TRANSIÇÃO DE DÉCADAS
A virada da década de 1970 para os anos 80 foi radical
Neste momento
estou trabalhando na redação do VOL. 2 de minha obra. Embora o conceito que dei
para meus livros tenha fugido de uma narrativa linear, há um fio condutor
através das eras de campeonatos e pela idade dos ícones que apresento em cada
um dos livros.
DANIEL
FRIEDMANN SURFANDO NO WAIMEA 5000
NOS ANOS 70 O PÚBLICO TOMOU AS PEDRAS
DO ARPOADOR DE FORMA JAMAIS VISTA EM ANOS FUTUROS
O capítulo
que contou a história dos Waimea 5000 fechou o primeiro dos cinco volumes. O
segundo livro vai parar (em termos de campeonatos) no ano de 1986, no momento
em que o circuito mundial finalmente volta ao Brasil com a realização do primeiro
Hang Loose Pro Contest. A criação da Abrasp e da Abrasa, as associações de surf
profissional e amador, ocorrida em 1987, vai ficar para o terceiro volume.
Além do Hang
Loose, o segundo volume da série vai trazer um capítulo grande sobre todos os
campeonatos realizados no início dos anos 1980, em Saquarema, Ubatuba, em seguida no Nordeste, reforçados pelos Festivais Olympikus que introduziram a praia da Joaquina (SC)
no circuito de grandes campeonatos de surf a partir de 1982. Em 1985 este
evento deu lugar ao primeiro OP PRO, um marco em termos de organização,
tamanho, número de inscritos e astral em um evento de surf.
PÚBLICO AMONTOADO NA PRAIA DA
JOAQUINA. A ATENÇÃO NÃO ESTÁ VOLTADA PARA O MAR POIS ERA HORA DO CAMPEONATO DE
BIQUINIS
O processo
de evolução, a velocidade com que tudo foi acontecendo nos anos 1980 foi
assombroso e refletiu não só no crescimento do surf como esporte, nas empresas
de surfwear no Brasil, mas também no estilo de vida e na atração de
simpatizantes que mergulharam neste “nosso” universo, na forma de vestir,
falar, no comportamento, na escolha das praias da moda ao redor do planeta.
Toda essa jornada,
que acaba nos levando a uma sequência de títulos mundiais na atualidade será
relatada ao longo dos 70 capítulos da coleção de livros: “A Grande História
do Surf Brasileiro”. Mas vamos agora às dicas prometidas e que farão parte
de cada nova postagem deste blog daqui pra frente.
AS BAFORADAS DO DRAGÃO
UM DISCO
UM LIVRO
UM FILME
UM DISCO –
FALSO BRILHANTE – Elis Regina
Vamos deixar
registrado aqui, os discos, livros e filmes que recomendarei neste blog serão
decisões de meu gosto e predileção particular. Em termos de música a
preferência dos surfistas sempre pendeu para os conjuntos de rock ingleses,
norte americanos e australianos. E este tipo de música estará em profusão por
aqui. Só o mel do mel. Mas não me furtarei de trazer a música brasileira para
que os leitores deste blog pesquisem, relembrem e desfrutem.
Bem, estamos
aqui nos anos 1970 e decidi falar sobre uma das maiores obras da história da
música. O LP Falso Brilhante, desta cantora que (quanto mais o tempo
passa) é louvada como uma das maiores do Brasil, digo mais... de toda história
da música no planeta, foi aclamado como um de seus melhores
trabalhos. O disco, seu décimo quarto álbum de estúdio, foi lançado em parceria com uma turnê de shows que levava o
nome do disco. Elis passeou, em termos de repertório, pela MPB, o jazz, o
samba e embora não tenha sido uma compositora, toda e qualquer música que escolhia
cantar, ela se apropriava da interpretação de cada uma das canções de forma
difícil de ser batida por qualquer outro interprete.
COMERCIAL DA VOLKSWAGEN CRIADO ATRAVÉS
DE IA EM 2023
ELIS E A FILHA MARIA RITA INTERPRETAM
MÚSICA DE BELCHIOR ORIGINALMENTE APRESENTADA NO LP FALSO BRILHANTE
O show do LP
Falso Brilhante, idealizado em forma de espetáculo teatral, ficou uma longa temporada no Teatro Bandeirantes, que
era localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio, perto do centro na capital
paulista. Assim que entrou em cartaz fui assistir e comprei o LP, naquele
formato de álbum, com muitas informações nas capas internas e externas.
O LP (LONG PLAY) FOI LANÇADO EM 1976
A banda que
suportou Elis Regina neste disco e no show era fantástica, com destaque para
seu marido na época, César Camargo Mariano e que literalmente arrepiava a plateia
na banqueta de um piano de cauda; outro destaque era o impressionante Natan Marques
operando a guitarra, um virtuoso; Wilson Gomes no baixo e percussão; Nenê na bateria; ainda
Crispim Del Cistia, multi-instrumentista que manejava teclados,
violões e contrabaixos e percussão.
Com minha
namorada que estudava administração de empresas na mesma classe da GV, fomos
três vezes assistir a este inesquecível show. Assim que foi lançado. Logo em seguida
de novo. E como as temporadas eram longas, creio que ficou mais de um mês em
cartaz, quando estava para desmontar seu picadeiro e partir para o RJ, fomos
uma terceira vez.
O espetáculo
foi construído em dois atos. A primeira parte era um histórico do início da
carreira de Elis, as músicas que a deixaram famosa em parceria com Jair
Rodrigues e standards incríveis que ela escolheu. No segundo ato as músicas
mais modernas, símbolos dessa fase, interpretações magistrais de composições de
Belchior, João Bosco, Chico Buarque. E a banda fazia um espetáculo de puro
rock’n’roll para fechar de forma apoteótica.
UM LIVRO – SURFE DESLIZANDO SOBRE AS ONDAS – Carlos Lorch
Este foi o
primeiro livro de surf impresso no Brasil, pela Editora Guanabara Dois, lançado
em 1980. Carlos Koogan Lorch futuramente seria um dos responsáveis pela
impressão da revista Surfer em português, por poucos anos, a partir do final daquela
década. O livro traz um breve histórico, as noções básicas do que é o surf, das
ondas ao redor do mundo, das grandes estrelas internacionais e traz um perfil
dos principais surfistas do Brasil no final dos anos 1970. Um registro
importante, escrito de forma didática, com muitas informações e apresentando um
esporte que cresceria de forma surpreendente na década que se iniciava.
PÁGINA DUPLA DE ABERTURA DE UM DOS
GRANDES CAPÍTULOS
DUPLA DA PARTE 3 COM OS AUSTRALIANOS
SIMON ANDERSON E TERRY FITZGERALD EM DESTAQUE. EM 1980 AS PRANCHAS DE 3 QUILHAS
AINDA NÃO HAVIAM SIDO INTRODUZIDAS POR SIMON
PÁGINA 54 DO LIVRO TRAZENDO UM PERFIL DE PAULO TENDAS DO GUARUJÁ (NO TOPO DA PÁGINA FALA SOBRE PEPÊ LOPES).
FOTOS: CARLOS LORCH
O livro é
dividido em quatro partes, na primeira um apanhado histórico sobre as origens
do surf, a formação das ondas, as pranchas e o nascimento do profissionalismo.
Na parte dois um apanhado sobre o surf no Brasil, a terceira parte trata das
viagens, das principais regiões e traz os surfistas internacionais mais
representativos. No epílogo possibilidades são lançadas sobre para onde poderia
caminhar o surfe ao final daqueles “embrionários” anos 70. Uma obra difícil de
encontrar, inclusive em sebos.
UM FILME – TERRAL – Klaus Mitteldorf
O fotógrafo
e cineasta Klaus Mitteldorf, apesar de uma breve carreira ligada ao surf, traz
alguns dos registros mais importantes de toda essa história, não só no Brasil,
como também em viagens internacionais. No meio dos anos 1980 ele já foi
enveredando pela carreira de fotógrafo de publicidade e ensaios fotográficos e
se transformou em uma estrela do ramo, com trabalhos autorais de assinatura única,
com criatividade, emoção e cor jorrando de suas imagens.
Nos anos
1970 os surfistas brasileiros aguardavam com ansiedade a chegada das exibições
de produções internacionais em escolas, garagens, auditórios selecionados e raras
salas de cinema. Dois filmes foram produzidos no Brasil – Nas Ondas do Surf,
do saudoso Maraca e Lívio Bruni, que chegou a ir para o circuito de cinemas em
1977, mas antes o primeiro foi Terral, de Klaus. Ele operava o projetor,
enquanto o amigo Miguel Calmon (pai da talentosa longboarder Chloé Calmon)
ficava na bilheteria. A parada era "roots" total.
No filme
Klaus viaja pelo Brasil, tem imagens internacionais e retrata de uma forma
quase que espiritual o estilo de vida dos surfistas. Essa foi uma atitude
corajosa e pioneira, em um momento que aqui e ali surfistas brasileiros
registravam ondas de amigos nas praias de casa, ou em viagens pelos litorais do Brasil, Peru,
Hawaii e além, com câmeras SUPER 8, esse era o meio disponível. A partir dos anos 1980 Mitteldorf mergulhou de cabeça na
fotografia como uma profissão rentável e praticamente abandonou as fotos de surf, mas não a paixão. Recentemente
sua veia de cineasta aflorou com o lançamento de Vou Nadar Até Você
(2020) e uma produção em curso sobre o Verão Das Latas. Vale aguardar.
Abaixo o
link de um teaser que Klaus Mitteldorf já disponibilizou na internet, ele está
trabalhando na restauração do filme que em breve estará disponível em versão
atualizada do autor.
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