Brasil no
topo – IPS \ ASP \ WSL
A temporada
2015 da WSL está comprovando a sedimentação da força da Brazilian Storm. A
festa, sem precedentes, com a vitória de Filipinho Toledo no Oi Rio Surf Pro,
na Barra da Tijuca, vem coroar uma sequência de fatos que remonta à origem do
profissionalismo no surf.
Voltemos a
1976, quando foi criada a IPS. Refletindo sobre toda esta história, visualizo
quatro gerações distintas do surf profissional brasileiro.
DANIEL FRIEDMANN E PEPÊ LOPES
CAMPEÃO E VICE DO WAIMEA 5000 DE 1977
FOTO: FEDOCA
PROJETO GRÁFICO DE FERNANDO MESQUITA
PARA CAPA DO LIVRO A SER LANÇADO NO FINAL DE 2018
Quando foi
criado o primeiro Circuito Mundial de Surf Profissional, concebido pelos havaianos
Fred Hemmings e Randy Rarick, o Brasil já estava na programação com uma das
etapas da IPS.
E pudemos
mostrar serviço com as vitórias de Pepê em 1976 e Daniel em 1977 no Waimea
5000. Ao lado de Rico de Souza, Otávio Pacheco e outros expoentes do surf brasileiro nos
anos 70, eles criaram as fundações, o alicerce para a estruturação do surf
profissional no Brasil.
2 ª GERAÇÃO
Nos anos 80
podemos destacar dois surfistas como sendo os protagonistas de uma “geração
perdida”, pois ainda não havíamos nos estruturado para colocar nossos atletas
lutando de igual para igual dentro da elite.
Cauli
Rodrigues e Picuruta Salazar, caso tivessem o apoio necessário de patrocínios para estarem focalizados em treinar e disputar
todas as etapas da IPS, tinham potencial para estar entre os TOP 16. Ambos tinham
uma batida de backside tão boa (ou melhor) como a dos melhores de seu tempo e
uma atitude instintiva surfando tubos de frontside.
CAULI CAPA DA VISUAL EM 1981
FOTO: NILTON BARBOSA
PICURUTA VENCEU O OP PRO DE 1985 NA
JOAQUINA
FOTO: BRUNO ALVES
Ao lado de
outros atletas como Mauro Pacheco, Roberto Valério, Valdir Vargas, Fred d’Orey, os irmãos
Matos, da praia do Tombo, poderiam ter chegado mais longe no ranking, com a
estrutura e entendimento que temos hoje.
Na verdade o
Brasil ficou afastado do World Tour de 1982, quando tivemos o último Waimea
5000, no Rio; e o Hang Loose Pro Contest de 1986, na praia da Joaquina.
Exceto os
surfistas que conseguiam viajar para disputar ALGUMAS das etapas do tour,
ficamos distantes do nível que MR, Carroll e Curren começavam a dar ao surf
profissional. Em 1983 nasceu a ASP, mais estruturada que a IPS. Com premiações
crescentes e mais etapas pelo mundo. Um circuito caro.
Nossos
esforços internacionais eram esporádicos. Pepê Cezar e Eraldo Gueiros foram os
únicos brasileiros, por iniciativa própria, a disputar o Mundial da ISA, na
Califórnia, em 1984. Renato Phebo conseguiu um patrocínio da British Airways
para correr o World Tour da ASP. Muitos talentos nacionais não tinham como ir.
Em 1988, com
a participação retumbante da equipe brasileira no Mundial da ISA em Porto Rico,
a coisa começou a mudar, sentimos nosso potencial.
3 ª GERAÇÃO
Para representar
nossa terceira geração os nomes de Fabinho Gouveia e Teco Padaratz compõem a
linha de frente.
