MAIS UM TÍTULO MUNDIAL PARA O BRASIL
E como virou hábito aqui, dicas: 1 disco, livro, filme
Nosso herói
da vez foi Ryan Kainalo, campeão mundial sub 18 da ISA, o antigo mundial
amador. O pai de Ryan, Alex Miranda, além de bom surfista tornou-se um
competente cineasta e será reverenciado neste blog em futuro indeterminado. As
gerações de surfistas brasileiros, sempre apaixonados, continuarão a fazer a
diferença.
RYAN FOI CAMPEÃO DA CATEGORIA
PRINCIPAL EM 2023
O BRASIL FOI CAMPEÃO POR EQUIPES NESTE EVENTO
Não me
furtarei a sempre trazer uma perspectiva histórica neste blog e falando dos
mundiais da ISA (International Surfing Association), que anteriormente foi
fundada como ISF e era uma federação, responsável pela realização dos primeiros
mundiais de surf a partir de 1964, quando o australiano Midget Farrelly, venceu
em Manly Beach, sendo considerado o primeiro campeão mundial da federação,
podemos dizer... oficial da história. O surf ainda era um esporte apenas amador.
Estes
campeonatos World Surfing Championships eram realizados a cada dois anos, em
1972 ocorreu um último evento amador de abrangência, com a maioria dos principais
surfistas da época participando. Foi realizado em San Diego na Califórnia e
vencido pelo havaiano Jimmy Blears, que mais tarde ocuparia a cadeira do
principal salva-vidas escalado para a torre de Sunset Beach no Hawaii. Em 1975
começaram a pensar na criação de um circuito mundial profissional, o que se
concretizou em 1976 com o australiano Peter Townend sendo sagrado o primeiro
campeão profissional da nova IPS, organização Internacional do Surf
Profissional.
A partir dos
anos 1980 a ISA passou a estruturar campeonatos amadores cada vez mais
importantes, inclusive tendo campeões como o californiano Tom Curren, que
venceu em 1982 e depois seria tricampeão profissional em 1985, 86 e 1990. O
Brasil passou a participar com uma tímida equipe em 1984, mandou o primeiro
time organizado para a Inglaterra em 1986 e atingiu a glória e a percepção de que
poderíamos chegar mais longe em 1988, no mundial de Porto Rico, ocasião em que
já ficamos em terceiro lugar por equipes.
CESAR “FERRUGEM” BALTAZAR E PEPÊ CEZAR NA CALIFÓRINIA EM 1984. OS ATLETAS DE NOSSO TIME ERAM PEPÊ E ERALDO GUEIROS
FERRUGEM ATUOU COMO COACH DA “EQUIPE”.
FOTO: ACERVO PEPÊ CEZAR
JÁ EM 1988, NAS ÁGUAS DE PORTO RICO.
FOTO: BETO ISSA
TEMOS A FOTO EMBLEMÁTICA DE TECO E
FABINHO QUE TROUXE O PRIMEIRO TÍTULO MUNDIAL DE SURF PARA O BRASIL
A participação
brasileira nos mundiais amadores será relatada no quarto volume da coleção de
livros: “A Grande História do Surf Brasileiro”. Mas vamos agora às...
AS BAFORADAS DO DRAGÃO
UM DISCO
UM LIVRO
UM FILME
UM DISCO – DARK SIDE OF THE MOON – Pink Floyd
Esse é um
daqueles álbuns que são uma unanimidade entre os apreciadores do rock
progressivo. Lançado em 1972 é uma espécie de um divisor de águas no trabalho
da banda. Não que os discos anteriores não tenham sido obras irmãs, primas,
gêmeas, prenúncios do que estava acontecendo e por vir. Aqueles conjuntos
ingleses que entraram no radar após a explosão dos Beatles e dos Rolling Stones,
começaram a produzir peças de criatividade e novidade de tirar o fôlego. A
começar por Disraeli Gears do Cream em 1967; Tommy, a primeira ópera rock com
The Who em 1969; Tick as Brick do Jethro Tull; o Led Zeppelin IV; o Yes, Emerson, Lake & Palmer, os
Moody Blues, os rifs do Deep Purple, as fusões de três guitarras do Wishbone
Ash... Álbuns selecionados droparão aqui ao longo dos próximos meses, mas neste
post falaremos do Pink Floyd.
Quero deixar
claro, escolhi este LP do Floyd por uma sinergia com o filme escalado para este post com detalhes logo a seguir, mas meu disco preferido do Pink Floyd é “Wish You
Were Here”, aquele com a capa branca e dois executivos se cumprimentando e em
chamas. Nada escrito na capa. Mas Dark Side of The Moon acabou sendo o mais
cultuado. O fato é que a montagem com a sequência das faixas de Dark Side, os
aspectos criativos e inusitados que foram introduzidos neste álbum o colocam em
uma classe única, um verdadeiro transporte viajante por uma era maravilhosa da
música.
CAPA DO DOCUMENTÁRIO SOBRE O DISCO
A série da
produtora Eagle Rock, que levou a alcunha CLASSIC ALBUMS, distribuída aqui no
Brasil em DVDs com a devida tradução em legendas pela ST2 Vídeo e também esteve
presente com diversas reprises no canal de TV a cabo BIS, também é uma obra
prima em termos de documentários e mostra de forma magistral, com depoimentos
dos quatro integrantes da banda neste LP e também do genial engenheiro de som
Alan Parsons, que acabou criando um projeto com seu próprio grupo, Alan Parsons Project.
Cada uma das
músicas do disco é destrinchada e o processo de construção das faixas, os novos
recursos que utilizaram numa época em que tudo era mais artesanal e analógico é explicado por diversos dos envolvidos no trabalho. Ficam então aqui duas recomendações o LP e o DVD com
o documentário sobre o disco. Foram músicas que entraram por nossos poros e até hoje despertam sensações especiais a cada nova audição, seja esporadicamente no
rádio, em coletâneas, ouvindo o disco na íntegra ("o lado A e o lado B" como tão bem destacou meu brother e legend Tico Cavalcanti no filme 70 E TAL), seja em vinil ou através do
streaming, ou nos arrepiando em trilhas sonoras como a que será sugerida a
seguir.
UM LIVRO – DA BULL - LIFE OVER THE EDGE – Greg Noll
Uma
verdadeira pena, este livro nunca ter saído traduzido em português, mas vamos
lá, para quem consegue captar o entendimento em inglês as histórias de Greg
Noll nesta biografia de 1989 é um relato do verdadeiro espírito do surf. Da
Bull (O Touro) o apelido como ficou conhecido por seu estilo de ataque às
ondas, descendo montanhas com carga total, segurando avalanches de água em suas
costas em Waimea Bay. Noll é um contador de histórias fantástico e carismático
(ao falar), mas para escrever buscou o auxílio da autora Andrea Gabbard, de
outros livros de surf e montanhismo.
As histórias que Greg seleciona e conta, com minúcias, são fascinantes. No início do surf em sua carreira na Califórnia, Greg era um cara magro, super atlético e forte, ao viajar para o Hawaii ficou obstinado por ondas grandes. Produziu filmes de surf, atuou como dublê, fabricou famosas pranchas, um modelo especial em parceria com o amigo Miki Dora e abandonou o surf jovem, praticamente no auge, depois de surfar um mar gigante. Momentos, histórias, rituais, atos pioneiros que merecem ser conhecidos.
GREG NOLL EM VISITA AO BRASIL RODEADO
PELOS PIONEIROS DE SANTOS DURANTE O FESTIVALMA DE 2010 NO PAVILHÃO DA BIENAL EM SAMPA
Os relatos de suas principais aventuras: o primeiro dia em Waimea Bay no ano de 1957; o dia em que ele e o amigo Mike Stange entraram sozinhos para surfar Pipeline quebrando no terceiro reef (a capa de seu livro é uma foto de John Severson deste dia), em um de seus filmes há ele descendo uma onda fora de controle, com prancha inadequada para Pipeline, até um wipeout medonho; e principalmente a detalhada descrição da experiência espiritual do dia em Makaha, durante o histórico swell de 1969. Momento não registrado, porém, uma idealização é a pintura do artista Ken Auster exibida na contracapa do livro.
CONTRACAPA DO LIVRO E A MÍTICA ONDA
SURFADA EM MAKAHA
UM FILME – 70 E TAL – Rafael Mellin
Há uma “escola” – fórmula, na produção de filmes\documentários que traz a narrativa de pessoas que viveram um determinado momento histórico e as imagens disponíveis, preservadas antigas, ou reproduzidas de forma criativa tentando emular as situações. O segredo está em como isso é apresentado, na inspiração e eloquência de quem conta as histórias, e principalmente na forma como tudo é montado, a execução do roteiro. O resultado de 70 E TAL superou toda e qualquer expectativa e acabou gerando uma nova série ambientada nos Anos 80. Além do filme de uma hora, diversos episódios de meia hora, com temas específicos e subdivididos em regiões, com cenas de surf atuais utilizando réplicas de pranchas, ou modelos originais preservados, tudo regado por uma trilha sonora escolhida à dedo. Isso deu um ar especial às duas séries concebidas por Mellin, a primeira lançada em 2013.
A série,
produzida em uma parceria do Grupo Sal com o Canal OFF da Globosat, geraram um
produto digno de prêmios internacionais. A direção de Rafael Mellin, suportado
por uma equipe fantástica em todas as esferas da produção de cinema, contando
ainda com o respaldo dos surfistas que viveram estes Anos 70. Uma trilha sonora
esplendorosa, a década ajudou muito nisso... BINGO. A magia estava deflagrada. E
assim foi. Acredito que
poucos surfistas não assistiram, ao menos partes do filme. Mas a recomendação
fica aqui para que a série completa seja assistida. Está na hora do canal OFF
montar uma retrospectiva especial. Com infinitas reprises, como de hábito. As cenas de
encerramento na praia da Guarda do Embaú, como a música Time do Pink
Floyd dão lugar aos créditos e àquela vontade de quero mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário