuba) e atingiu a presidência da Abrasp em 1988. Um “professor” em
termos de fazer um evento de surf acontecer como um relógio suíço. Como
trabalho principal dirigia a fábrica de pranchas Squalo, trabalhando com
diversos shapers. A fábrica orbitava ao redor deste universo, Paulo chegou a
investir capital da Squalo para manter a ASU operando.
Vamos deixar ele contar o início dessa história: “Os anos 50,
60 e 70... Foi uma época em que o surf estava em ebulição. Fatos novos
aconteciam a todo o instante. Novos picos, evolução das pranchas, surfwear,
campeonatos maiores...”
Paulo Issa continua, “Em 1970 foi realizado um primeiro
campeonato em Ubatuba, quem organizou foi um pessoal da Boate Da Pesada,
frequentada pelos surfistas de noite na praia do centro. O primeiro evento teve
vinte e poucos participantes, só o pessoal que surfava em Ubatuba. Surfamos no
Baguary da praia Grande e os juízes sentavam em cadeiras de alumínio. Eu acabei
ficando em primeiro, com meu irmão Ricardo Issa em segundo, na final ainda
estavam Renato e o Fabinho Madueño. O Bruzzy era o mascote da turma com 13
anos.
RICARDO ISSA ITAMAMBUCA.
FOTO: KLAUS MITTELDORF
Para o segundo campeonato, em 1971 eu e meu primo fizemos
umas cartolinas, escrevemos à mão: ‘Campeonato de Surf – Ubatuba...’ e fomos de
Fusca, saímos às 6 da manhã para o Guarujá, afixamos no centrinho, na
sorveteria, não falamos com ninguém e fomos embora para Ubatuba. Eu lembro que
um dia antes do campeonato, janeiro de 1971, estávamos treinando ali na praia
Grande e de repente vimos uma caravana, com diversos carros com pranchas na
capota. A turma veio!!! Uma galera de uns quinze em três a quatro carros. Veio
Égas, Roberto Teixeira... O Thyola foi um dos juízes. Égas Muniz Atanázio era o
favorito, mas quem acabou ganhando foi o Zé Maria Whitaker. O Égas tinha um
surf australiano, ele estava com uma São Conrado biquilha, de rabeta larga e
fazia manobras que ninguém conseguia igualar.
ÉGAS, INDISCUTIVELMENTE O MAIS TALENTOSO SURFISTA DO GUARUJÁ NO INÍCIO DOS ANOS 70.
FOTO ARQUIVO PESSOAL PARDAL (GUARUJÁ DAS ANTIGAS)
No final de 71 criei a ASU (Associação de Surf de Ubatuba),
já pensando no campeonato de 1972. Para este já fizemos cartazes com silk.
Pegamos o carro e fizemos a mesma coisa, mas em três finais de semana
diferentes, para Santos, depois o Rio e também Guarujá. Consegui inserir
chamadas na Rádio Mundial do Rio. Veio bastante gente. O segundo campeonato foi
em barracas, mas para este terceiro evento já consegui um palanque com a
Prefeitura de Ubatuba. Fizemos duas fases e as ondas ficaram muito pequenas,
lembro que subi em cima do palanque e falei: o campeonato está adiado para
julho.”
Naquele janeiro de 1972 Paulo Issa não teve outra opção. Vou
deixar aqui um relato particular de minha experiência. Também vi aqueles
cartazes na sorveteria do centrinho do Guarujá. E ouvi meus amigos, que haviam participado
do campeonato de 1971, apenas com surfistas de Ubatuba e do Guarujá, falarem
muito bem do astral da competição. Em 1972 eu sabia que o evento seria nacional
e teríamos a oportunidade de ver os cariocas surfando. Eu tinha 15 anos,
surfava há três anos e numa manhã de janeiro parti com meu pai e meu irmão. Do
Guarujá fomos até Bertioga atravessamos a balsa e seguimos por 100 quilômetros
de terra e areia, até a Cidade de São Sebastião. Nesse trecho a Rio-Santos era
uma estrada de terra, a serra de Maresias enlameada era um “Deus nos Acuda”.
Nos trechos iniciais das praias maiores – Bertioga, São Lourenço, Itaguaré,
Guaratuba e Boraçéia o carro descia para a areia e disparávamos por aquelas
praias amplas e desertas. O problema ali eram os diversos riachos que desciam
até o mar, às vezes cavavam degraus perpendiculares à praia e o carro saltava
se atingisse um desses em alta velocidade. O problema maior era na maré cheia, muitos
carros foram engolidos nesse percurso. Ao chegar nos morros que separavam as
praias tínhamos de voltar para a estrada de terra subindo naqueles “areiões”
fofos, que também eram outra armadilha convidando para uma atolada. Fazia parte
da aventura. O pior foi quando no início da tarde enfrentamos uma chuva de
verão daquelas. O trecho final, de Maresias até São Sebastião, quase todo em
serrinhas de sobe e desce, foi realizado a 20 por hora, com derrapagens
controladas. Sorte que meu pai era um bom piloto. Mais um festival, um
verdadeiro campeonato, de curvas de Caraguá até Ubatuba, agora no asfalto,
quando o carro apontou na praia Grande já era noite. Sete, quase oito horas
depois que saímos do Guarujá, vimos o palanque, algumas barracas, mas fomos
procurar um hotel no centro.
O PALANQUE NA PRAIA GRANDE DE UBATUBA, I972.
FOTO ARQUIVO PESSOAL PAULO ISSA.
REPRODUÇÃO DO LIVRO DE ALEX GUTENBERG,
PUBLICADO PELA EDITORA AZUL.
Na manhã seguinte o 3º CAMPEONATO DE SURF – UBATUBA 72, o
primeiro “Festival Nacional” começou em ondas bem formadas de meio metrinho no
canto esquerdo da praia Grande. O surfista que mais me chamou a atenção por sua
apresentação foi Rico de Souza, com estilo ágil, buscando aproveitar todas as
seções da onda, fazendo hang fives “strech”, com cinco dedos no bico de sua
pranchinha. Daniel Friedmann, Carlos Mudinho e outros que eu nem sabia quem eram,
me impressionaram. Meu ambiente de surf era o da praia de Pitangueiras no
Guarujá. Lá havia grandes surfistas como Roberto Teixeira, Égas, Zé Roberto
Rangel... Mas o nível dos surfistas cariocas era muito superior. Passei uma
bateria e perdi na segunda fase. O campeonato foi paralisado por falta de
ondas. Um amigo do Guarujá me convidou para ir conhecer uma praia secreta.
Paulão (Paulo Kristian Orberg) tinha uma VW Variant e partimos para Itamambuca,
por uma estrada sinuosa, com pontes de madeira e muita mata. Quase uma hora
depois chegamos na desembocadura de um rio e... Incrível!!! Ondas de um metro e
meio abriam lisas e perfeitas. A praia Grande estava praticamente flat. Só nós
dois na água, por mais de uma hora, apenas uma mutuca apareceu no outside nos
perseguindo. O jeito foi driblá-la com uma série de cutbacks.
Esse pico secreto não seria guardado à sete chaves por muito
tempo. Não fui para o Festival de Ubatuba em 1973, mas no evento de 74, quando
voltei, ele foi todo disputado lá, em altas ondas. Lembro de uma cena que ficou
gravada em minha cabeça. Nas seções de free surf antes do campeonato, um
surfista do Rio de Janeiro pegou um tubo alucinante, na minha cara, em uma
direita na boca do rio. Fui perguntar quem era: Marcos Berenguer. Ele acabou
vencendo aquele campeonato de 1974.
MARCOS BERENGUER NO CANTO DE ITAMAMBUCA.
FOTO BRASIL SURF
OS PRIMEIROS NACIONAIS DE UBATUBA
Em julho de 1972, quando a turma voltou a Ubatuba, em pleno
inverno, a fama do campeonato estava angariada, além dos surfistas que
estiveram lá em janeiro, apareceram muitos mais, até de outros estados. Paulo
Issa: “Começamos da estaca zero, vieram muito mais surfistas. O Rico venceu, o
surf dele era muito evolutivo, andava com uma velocidade incrível, usava muito
a parte da frente da prancha. Nestes primeiros eventos julgávamos em cadeirões
e a preocupação maior era ir atrás das melhores ondas. A final de 1975 foi
transferida para a praia Vermelha do Norte.”