FABIO GOUVEIA VENCEU O HANG LOOSE PRO
CONTEST DE 1990, NO GUARUJÁ
E MAIS 3 ETAPAS DA ELITE DA ASP ATÉ
1992
FOTO DE AGOBAR JUNIOR PARA CAPA DA
INSIDE DE 1997
TECO PADARATZ EM CAPA DA HARDCORE DE
1991
VENCEDOR DO ALTERNATIVA NA BARRA DA
TIJUCA
FOTO: AGOBAR JUNIOR
Nos anos 90
o time brasileiro foi crescendo no cenário da ASP, chegamos a ter 11 atletas na
elite na temporada de 2001. Além de Teco e Fabinho, Victor Ribas (que chegou a
ser o terceiro do mundo no ranking final), Peterson Rosa, Ricardo Tatuí e Neco
Padaratz chegaram a vencer etapas nos anos 90.
Durante toda
esta década e a seguinte, a primeira dos anos 2000, não tivemos nenhum atleta
que entrasse na disputa por um título mundial, nem liderando o ranking.
A 4@ ONDA - BRAZILIAN
STORM
A década de
10 veio com uma geração iluminada para o surf brasileiro. Adriano de Souza
entrou para a elite em 2005, foi o mais jovem na época, praticamente vindo no
rastro de Gouveia, Peterson e dos irmãos Padaratz. Atingiu maturidade
competitiva. Hoje é o veterano de nosso time. A partir de 2008 se colocou entre os Top 10 e agora vem para o seu
melhor ano.
ADRIANO MINEIRINHO ASSUMIU A CAMISETA
AMARELA DO LÍDER DO RANKING NA ETAPA DE MARGARET RIVER E REMA PARA FIJI NO TOPO
FOTO CESTARI \ WSL
GABRIEL MEDINA ÚLTIMO CAMPEÃO MUNDIAL
DA ERA ASP
EM TEAHUPOO, NO ANO PASSADO, VENCEU
UM DOS CAMPEONATOS MAIS ESPETACULARES DE TODA A HISTÓRIA DO SURF
AQUI SURFANDO NA BARRA DA TIJUCA
NEM PENSEM QUE ELE PERDEU O FOCO!
FOTO: DANIEL SMORIGO
FILIPE TOLEDO ATINGIU UM PADRÃO DE SURF
ASSUSTADOR
SUAS VITÓRIAS RECENTES FORAM
INCONTESTÁVEIS
FOTO: HENRIQUE PINGUIM
O que
acontece agora, em 2015, é inédito na história do esporte. Um país do terceiro
mundo, fora do eixo Hawaii \ Califórnia \ Austrália, toma de assalto a linha de
frente da recém formada Liga Mundial de Surf.
Há poucos
anos Adriano de Souza foi o primeiro brasileiro a liderar o ranking da elite
masculina. Com uma consistência impressionante lidera a tropa, que tem em
segundo lugar na corrida pelo título do CT, outro brasileiro: Filipe Toledo.
Ambos com uma margem confortável.
A
consistência durante as sete etapas restantes será um fator chave para definir a briga
pela taça ao final de primeira temporada da WSL.
Não podemos
descartar o defensor do título, Gabriel Medina, que entra em uma sequência de
eventos favorável nos tubos de Pacífico Sul e deve saltar para os Top 5 em
breve. Para Kelly Slater, Mick Fanning, John Florence e os outros gringos é a
hora de encostar para tentar abrir espaço no olho da tempestade.
Como último
destaque é importante sublinhar estas performances de Filipe Toledo. Foram 4 eventos: o O’Neill de Maresias, o Quiksilver Pro da Gold Coast, Oakley 10000 de Trestles e agora o Oi Rio
Pro, em que ele simplesmente entrou na competição com uma performance, um tipo
de atitude NÃO TEM PARA NINGUÉM. Coisa que Slater, Curren, Pottz, Andy Irons e poucos
outros..., conseguiram imprimir em temporadas já distantes.
O fator
chave será a consistência e a capacidade de Mineirinho, ou Filipinho, se
manterem na ponta, ou arrancarem com ainda mais força para uma temporada
avassaladora.
Essa
história está sendo escrita neste exato momento e fará parte do livro A GRANDE
HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, com previsão de lançamento para o final deste ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário