Valorizando
nossas realizações pioneiras
Na postagem
anterior deste blog foi apresentado um trecho da entrevista com Ricardo Bocão,
explicando sobre o seu processo criativo ao inventar as pranchas de 4 quilhas.
Vamos trazer à luz mais alguns acontecimentos em que surfistas brasileiros tomaram uma
frente influente, pioneira, e arrojada na evolução do surf.
ABERTURA DE UM DOS EPISÓDIOS DA SÉRIE
“MAD DOGS” DO CANAL OFF
FOTO TIRADA COM CELULAR
O filme original, mais a brilhante série dirigida por Roberto Studart, também coloca alguns pingos nos “is”, em importantes acontecimentos históricos do surf, ao dar o verdadeiro valor aos surfistas brasileiros (baianos) que transformaram a abordagem da onda de Peahi, em Maui, de tow-in para surf na remada.
Mas esta é a
mais recente das façanhas de brasileiros que irei destacar aqui. Selecionei 6
MOMENTOS, das seis últimas décadas, para dar um destaque. Estes são apenas
alguns dos fatos isolados que tem a sua significativa perspectiva e serão abordados
no livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, projetado para ser lançado em
2016.
ANOS 60
PENHO E A PRIMEIRA MINI MODEL
PENHO E A PRIMEIRA MINI MODEL
Carlos
Eduardo Siqueira Soares, foi o primeiro surfista brasileiro a se jogar para
surfar no Hawaii, isso em 1967. Disputou o extinto e antológico campeonato de
Makaha. Só que o ato pioneiro e transformador dele foi trazer a primeira
prancha MINI MODEL para a América do Sul.
PENHO DE AZUL E OS AMIGOS PERUANOS
GORDO E FLACO BARREDA
REPRODUÇÃO DE FOTO DO ARQUIVO PESSOAL
DE PENHO
Aqui no Brasil ele conheceu e recebeu bem alguns amigos peruanos. Quando ele chegou no Peru foi recebido pela família Barreda, de alguns dos melhores surfistas de lá. O Peru já tinha uma tradição no surf, em 1965 Felipe Pomar venceu o World Contest, realizado em Punta Rocas e que contou com grandes surfistas do Hawaii, Austrália e Califórnia. Até 1967 o surf era praticado em pranchões.
Na temporada
1967 \ 68, já no Hawaii, Penho tomou contato com Bob McTavish, Nat Young, outros australianos e
os shapers havaianos que aderiam ao movimento - Shortboard Revolution. Com a ajuda de John Mobley, que
trabalhava na Pacific Surfboards, Penho produziu uma 7’2”.
DETALHE DAS PRANCHAS EM LIMA NO PERU
AS DUAS DAS PONTAS FORAM AS QUE PENHO
TROUXE PARA O BRASIL
A MINI MODEL É A MENOR DA DIREITA
NA PONTA ESQUERDA UMA “BABY GUN” QUE
ELE FEZ DEPOIS QUE PARTIU AO MEIO UMA IGUAL NO HAWAII
As três pranchas que estão no meio Penho ajudou e ensinou seus amigos peruanos a produzir. Flaco Barreda fez as primeiras mini models do Peru. No Brasil a chegada de Penho provocou a transição para um novo tipo de surf, no qual ele foi protagonista, uma espécie de guru, para a nova geração que passou a evoluir no ambiente das “pranchinhas”.
ANOS 70
A ERA DO PATROCÍNIO COMEÇOU NO BRASIL
A ERA DO PATROCÍNIO COMEÇOU NO BRASIL
Outro importante
ato de pioneirismo, foi a busca pelos primeiros patrocínios. As pranchas eram
limpas, tinham a marca do fabricante, um raio das pranchas Lightning Bolt.
Entre os finalistas do Pipeline Masters em 1976, o brasileiro Pepê Lopes era o
único que trazia um logo na prancha.
ACIMA, REPRODUÇÃO DE PÁGINA DO LIVRO DE ALEX GUTENBERG
PUBLICADO PELA EDITORA AZUL (FLUIR) EM 1989
ABAIXO, DETALHE DE PÁGINA DO PERFIL DE PEPÊ LOPES EM UMA REVISTA BRASIL SURF DO INÍCIO DE 1977, COM O LOGO DO JORNAL DO BRASIL EM DESTAQUE
PUBLICADO PELA EDITORA AZUL (FLUIR) EM 1989
ABAIXO, DETALHE DE PÁGINA DO PERFIL DE PEPÊ LOPES EM UMA REVISTA BRASIL SURF DO INÍCIO DE 1977, COM O LOGO DO JORNAL DO BRASIL EM DESTAQUE
É
interessante destacar que foi na temporada 1976\77 que os australianos formaram
a equipe “Bronzed Aussies” o time original era composto por Mark Warren,
vencedor do campeonato Smirnoff em Sunset Beach; Ian Cairns que venceu a World
Cup, em Haleiwa; e Peter Townend, primeiro campeão mundial da IPS. Só a partir de 1977 eles passaram a colocar o brazão da equipe na prancha, mas não havia nenhum patrocínio. Em dezembro de 1976 Pepê chegou com patrocínio (de bico) no Hawaii.
Ainda estou fazendo um cruzamento minucioso com as revistas importadas de minha coleção e as Brasil Surf para verificar as primeiras fotos publicadas e datas em que surfistas colocaram logomarcas (que não de fabricantes de prancha) como a principal.
No ano de
1978 o diretor da Brasil Surf, Alberto Pecegueiro, fez uma reportagem
destacando esse fenômeno no Brasil. O fato que fica claro é que esta primeira
geração de profissionais brasileiros foi pioneira na magnitude da captação de
patrocínio, em uma época anterior ao crescimento da importância da surfwear.
REPRODUÇÃO DE ABERTURA DA MATÉRIA
PUBLICADA NA EDIÇÃO DE JULHO \ AGOSTO DE 1978
PUBLICADA NA EDIÇÃO DE JULHO \ AGOSTO DE 1978
PÁGINA DA BRASIL SURF COM CAULI
RODRIGUES (RADIO CIDADE) ACIMA E AS DUAS EMPRESAS DE REFRIGERANTES COM OTÁVIO
PACHECO E DANIEL FRIEDMANN, ABAIXO
FOTOS DE NILTON BARBOSA
ANOS 80
ORGANIZAÇÃO DE CAMPEONATOS “MODELO”
ORGANIZAÇÃO DE CAMPEONATOS “MODELO”
Na segunda
metade dos anos 80 com o retorno do circuito mundial ao Brasil e a formação da
Abrasp a partir de 1987, começamos a realizar competições (festivais) de surf
cada vez mais bem organizados e estruturados.
O SUNDEK CLASSIC DE 1988 PASSOU DE UM
EVENTO ABRASP, PARA UMA ETAPA DA ASP, VALENDO PONTOS PARA O TÍTULO MUNDIAL. FOI
MONTADA UMA GRANDE ARQUIBANCADA EM ITAMAMBUCA QUE LOTOU
A grande
razão para esta excelência em termos de realização de campeonatos se deu em
função do surgimento de uma geração de profissionais que buscaram um
aperfeiçoamento na montagem destes eventos. Desde Paulo Issa em Ubatuba,
passando pelos cariocas Arnaldo Spyer e Roberto Perdigão, que seguiram para o
Sul e se juntaram a Flávio Boabaid, ganhando a colaboração de produtores como Dany
Boi, tudo viabilizado pela visão dos empresários da surfwear brasileira como
Sidão, Alfio, Fico, Zé Roberto Rangel, os irmãos Rego e Ermínio Nadin que deram
o suporte para que passássemos de copiar as estruturas internacionais, para
gerar modelos e magnitudes que foram copiadas mundo a fora. Fizemos escola
nesse quesito.
REPRODUÇÃO DE PÁGINA DA REVISTA INSIDE
COM FLÁVIO BOABAID NO MEGAFONE (À ESQUERDA), SIDÃO E ROBERTO PERDIGÃO COM SEU CLÁSSICO BIGODE, MAIS AO FUNDO
FOTOS: FLÁVIO VIDIGAL
COM FLÁVIO BOABAID NO MEGAFONE (À ESQUERDA), SIDÃO E ROBERTO PERDIGÃO COM SEU CLÁSSICO BIGODE, MAIS AO FUNDO
FOTOS: FLÁVIO VIDIGAL
ANOS 90
WEBCASTS, INVENÇÃO BRASILEIRA
WEBCASTS, INVENÇÃO BRASILEIRA
Neste blog
já fiz uma postagem sobre o trabalho da Beach Byte e as inovações que tiveram
sua origem com uma turma de Niterói, Mano Ziul, Celsinho e Alexandre Cury.
Vejam um pouco desta história no link abaixo:
http://surfdragonblog.blogspot.com.br/2014/11/evolucao-dos-webcasts.html
http://surfdragonblog.blogspot.com.br/2014/11/evolucao-dos-webcasts.html
EM 2006, NO EVENTO BILLABONG GIRLS EM
ITACARÉ, FOI INAUGURADO O SISTEMA DE REPLAY PARA OS JUÍZES. À ESQUERDA O TERMINAL
PARA DIGITAR AS NOTAS E DO LADO DIREITO O MONITOR PARA CADA JUIZ VER O SEU
REPLAY SEM PERDER A ATENÇÃO DA ÁGUA.
ANOS 2000
MÁQUINAS DE SHAPE ESPALHADAS PELO GLOBO
MÁQUINAS DE SHAPE ESPALHADAS PELO GLOBO
Ainda nos
anos 90 o surfista, médico e shaper das Surface Surfboards, Luciano Leão,
começou a conceber a máquina DSD (Digital Surf Designs), nos anos 2000 o
invento se provou tão eficiente e funcional que era a máquina instalada em
maior quantidade pelo mundo afora.
IMAGEM FEITA COM MEU CELULAR DA
MÁQUINA SURF CAD – DSD
REPRODUÇÃO DO FILME “LINHAS, ARCOS
& CURVAS” DE PEDRO CEZAR
Todos estes
episódios e a evolução natural deles serão abordadas com maior profundidade e
de forma mais elaborada no livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, este
blog, que vai funcionar em paralelo com a produção e o lançamento do livro,
estará registrando diversas informações que ficarão disponíveis para pesquisa
dos interessados.
Para
finalizar esta postagem, o assunto (façanha) mais recente e que me deu a ideia
do título. Peguei apenas seis temas, distribuídos por seis diferentes
décadas, mas que podem encher de orgulho todos os surfistas brasileiros por sua
representatividade no cenário internacional.
ANOS 10
OS MAD DOGS E A REMADA EM JAWS
OS MAD DOGS E A REMADA EM JAWS
Danilo Couto
venceu o prêmio Billabong XXL em 2011 e continuou atacando as ondas de Jaws, para a
esquerda e para a direita, com ou sem patrocínio, ao lado de seus corajosos amigos
da Bahia, Márcio Freire e Yuri Soledade.
DANILO COUTO INSCRITO NA CATEGORIA
MAIOR ONDA NA REMADA EM TEMPORADA RECENTE. FOTO: FRED POMPERMAYER
O filme Mad
Dogs gerou grande polêmica por seu nome não estar na lista dos convidados para o
evento de Peahi da WSL. Ele sempre foi um dos maiores destaques lá nas sessões
de remada. Este ano ele ainda está como um dos primeiros alternates do
Quiksilver – In Memory of Eddie Aikau. A expectativa é que Danilo Couto consiga participar dos dois eventos, caso aconteçam.
DANILO COUTO EM ENTREVISTA AO
FOTÓGRAFO BRUNO LEMOS PARA O CANAL WOOHOO. ELE ESTÁ DE PATROCÍNIO NOVO E PRONTO PARA AS BOMBAS
OS MAD DOGS ORIGINAIS: YURI SOLEDADE, MÁRCIO FREIRE E DANILO COUTO
FOTO: RICARDO CALIL, EXTRAÍDA DO SITE GLOBALGARBAGE.ORG
As incríveis
aventuras dos surfistas brasileiros nas ondas grandes e seus big riders serão
temas deste blog em diversas ocasiões. Lembrando os feitos do passado e também
trazendo a concretização de sonhos de superação atuais, simplesmente porque a
história nunca acaba de ser escrita.
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