O campeonato de 1973 teve suas eliminatórias na praia Grande
e as finais foram realizadas em Itamambuca. Já naqueles primeiros eventos, além
do apoio da prefeitura da cidade, Paulo isso conseguiu alguns apoiadores:
PATROCÍNIOS
73 Varig - Rico ganhou uma passagem para o Peru (depois ele
estendeu para a Califórnia)
75 Gledson – material, cartazes, troféus, faixas, camisetas
RESULTADOS
Festival Brasileiro de Surf de
Ubatuba (SP)
1972 Rico de Souza (RJ)
2º Marcos Berenguer (RJ)
3º Daniel Friedmann (RJ)
4º Betão Marques (RJ)
5º Ricardo Bocão (RJ)
ÚNICA FOTO DO PÓDIO ENCONTRADA DO PRIMEIRO FESTIVAL DE UBATUBA EM 1972.
BETÃO (4), BERENGUER (2) RICO (1) DANIEL (3) BOCÃO (5). AUTOR DESCONHECIDO?
PAULO ISSA ENTREGANDO AS PREMIAÇÕES
PAULO ISSA ENTREGANDO AS PREMIAÇÕES
2º Rossini Maraca (RJ)
3º
4º
1974 Marcos Berenguer (RJ)
2º Daniel Friedmann (RJ)
2º Daniel Friedmann (RJ)
3º
4º
DANIEL FRIEDMANN, ITAMAMBUCA. FOTO KLAUS MITTELDORF
1975 Otávio Pacheco (RJ)
2º Carlos Mudinho (RJ)
2º Carlos Mudinho (RJ)
3º Lary Ipanema (RJ)
4º Juan Alberto (RJ)
5º Cisco Araña (SP)
6º Décio Dias (SP)
O FOTÓGRAFO BRUNO ALVES ORGANIZOU UM BELO BLOG COM O ACERVO DE
IMAGENS INCRÍVEL. PROCUREM O BAÚ DE KLAUS MITTELDORF NOS ANOS 70
CONFIRA: http://probruno.blogspot.com.br/
O campeonato de Ubatuba não ocorreu nos anos
de 1976 e 1977, voltando em 1978 com o bicampeonato de Otávio Pacheco. A lacuna
não foi tão sentida porque já em 1975 nascia o Festival de Saquarema, que teria
seus anos áureos justamente neste período.
FOTOS DE NILTON BARBOSA NA BRASIL SURF,
1978 COM OTÁVIO PACHECO ACIMA,
MAIS WADY, CISCO, CACAU e PAULO PROENÇA
SAQUAREMA
Destaco que Saquarema será protagonista de um capítulo
inteiro do livro com a vinheta “PICOS DE SURF”, portanto aqui o foco será sobre
as competições lá realizadas.
Quando foi lançada a revista BRASIL SURF em uma de suas
páginas da primeira edição foi apresentada uma lista de convidados – abaixo:
O primeiro CAMPEONATO DE SAQUAREMA foi realizado em maio de
1975, a cobertura do evento saiu na edição número dois da Brasil Surf e trazia o
seguinte parágrafo: “O IV Festival Nacional de Surf se caracterizou por quilos
de gente dos lados dos palanques, batalhões de guardas, salva-vidas,
pescadores, jurados, helicópteros, prefeito, máquinas fotográficas, binóculos,
câmeras de TV, gatas e até surfistas.”
GUSTAVO CARREIRA, FOTOS DE MÚCIO SCORZELLI PARA A BRASIL SURF
Assim foi marcada a estreia do “Maracanã do Surf” (ainda nem
haviam inventado esta alcunha) para as competições de surf. De 1975 a 78
ocorreram quatro eventos épicos. Em 79 e 80 o campeonato de Saquarema também
teve um hiato por falta de patrocínio.
Os resultados eram um verdadeiro “quem é quem” do surf
brasileiro na época:
RESULTADOS
Festival
Nacional de Surf de Saquarema - Rio de Janeiro
1975 Betão Marques (RJ)
2º Ricardo Kadinho (RJ)
3º Rico de Souza (RJ)
4º Paulo Proença (RJ)
5º Otávio Pacheco (RJ)
6º Rossini Maraca (RJ)
RICO SAQUAREMA 1976 - FOTOS BRASIL SURF
1976 Daniel Friedman (RJ)
2º Paulo Proença (RJ)
2º Paulo Proença (RJ)
3º Pepê Lopes (RJ)
4º André Pitzalis (RJ)
5º Cauli Rodrigues (RJ)
6º Paulo Rebbechi (RJ)
7º Lary Ipanema (RJ)
8º Betinho Lustosa (RJ)
9º Rico de Souza (RJ)
10º Marcos Berenguer (RJ)
RONALDO LUDOVICO E PEPÊ LOPES, SAQUAREMA - BRASIL SURF. FOTOS RATINHO E FREDDY KOESTER
1977 Pepê
Lopes (RJ)
2º Daniel Friedman (RJ)
2º Daniel Friedman (RJ)
3º Ricardo
Bocão (RJ)
4º Fábio
Pacheco (RJ)
5º Otavio Pacheco (RJ)
6º Rico de Souza (RJ) (CHECAR ORDEM CORRETA)
CAULI RODRIGUES ENCAIXADO, SAQUAREMA 78. EXTRAÍDO DA BRASIL SURF
1978 Cauli
Rodrigues (RJ)
2º Ianzinho
Martins (RJ)
3º Otávio Pacheco (RJ)
4º Rico de Souza (RJ)
Em 1975 a Brasil Surf publicou os resultados de duas
categorias, além da principal, já havia a JUNIORS para surfistas com menos de
18 anos.
REPRODUÇÃO DE PÁGINA DA BRASIL SURF – ANO 1 – N. 2 JUL/AGO 75
Para estes primeiros campeonatos os surfistas enfrentaram
todos os tipos de condições, de ondas pequenas e tubulares com terral, abrindo
direitas e esquerdas, a mares de responsabilidade e pressão. Em 1975 os
finalistas decidiram o campeão em ondas pesadas. Betão o vencedor levou uma
passagem da Pan-Am (que era a principal patrocinadora) para o Havaí.
Em 1976, devido ao sucesso do evento inaugural, a Rede Globo
entrou na parada, bancando a realização ao lado da Riotur e da Flumitur, já
tendo as lojas Ala Moana atuando na promoção. A Ala Moana acabou sendo a
patrocinadora principal dos campeonatos de 1977 e 1978. Em 1981 Saquarema
voltaria ao cenário com patrocínio do Guaraná Brahma.
RITA LEE, FOTO FEDOCA
O Festival de 1976 tomou grandes proporções com a mídia da
Globo, além de outros veículos como o Jornal do Brasil, Canal 100 e revista POP
da Editora Abril. Um festival de rock também trouxe um grande público não só dos
interessados no surf, mas também hippies e pessoas que queriam viver aqueles
dias de liberdade e curtição.
REPRODUÇÃO DA REVISTA SUPER SURF EDITADA EM 2005
CURIOSIDADES SOBRE O EVENTO DE SAQUAREMA
Uma característica destes campeonatos era de serem realizados
apenas nos finais de semana, caso as ondas estivessem pequenas, ou não fosse
possível finalizar as baterias previstas até domingo... A continuação seria no
próximo sábado.
Em 1975 foi fundada a ASS (Associação de Surf de Saquarema),
seguindo os moldes da homônima de Ubatuba.
A sequência de competições que foi deflagrada nos anos 1970
fez com que a estruturação do surf fosse buscada, incansavelmente. O único
veículo especializado da época, a Brasil Surf, sempre apontava sugestões e
críticas visando uma evolução do esporte em todos os sentidos.
Alex Gutenberg, em seu livro “A História do Surf no Brasil”,
de 1989 coloca, “Desde que foram inventados os festivais, o surf cresceu
bastante, virou moda, cativou a juventude e explodiu em Saquarema... cidade que
foi levada junto com o esporte/atividade/entretenimento chamado surf aos
limites mais suportáveis possíveis de energia, divulgação e até confusão. Mexeu
com a sociedade do final da década...”
PAULO TENDAS, ITAÚNA - FOTO KLAUS MITTELDORF
Outro aspecto interessante era o julgamento e a construção
das listas de convidados, sempre controversas. O número total foi diminuído
após os primeiros eventos. A maioria dos convidados eram do Rio e Manoel
Urbano, dono da Ala Moana, solicitava que Paulo Issa montasse uma pequena lista
de paulistas, baseada no ranking dos campeonatos de Ubatuba. Paulo Issa também
era convidado para julgar os campeonatos de Saquarema, atuou ao lado de Penho,
Piuí, Mário Bração e também Persegue em alguns eventos. As notas eram somadas
pelas meninas.
WANDERBILL - EXTRA JURI, PRANCHETA IMPROVISADA EM SAQUAREMA.
CUTBACK IMPONENTE DE DANIEL FRIEDMANN
Naquele tempo o bairrismo entre paulistas e cariocas
(principalmente), mas entre surfistas do Guarujá e Santos também, era bem mais
forte que hoje em dia. Paulo Issa conta um episódio folclórico, hilário e até
assustador do campeonato de Saquarema de 1978: “Teve uma bateria que foi o
Paulo Tendas, do Guarujá, contra o Ratão (Paulo Proença). O Paulinho arrasou e
todos os juízes deram empate. Mas na minha prancheta o Tendas havia vencido por
uns 6 a 7 pontos. Eram quatro juízes e naquela época não descartava nenhuma
nota. Invadiram a água, invadiram o palanque. Ficou aquele burburinho e quem
foi o xerife da história? O Bocão.”
Bocão falou: “Ele tem a opinião dele, ele é juiz. Ele tá
dando a nota, é o Paulo Issa.” Foi o que segurou, porque o pessoal ia virar o
palanque. Ele foi um escudeiro ali – comentou Paulo Issa.
Como foi resolvida essa situação? Acabaram “repescando” os
terceiros resultados e chamaram mais outros surfistas... E o campeonato, ao
invés de terminar neste final de semana, acabou sendo adiado para o seguinte.
Paulo Issa ainda acrescenta: “Os problemas de julgamento eram
grandes. Foi em um lugar neutro - Ubatuba, que os eventos conseguiram crescer. Em
Saquarema a gente se sentia totalmente coagido, você tinha que dar nota porque
o cara estava gritando ali. A credibilidade do evento ficava comprometida.” Problemas
desse tipo dificultavam que o surf angariasse mais patrocinadores.
JULGANDO EM CADEIRÕES – OS IRMÃOS ISSA E PENHO, EM UBATUBA.
FOTO KLAUS MITTELDORF
Nem todas as situações complexas tiravam o brilho destes
belíssimos campeonatos. O trecho abaixo foi tirado do BLOG DataSurf:
http://www.datasurfe.com.br/
Vale a pena dar uma navegada por ele - MUITOS RESULTADOS.
Festival de Surfe de Saquarema
76
Local: Itaúna, Saquarema (RJ)
Data: 21 a 23 de maio de 1976
Resultado
1. Daniel Friedmann (RJ)
2. Paulo Proença (RJ)
Local: Itaúna, Saquarema (RJ)
Data: 21 a 23 de maio de 1976
Resultado
1. Daniel Friedmann (RJ)
2. Paulo Proença (RJ)
Informações complementares:
Foi a segunda edição da competição em Saquarema.
Nelson Motta organizou um festival de música - Som, Sol e Surf - que reuniu público de 30 a 40 mil pessoas; considerado o "Woodstock brasileiro". Houve apresentações de Raul Seixas, Bixo da Seda, Made in Brazil, Rita Lee & Tutti Frutti, Flamboyant, Ronaldo Rosedá y Banda e Flavio y Spiritu Santo.
Segundo a revista Música (nº 2, julho/1976), "com cerca de dez mil habitantes, Saquarema foi sacudida de repente por 40 mil pessoas, de muitos lugares diferentes, atraídos por dois grandes acontecimentos: o 2º Campeonato de Surf, que escolheu um campeão para representar o Brasil no Havaí, e o 1º Festival de Rock (...) Rita Lee só chegou no domingo, de avião, e encerrou o festival (...) com o lançamento de músicas do novo LP (Entradas e Bandeiras) (...) Raul Seixas apresentou-se no sábado, fez uma apologia ao diabo e um discurso que sacudiu a multidão."
Foi a segunda edição da competição em Saquarema.
Nelson Motta organizou um festival de música - Som, Sol e Surf - que reuniu público de 30 a 40 mil pessoas; considerado o "Woodstock brasileiro". Houve apresentações de Raul Seixas, Bixo da Seda, Made in Brazil, Rita Lee & Tutti Frutti, Flamboyant, Ronaldo Rosedá y Banda e Flavio y Spiritu Santo.
Segundo a revista Música (nº 2, julho/1976), "com cerca de dez mil habitantes, Saquarema foi sacudida de repente por 40 mil pessoas, de muitos lugares diferentes, atraídos por dois grandes acontecimentos: o 2º Campeonato de Surf, que escolheu um campeão para representar o Brasil no Havaí, e o 1º Festival de Rock (...) Rita Lee só chegou no domingo, de avião, e encerrou o festival (...) com o lançamento de músicas do novo LP (Entradas e Bandeiras) (...) Raul Seixas apresentou-se no sábado, fez uma apologia ao diabo e um discurso que sacudiu a multidão."
Rogerio Martin disse...
Este campeonato foi a minha primeira viagem para surfar, alias a minha
primeira viagem sem meus Pais, tinha 14 anos na época. E a final ficou gravada
em minha memória, uma disputa incrível entre Otavio Pacheco e Daniel Fridemann,
o mar estava enorme, 3 metros lá na laje. Após tocar o sinal de final de
bateria os dois desceram uma onda juntos e foram trocando de posição até o meio
da Praia. Foi demais.
REPRODUÇÃO
DE PÁGINAS DA BRASIL SURF
DE VOLTA A UBATUBA
Depois que os campeonatos de Saquarema deram um breque os
eventos de Ubatuba voltaram para os últimos anos da década, com patrocínio de
empresas como a US Top (Alpargatas) e da Yamaha (motos).
VISUAL ESPORTIVO NÚMERO 1
MATÉRIA DE 1 PÁGINA
MATÉRIA DE 1 PÁGINA
Festival Brasileiro de Surf de Ubatuba (SP)
1978 Otávio Pacheco (RJ)
2º Cauli Rodrigues (RJ)
2º Cauli Rodrigues (RJ)
3º Ricardo Bocão (RJ)
4º Jean Noel (RJ)
5º Rico de Souza (RJ)
6º Cacau Falcão (RJ)
ITAMAMBUCA 1978, TARGÃO, CAULI E PAULO TENDAS. EXTRAÍDOS DA BRASIL SURF.
1979 Cauli Rodrigues (RJ)
2º Dodo Von Sydow (SP)
3º Rico de Souza (RJ)
4º Roberto Valério
5º ?
6º
PÓDIO DE 79, CAULI NO TOPO
1980 Paulo Rabello (SP)
2º Paulo “Pateta” Costa (RJ)
3º Cisco Araña (SP)
4º Paulo Tendas (SP)
PAULO RABELLO, PRIMEIRO SURFISTA DE SÃO PAULO A VENCER O FESTIVAL NACIONAL DE UBATUBA, ASSUNTO PARA CAPÍTULO FUTURO
A década de 80 e seus eventos, serão foco de capítulos
futuros.
A CONSTRUÇÃO DESTE CAPÍTULO – E DE TODOS OS OUTROS QUE
ENVOLVEM COMPETIÇÕES E RESULTADOS, ESTÃO SUJEITOS A UM PROFUNDO CRUZAMENTO DE
INFORMAÇÕES
Nossa ... Muito legal o seu blog... Sou surfista...nasci em 1955, vivi essa tempo, so que, no Arpoador...Tinha uma prancha da época, uma mini-model do Parreira... de São Conrado a qual lamentavelmente me roubaram... adorei rever um pouco daquele tempo... Abraços...
ResponderExcluirTambém tive uma São Conrado (tem fotos dela na quarta postagem que fiz neste blog: http://surfdragonblog.blogspot.com.br/2013/04/reliquias-preservadas.html ). Aguarde mais novidades HISTÓRICAS em breve...
ExcluirExcelentes explanações, revigora as raízes do surf brasileiro.
ResponderExcluirProcuro revistas esportivas que cobriram a adição do campeonato de surf de saquarema de 1978. Praia de Itaúna
ResponderExcluirPor favor teria a classificação (os 8 primeiros) do Campeonato Brasileiro de Ubatuba em 1981? E quem era o principal patrocinador deste evento? Não acho em lugar nenhum. Agradeço atenção... VIVA O SURF
ResponderExcluirTenho poster do 6 campeonato em perfeito estado , 21 969178212 Pessanha
ResponderExcluirTenho o 1 poster do campeonato de 1977 esta a venda , aceito oferta
ResponderExcluirPara fins de registro histórico e fui testemunha presencial, quem fez a final no ano de 1973, em Itamambuca foi o Horácio Moraes, também conhecido à época como Horácio Cocada da cidade de Santos. Jacui
ResponderExcluirJacui tambem conhecido como Fábio Antonio Boturão Ventriglia
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